quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Meus filhos

Tenho 2 filhos caninos, que são as coisas mais lindas deste mundo,
O Fuka é um lindo cocker, peludo e preto, com olhos de pidão e cílios imensos, um cachorro especial, inteligente e muito amigo, um excelente nadador, e pegador de bolinhas de frescobol, um esperto peludo que com um simples estalar de dedos percebe que aprontou alguma arte. Peteka é uma vira-lata gigante, com olhar doce e acha, ou melhor tem certeza que é um mini-poodle, me conquistou no momento que chegou em casa depois de passar fome na rua e ser largada como lixo por algum ser humano, pois mesmo sofrida da pouca vida que tinha, deitou no meu colo, comeu o que podia e o que cabia em sua barriga e encheu a boca e guardou num cantinho para mais tarde, uma neném que passou fome e aprendeu aos 2 meses de idade que existe futuro, futuro que conquistou dando amor.
Hoje é aniversário do Fuka, 4 anos, e como a Peteka deve ser do mesmo mês, estipulamos a mesma data, só que deve ter 2 anos agora.
Só queria imaginar o que eles pensam, porque eles me amam tanto, como eles conseguem estar sempre felizes, nunca terem depressão, tristezas nem nada que não seja curado no momento em que chego em casa e a festinha surpresa começa, com bolinhas, ossinhos, saltos, e lambidas.
Como um rabo abanando pode ter tanto significado? Como pode trazer tanta alegria ao ser humano. Só de ver aquele rabo abanando, ou aquele toquinho abanando, como este simples gesto faz com que eu pense: - Sou especial, sou importante, pois faço alguém muito feliz.
O melho amigo, o melhor ouvido, o melhor olhar, melhor lambida, melhor fungada, melhor patinha, melhor suspiro, melhor latido bravo, melhor saltitar, melhor passeio… Eles conseguem ser melhores em tudo o que se propõe a fazer, pois fazem com amor, fazem com a certeza que não esperam nada em troca, só um coçar nas costas, um beijo no focinho, a alegria retoma a magia de ser cão, o amigo, o filho, o tudo na minha vida.
Parabéns meus amores.

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Pernambucolite

A melhor coisa de morar em Recife foi aprender um novo dialeto. No começo eu franzia a cara para entender o que falavam, mas fui me acostumando e virei tradutora e intérprete para quando meus amigos iam me visitar.
A primeira vez que andei de taxi, o taxista estava indignado, pois tinham assaltado o carro dele e destruido o tabeliê, eu também fiquei indignada com isso, pois nem sabia que carro tinha tabeliê.
Uma vez eu e meu marido estávamos perdidos e pedimos informação, o moço muito gentil, pois pernambucano é gentil, disse, na dúvida vira a direita… ficamos em dúvida por um bom tempo dando voltas no quarteirão.
Minha empregada então… era o máximo conversar com ela, ela lavava as alcatifas, achava minhas diademas e escorrinhava a porta como ninguém. Dizia que meu cachorro era muito treloso, e que eu precisava comprar jerimum para ela fazer.
Pior quando você conhecia alguém e a pessoa já lhe informava para você ficar bem atento: - Hum, este cara é peba, se acha a tampa do Crush.
Fui ao médico e ele me mandou comprar um lambedor, pois eu estava com muita tosse. Fiquei com vergonha de ir na farmácia comprar isso e passar vexame.
Pior era no verão comprar remédio para acabar com os maruins.
Sinto falta do sururu da Dona Helena na praia, de tomar Vinho Botticelli em Olinda, comer codórninha no pé sujo ou no cospe grosso, basicamente sinto falta das minhas amigas Eli e Silvinha.
Tabeliê – painel
Dúvida – bifurcação
Alcatifa – tapete
Diadema – tiara
Escorrinhar – empurrar
Treloso – bagunceiro
Peba – pessoa mala
Tampa do Crush – pessoa que se acha
Jerimum – abóbora
Lambedor – xarope
Maruim - pernilongo

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Minha baba eh agiota

Quando era criança tinha uma babá, a Lulu, ela era uma pessoa diferente, chamava minha mãe de Madame Silvia, fazia comidas com o nome em francês, mas era carne moída com ovo. Usava casacos de pele. Emprestava para minha mãe ir a jantares. Era amiga das governantas da alta sociedade. Usava peruca com cachos. Mas era e sempre foi muito amiga.
Quando saiu de casa para trabalhar na casa dos Maluf, dos Diniz, etc… mandava cartas e ligava sempre.
Ontem fui visitá-la com minha mãe em um asilo, ficamos conversando com a assistente social dela e ela nos dá uma revelação bombástica: - Ela era agiota.
Como assim? Minha babá tão querida Lulu era agiota?
Aquela senhora com cara de ingênua, origem humilde, apesar dos requintes que a vida ensinou era na verdade agiota. Emprestava dinheiro para os filhos dos patrões, para os mordomos das mansões, para os motoristas e cobrava juros altíssimos por isso.
Fiquei imaginando como era a vida secreta dela. Será que ela mandava matar quem não pagava? Cortava o dedinho da mão como aviso?
Só sei que no seu tempo vago cuidava das crianças como um disfarce.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Os excentricos

Minha avó não abria a geladeira, pois pegava resfriado, portanto ela nunca pegou um copo d’água sequer, sempre alguém a servia, ela inventou esta história e como diz minha mãe: -Ela sabia viver…
Minha tia Helena, esperava ônibus em um pé só, Se alguém visse na rua uma senhora esperando o ônibus num pé só ia achar o que? Segundo ela o tempo passava mais rápido assim, ainda bem que ela pegava pouco ônibus na vida.
Dizia também que era São Cristovão e torcia pelo Flamengo.
Meu primo Mario, não abre os presentes de Natal na frente das pessoas.
Meu pai, andava com um gravador para a gente não voltar atrás nas nossas opiniões.
Um dia ele disse que ia morrer igual índio, nunca mais se levanter da cama, se despediu da gente, disse para a gente crescer feliz, e adeus, eu e minha irmã choramos muito e minha mãe dizia: -Quando ele tiver fome vai se levantar… Dito e feito, deu fome e se levantou.
O tio da minha mãe brigava com a tia dela, pois nunca conseguiram se decidir, se o leite ficava na frente da água ou atrás na geladeira, isso é “case” de família.
Meu tio que era advogado só se vestia de branco, achei a vida inteira que ele era médico.
Até hoje, no Natal, colocamos o sapato no corredor e quando acordamos está cheio de presentes.
As excentricidades no fundo não incomodam tanto assim…

Bilhetinhos de casamento

Outro dia estava lendo os bilhetes que me mandaram junto com os presentes de casamento, 4 anos depois… Pois, sempre escrevo a mesma coisa nos meus cartões: “Se existe algo maior que a felicidade é o que desejo para você”, e agora que meus amigos estão indo para o segundo casamento, vou ter que reciclar e resolvi ver se achava algo novo para inserir.
Muitos escreveram, Felicidades, Muito amor, que seja eterno enquanto dure, que o amor reine, etc… mas o da minha tia Lúcia foi o mais real.
“Renata e Renato, desejo a vocês muita paciência.”
Foi ótimo, tão real… Rê te amo, mas… muita paciência… E acho que é isso que vou escrever agora nos meus bilhetes. Um plágio a tia Lúcia.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Nhaca de gringa

Um dia estava numa boate no Rio com o Pinho, estávamos bêbados e rindo de todos, boate apertada, aniversário de uma amiga de outra amiga… De repente sentamos numa mesa e uma moça veio dançar com a gente. Ela era gringa, não entendíamos o que ela queria e ela levanta o braço na nossa frente e ficava balançando, nos chamando para dançar. Mas quando ela fazia isso, percebemos que ela nunca tinha visto uma cera de depilação, e muito menos uma gilette, ou um desodorante. Quanto mais a gente ria, mas ela se empolgava me pegando pela cintura para dançar com ela, ela me queria, era gringa, toda liberal, e a favor da mata virgem. Ríamos e ela ria achando que agradava… Bebida, risada, o cheiro forte de cecê, não dava, ela pega o Pinho pra dançar, justo no primeiro porre da vida dele…
Ninguém merecia tanto cecê logo da primeira vez… Só sabemos que no dia seguinte a mistura de ressaca com a nhaca da gringa com o suvaco na nossa cara, foi uma das piores sensações da minha vida.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Confesso que pequei

Outro dia estava conversando com o Pinho e ele me diz que meu blog é legal, mas que ninguém lê, eu disse que as pessoas lêem sim e até comentam… mentira, né?
Aí ele falou: - Vc só tem 3 comentários, meu, da Kiki e da Ana. (Últimamente nem da Kiki) Eu fiquei magoada com isso e inventei comentários, fiz isso sim, inventei, se verem André, Deborah (com h) e Paty, fui eu que inventei… que feio, né? Ele não pára mais de me ameaçar por isso, descobriu a desonestidade do meu ato, portanto eu peço, deixem comentários, senão vou apelar para o André, Deborah e Paty, já estou até criando as personalidades deles…tadinha de mim. Estou virando esquizofrênica.

Dormi com o Batman

Certa noite em Recife, eu estava dormindo e o Rê foi dormir de madrugada e entrou no quarto e falou: - Renata, não se mexe, vou acender a luz.
Óbvio que me mexi e vejo no meu travesseiro um ser esmagado. Segura cachorro, vamos observar o ser e era um morcego, neném, mortinho, esmagado provavelmente pela minha pequena cabeça morto no meu travesseiro.
Morávamos no último andar e era comum estes “seres” entrarem e saírem de casa numa velocidade ímpar, mas este se deu mal, tadinho…
Passei o resto da noite lavando o cabelo, passando álcool em mim e chorando.
O pior foi no dia seguinte no hospital: - Doutora, é que eu esmaguei um morcego enquanto dormia. Ela segurou o riso, e disse: - Tudo bem, é comum isso.
HAHAHA comum? Como assim é comum um morcego resolver dormir com você?
Anti-tenânicas, anti-rábicas depois…
Meu marido sempre diz para todo mundo:
- Peguei minha mulher na cama com o Batman.

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Cr$ 5,00

Vamos ficando velhos e perdendo a noção do dinheiro, tantos planos… cruzeiros, cruzados, cruzeiro novos, real…
Uma vez a minha avó materna convidou todo mundo da família para um almoço num lugar de frutos do mar bem gostoso, na beira da praia, foi a família toda, que não é pequena.
- Podem pedir o que quiserem, que hoje é por minha conta. Disse a minha avó, toda orgulhosa.
Foi uma tarde divertida, comeram camarão, peixada, agulhinha frita, hum… caipirinha… na hora de pagar a conta minha avó pega Cr$ 5,00, e a conta tinha dado uns Cr$ 500,00… Todo mundo sem dinheiro, juntando os trocados para pagar a conta, naquela época nem todos tinham cartão de crédito ou talão de cheques as pessoas usavam dinheiro mesmo, ainda mais para ir a praia.
Foi um sufoco pagar a conta e minha avó, ainda achava que tinha pago o almoço para toda a família.

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Xixi no chão

Outro dia, sai com um amigo meu, o Alan, fomos num barzinho na Vila Madalena, batemos papo, demos risada, nos divertimos.
Ao sair de lá, percebi que estava apertada para fazer xixi, mas e a preguiça?
Em casa eu faço… O caminho foi longo, trânsito, farol fechado, parei para pôr gasolina.
Chegando no meu condomínio, estava quase explodindo de vontade… comecei a rir de nervoso, não vai dar tempo, não vai dar tempo, um diabinho falando no meu ouvido.
Chamo o elevador, mas que demora, pára de rir Renata, pára.
Aperto o 7º andar, mas que demora… pára de rir.
A chave? Cadê a chave? Abro a porta e faço xixi no chão da sala.
Peteka e Fuka, meu fiéis escudeiros caninos se colocaram de castigo e eu pensando em como é triste ainda passar por isso depois dos 30… bem depois…

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Mentirinha

Um amigo do meu pai, o Gustavo, tem uns 75 anos, aparenta uns 65, mas fala que tem 83, e outro dia a pessoa que estava com ele revida: - Nossa te dava uns 80… Ele entrou em depressão, pois é, nesta mentirinha ele perdeu 5 anos, e o cara acha que lhe deu 3.
Mas, ontem, comecei a fazer academia no condomínio onde moro, aula de abdominal. Cheguei lá e vi um monte de meninas de 18 aninhos que nem precisavam da aula, já estavam sem barriga nenhuma… pensei, preciso me sentir em forma.
O professor pede para eu preencher o formulario, na hora da idade fiquei com medo:
- Se eu falar que tenho 31 e ele me achar acabada? E se eu escrever 25? Será que ele vai acreditar? Estou tão fora de forma, pensei no Gustavo e… Já sei vou colocar 41 anos.
Pronto… ele acha que tenho 41, me disse que sou super conservada, que me dava uns 28, no máximo, na hora da aula ele deixava eu fazer menos que as teenagers, foi ótimo… Me senti muito nova e conservada. Mas não tenho 41, sera que isso importa? Ou corro o risco de perder 10 anos qualquer dia com esta mentirinha?

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Festa da Mariana

Minha prima Mariana, fez 15 anos, uma festa linda de debutante com toda pompa que se merece.
Foi no Rio em uma casa maravilhosa.
Como toda festa de 15 anos, tem o seu cerimonial.
- Agora os pais.
- Agora os irmãos.
- Os primos mais queridos… ops é nesta que eu entro.
- No palco Renata a minha prima querida. Lá vou eu toda feliz até o palco, todos olhando, eu estava linda, com um vestido chique, preto, longo, com um decote vinho, meio tomara que caia, meio decote princesa.
Ao subir os degraus…. Ops… pisei na barra do vestido, ops, meu peito saiu pra fora. Ninguém viu, ninguém viu continua chorando emocionada.
Só que lá de cima eu vejo metade da festa rindo, todos tinham visto, mais do que a minha emoção, meu peito… para 150 convidados…

Dietas

Porque a gente passa por isso?
Eu sou bem cara-de-pau, digo que sou a profissional da comida, como que nem gente grande, principalmente a Nutella, mas todos nós passamos por isso… regimes.
Outro dia resolvi fazer regime, pedi uma salada de almoço, mas o Kani veio descongelado no microondas!!! Tive que devolver a salada e almoçar na Ofner, não tem erro, a coxinha é sempre gordurosa e a bomba de chocolate perfeita.
Tenho uma amiga, que não quer se identificar, faz o regime das 5 da tarde, come de tudo até as 5 e depois pára. Às 4:59 ela come uma bolacha bono e depois só água... não perdeu nem uma grama, mas se divertiu com isso.
Mas um dia ela resolveu ser light, pediu um suco ao invés da Coca-cola normal de sempre, mas, ao invés de açucar, colocou sal no suco, e resolveu nunca mais se aventurar nessa audaciosa missão.
Minha mãe tomava diet shake, antes do jantar! Mas como? Não é para substituir uma refeição com isso? Para ela não, era um complemento alimentar, e então ela aprimorou o diet shake misturando sorvete, assim tinha mais sustância e conseguia segurar a fome dela por mais tempo, uma meia hora talvez.
Meu pai vive perdendo 10kg, e diz que a barriga dele é pedra no rim, que ele operou nos anos 90, e agora voltou do tamanho de uma melancia, e acredita nisso.
Outro dia ele estava na piscina do prédio, e uma menininha berrou:
- Homem, homem, vc está grávido?
Ele riu, desconversou, a mãe da menina implorou desculpas, e ele respondeu:
- É pedra no rim…

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

Apenas um gatinho

Em Recife, pouco antes de voltar pra São Paulo, eu e meu marido estávamos na Lagoa do Araça passeando com nossos cachorros, um parque do Ibirapuera nordestino, numa tarde de domingo.
Na volta do passeio, vimos um gatinho, bem neném com a pata quebrada.
Óbvio que não deixaríamos ele lá, mas também estávamos duros e no domingo a nossa veterinária querida que a gente tinha conta estava fechada.
Pegamos o gatinho, mas nossos 2 cachorros e colocamos no carro e fomos indo para Boa Viagem e pensando como resolver a situação.
Lembramos de um petshop 24hs que uma vez fomos, mas o que fazer? Como pagar? E depois ficaremos com 1 gato?
Ensaiamos abandoná-lo na porta da clínica, mas e se eles não vissem o gatinho lá?
Mais uma volta no quarteirão.
Então o Renato teve a brilhante idéia de eu entrar com o gato, pedir para ser atendida e, quando eles se distraissem, sair correndo de lá.
Lá fui eu.
Entrei no petshop, aguardei ser atendida, até chorei um pouco com frases: - Cuida do meu gatinho. E na hora da radiografia…
Saí como quem não quer nada: - Ah! Vou ver se meu marido está lá fora.
Fui saindo devagar e sempre, chego perto do carro, abro a porta de trás entro, abaixo, e: - Acelera, corre que a recepcionista está na porta, corre!
Nunca mais voltamos lá. E olha que precisamos de veterinário 24hs várias vezes depois disso e tínhamos que ir até Jaboatão atrás de um.

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Noite dos Leopardos

Certa noite eu, minha irmã (Dea), Lanica e a irmã dela (Renata), fomos na “Noite dos Leopardos” no Rio.
Estava na moda estes clube das mulheres, ficamos dias pensando como entrar, pois eu e Lanica tínhamos 16 anos e só as nossas irmãs eram maiores de idade.
Escolhemos a data: - Vamos em uma 4ª feira pois deve ser mais vazio. Queríamos ver de perto os saradões dançando.
Escolhemos roupas para parecermos mais velhas, maquiagens, até passamos shampoo tonalizantes nos cabelos para ficarmos mais loiras, não obtivemos bons resultados, mas não desistimos, fomos a praia munidas de leite e chá de camomila. Iríamos na “Noite dos Leopardos”, lindas e loiras.
Chegou o grande dia, empolgadas, chegamos até antes da hora, era num teatro em Copacabana, bem caído. Ficamos com vergonha de entrar, vimos que não tinham tantas meninas como imaginávamos e pensamos que era o nosso dia de sorte, show exclusivo!
Entramos e ninguém olhou para a nossa cara, ficamos felizes, afinal não queríamos ser barradas.
O teatro era bem escuro, ao entrar procuramos um lugar bem perto do palco, envergonhadas, sentamos. Vimos que a platéia era 100% masculina e só nós 4 de mulheres, até aí, tudo bem, pois estávamos empolgadas só pelo fato de termos entrado.
Começa o show, um striptease aqui, outro ali, um malandro carioca, um homem vestido de leopardo, um marinheiro, outro bombeiro, um desfile de fantasias e corpos perfeitos que ao final da música ficavam uns de sunga e outros até a sunga tiravam.
De repente tudo escureceu e no escuro começaram a circular objetos fosforescentes pelo palco, uns grandes, outros menores, e os objetos iam e vinham, se encontravam e saiam do palco, não entedemos bem esta parte do show. Ao final do espetáculo, sobe no palco Rogéria, um ícone travesti, e todos os Leopardos aparecem pelados no palco, com tudo, tudinho a mostra e ainda por cima eretos.
Percebemos que os objetos fosforescentes eram nada mais, nada menos que camisinhas que brilhavam no escuro. Nos demos conta que estávamos na noite gay dos leopardos.
Saímos à francesa, morrendo de vergonha, mas ganhamos um show bem, bem maior que as mulheres normalmente ganham.

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Missa do Cazuza

Em homenagem ao aniversário da minha mãe... hoje...
Minha mãe antes de casar com meu pai, namorou o primo do Cazuza, e quando ele morreu, estávamos no Rio e ela queria ir na missa, mas sem ser reconhecida.
Ficou durante dias pensando em como se camuflar no meio da multidão para que ninguém reconhecesse ela.
- Não quero que ninguém me veja e quero ver todo mundo… Era o sonho dela.
Estava eu e Kiki em casa e ela aparece na sala. Com um óculos a lá Onassis, e pergunta se está irreconhecível.
- Não.
Ela volta com uma burca praticamente, querendo saber se agora estaria camuflada.
Respondemos que não.
De repente ela tem a brilhante idéia de se fantasiar de fã, coloca uns óculos escuros, um lencinho no cabelo igual ele usava e ficou insistindo para acompanharmos ela, comovidas com o empenho dela, fomos para a missa na igreja do Arpoador.
Eu e Kiki andamos bem na frente, para não passarmos vexame.
Chegando na igreja, na rua ainda, antes de entrar uma pessoa vem se aproximando da minha mãe e berra:
- Silvinha!!!!!!! Que bom que você veio!
Era a tia do Cazuza, a Cristina que não via a minha mãe a uns 20 anos pelo menos. E ainda comenta:
- Que homenagem linda, esta bandana e este estilo Cazuza, obrigada.
Rimos tanto que ficamos até com vergonha de entrar na igreja, um momento de dor e comoção nacional e nós 3 na calçada chorando de rir.

Consulado do Suriname

Estava jantando na casa dos meus pais e meu pai solta:
- O consulado do Suriname é no apartamento da sua avó. (Um apartamento de 70m2 em Copacabana e minha avó é uma senhora de 92 anos).
Como assim? Quer dizer que se uma pessoa quiser pedir asilo político e ir para o Suriname, vai na casa da minha avó?
Ela quem tira os passaportes dos cidadãos do Suriname?
Lá que se faz a diplomacia entre os 2 países?
Se um cidadão do Suriname que mora no Rio, comete um crime, ele vai se esconder na casa da minha avó?
Quer dizer que lá é território neutro?
Mas nós não somos do Suriname, somos de descendência árabe-portuguesa.
Como assim?
Lembro de ver na casa da minha avó um brasão na parede, e nunca questionei aquilo.
Enfim, mas um mistério que não entendemos aonde surgiu e só que é fato:
Minha tia é consulesa do Suriname, mas é casada com um Israelense.
O endereço da embaixada do Suriname é Duvivier, 70 apto 613, caso alguém precise se comunicar com o Suriname…
Mas, onde fica o Suriname?

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

O tombo

Eu estava saindo com um amigo de uma amiga lá pelos tempos do Colégio Gávea, um mocinho chamado Alexandre Marcelo. Bom nome, né?
Uma noite, fomos a uma boate com três casais. Era um lugar bem barulhento e tinha uma parte com um bar; sentamos numa mesa bem central perto da pista de dança, mesa privilegiada.
Pedimos as bebidas, as comidinhas... estávamos dando um tempo, fazendo aquela interação entre os casais, antes de atacarmos a pista de dança.
Eu estava com uma saia bem curta, como sempre usei, e um sapato bem alto.
Resolvi dar uma puxadinha na cadeira para bem pertinho da mesa, assim conseguia pegar melhor as comidinhas.
Mas, nessa puxadinha, de repente a cadeira quebrou e eu fui caindo em câmera lenta, bem devagar mesmo. Lembro-me de cada milésimo de segundo do tombo, barulhinho da cadeira quebrando, eu caindo, caindo, me desequilibrando, tentando achar algo para me agarrar. Achei, achei, ops, a toalha da mesa, se segura, opa, peraí, puxar a toalha não é uma boa idéia, agora já foooooooiiiiiiiii.
Pum! Cai de costas no chão com as pernas pra cima, saia curta, mas, peraí, o que está caindo em cima de mim???
Tudo da mesa!!!
Copos, comidas, garrafas, tudo em cima de mim. E o barulho? Apesar do barulho do lugar, todos ouviram, deve ter sido meu berro, e agora? Estou molhada, com gordura do bolinho de bacalhau em cima de mim, azeite, cerveja… e agora? E agora?
Olho pra cima, muitas cabeças me olhando e a certeza de que nunca mais veria o Alexandre Marcelo.

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Ano novo

Sempre a festa de ano novo é na casa da Dinda em Copacabana, mas teve um ano que a festa teve uma inusitada visita.
Os preparativos e a comilança é dividida entre os parentes e neste ano a prima encarregada das uvas, esqueceu das uvas, mas levou uma criança com catapora.
Estávamos em casa umas 5 da tarde e chega uma família, mãe, pai e 4 filhos, sim, 4 filhos entre 1 e 10 anos.
Chegou e ninguém sabia quem havia convidado, chegaram com uma mala, todos desconfiamos do nosso primo Mario, mas ele disse que não havia sido ele, enfim, já estavam lá mesmo e sempre cabe mais 1 ou melhor mais 6 naquele apartamento.
Umas 10 da noite eles entram no banheiro, todos tomam banho se trocam e começam a circular pela festa fazendo amigos e todos perguntando daonde havia surgido aquela família.
Chuva, muita chuva.
Perto da meia-noite vamos para a praia ver os fogos, a família também vai.
Depois dos fogos e dos rituais sem uva, voltamos para casa.
Continuamos a comilança, as risadas da família Castro, de repente, percebemos que a família continuava por ali, só que de camisola e pijaminhas procurando um lugar para dormir. Como assim???? Eles iam dormir lá e nem haviam comunicado.
Minha mãe me chama num canto e diz: - Garante sua cama que a família quer dormir…
Nunca adivinhamos daonde eles haviam surgido, quem havia convidado, como apareceram, mas soubemos que as crianças pegaram catapora.
E desde então eles são conhecidos como a família do Mario.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

A estreia

Trabalho em uma empresa de entretenimento e ontem umas 7 da noite me liga meu chefe dizendo: - Rê, corre, consegui 2 ingressos para hoje a estréia do Cirque du Soliel.
Óbvio que eu iria, afinal, os meus ingressos eram só para outubro, final de outubro.
Na correria, corto as prioridades, banho? Não dá tempo, pentear cabelo? Não dá tempo. Vou para o armário, tento visualizar roupas e… nada, começo a experimentar e nada entra, afinal engordei um pouquinho…
Meu tempo acabando, pensei, jogo no Morumbi, hora do rush, ferrou, não vai dar tempo. Acho uma saia longa no meu armário com elástico na cintura, ótimo, ela entra, mas peraí, que blusa vou colocar, nada entra, nada entra… coloco a saia como vestido, amarro um cinto, coloquei uma bota e saí correndo sem pensar. Festa, estréia e eu com uma saia fingindo ser vestido! Vou buscar a Kiki para me acompanhar, jogo no Morumbi, pela libertadores, trânsito, muito trânsito.
- Kiki, pega um casaco pra mim, maquiagem, dinheiro para os estacionamento, já, já chego aí.
Pego a Kiki e trânsito, muito trânsito, o bom era que no caminho consegui me maquiar um pouquinho. Chegamos na festa.
Logo na entrada encontramos um amigo nosso de infância que namora a Luciana Mello. Um achado, entramos para o mundo de caras…
Entramos na festa e muitos, muitos artistas, nem sabíamos para onde olhar. Sentamos na nossa cadeira, fileira D… A, B, C, D!!!!
Sentamos e ficávamos rindo, Jorge Fernando? Fileira K.
Hebe? Fileira C, tudo bem ela pode. Peraí, a Hebe, preciso ligar para a minha mãe.
- Mãe, adivinha quem está aqui?
- Ana Maria Braga. Berra minha mãe.
- Não mãe, a Hebe!
- Que roupa ela está? E o cabelo? Está com quem? Com as amigas judias?
- Amanhã conto… bjs (Quanta pergunta!)
Começou o espetáculo, uma das coisas mais lindas que já vi na minha vida, um espetáculo de sonho, vc volta a ser criança, chora, ri, sonha…
Intervalo:
- Kiki, temos 20 minutos para ver famosos! Corre!
Uau! Fabio Assunção, Adriane Galisteu, Paulinho Vilena, UAU! Mais, mais artistas pra onde eu olho, pra onde?
- Rê, aquela lá não trabalha com vc?
- Ignora, ela eu vejo todo dia, mas… Jairzinho, Bruna Lombardi, Ana Hickman, Marcos Paulo, Junior?
Acabou o intervalo, voltamos ao espetáculo que é divino.
Acabou tudo. De volta a realidade… cada carrão na porta! Ainda bem que parei meu carro bem longe, mas que se dane, estou vestindo saia no lugar de vestido!

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Tio Paulo

Um dia estava na casa da minha prima Paulinha, tinha um monte de parentes dela por lá, apartamento pequeno e muita gente, principalmente primos, Paulinha tem muitos primos.
Todos haviam descido para o play, acho que era aniversário de alguém da família e eu ainda estava no apartamento, supostamente sozinha e vou entrando num quarto da casa, bem, bem desligada e esbarro em algo e começo a berrar de susto e olho para cima e vejo o tio Paulo, o Tio Paulo da Paulinha, pelado de costas pra mim, e eu berrando, berrando, saio correndo e bato a porta do quarto, desço as escadas era segundo andar, e ouço lá de baixo alguém berrando:
- Oi, oi, alguém em casa? Estou preso no quarto, a maçaneta caiu, oi, oi alguém aí?
Eu me fiz de surda, como eu ia resgatar a pessoa que eu mesmo havia prendido no quarto e visto pelada?
Não lembro como ele se libertou, só sei que na mesma semana minha irmã foi cumprimentá-lo e com um beijo, errou o local e beijou ele na boca.
Ele com certeza passou a temer as irmãs Cintra.

O elevador

Porque tem momentos em que não ficamos caladas? Porque?
Ontem eu estava no elevador do meu prédio que havia sido reformado, entrei e o elevador desceu e entrou um senhor bem, bem, bem vesgo.
Ele estava lá tentando puxar papo e eu incomodada se ele olhava pra mim ou para o chão. Aí ele fala:
- Bonita cor.
Eu respondo:
- Obrigada.
Me diz, porque respondi obrigada para alguém que elogiou a cor do elevador?
Não consegui me conter e subi com o vesguinho 7 andares chorando de rir, ele meio sem graça percebendo o meu fora e eu meio sem entender porque eu sempre faço isso, falar coisas sem sentido.

terça-feira, 1 de agosto de 2006

As Maluf Cintra

Eu e minha irmã, lá pelos 17 e 21 anos, fomos a um oculista meio banbanban daqui de São Paulo, ficamos na fila de espera durante 6 meses e finalmente chegou o dia da consulta.
Chegamos lá e ele tinha ido fazer um transplante de córnea e a recepcionista disse que só dali a 6 meses teria outra data, fomos embora meio frustadas, (não sei porque já que ninguém gosta de ir ao oculista) mas como meu avô era oculista minha mãe acha o médico mais importante do mundo.
Voltamos para casa e falamos para minha mãe que só dali a 6 meses voltaríamos.
Minha mãe indignada pega o telefone e liga pra ele.
- Gostaria de falar com o Dr. Aloísio?
- Quem gostaria. Responde a tal recepcionista.
- Diga para ele que é Silvia Maluf Cintra.
A mulher rapidamente passou a ligação pra ele, uma Maluf querendo falar com o Doutor...
Minha mãe brigou com o médico disse que as filhinhas dela eram universitárias muito ocupadas e que não podiam perder tempo assim para uma simples consulta de vista...
O doutor achou um hoário às 9 da noite no dia seguinte.
Minha mãe se emperuou toda, fez a gente vestir a nossa melhor roupa e foi com a gente. Que vergonha. O médico nos chamava das meninas do Morumbi e nunca questionou o sobrenome inexistente dos nossos nomes... Olha o trauma que uma mãe pode causar?