terça-feira, 31 de outubro de 2006

O moço do RH

Todo mês um moço do RH chamado Ronaldo me pede para imprimir uma lista de aniversariantes e eu fico com preguiça de levar lá e respondo no email:
- Pode vir pegar está impresso.
Às vezes até ligo e falo, com ele:
- Sua lista está aqui na impressora.
Acho um abuso eu além de imprimir ter que levar lá do outro lado do corredor isso, mas hoje estava de bom humor e fui entregar as impressões.
Chego na sala do RH e falo para um funcionário que tem problemas para andar, anda bem devagarinho, devagar mesmo e de muleta:
- Vou deixar na mesa do Ronaldo.
Ele responde: - Mas eu sou o Ronaldo.
Segurei o riso, fiz uma piadinha qualquer do tipo: - Ah! Achei que o Ronaldo fosse o outro. E saí da sala rindo e pensando nele recebendo meu email escrito “Vem pegar”.
Imaginei ele andando até a impressora em meia hora de ida e mais meia hora de volta e nessa hora ele devia ficar o tempo todo me xingando, me odiando, e eu aqui, ao lado da impressora bonita e formosa escrevendo no meu blog. Alguém me interdita? Deste jeito eu não chego sã aos 35... muito menos aos 32.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

O sapo não lava o pé…

Estou no trabalho em um dia de tédio profundo, total e absoluto, sem nada para fazer, nada para pensar e muito menos para criar.
Começo a contar para a Ingrid como se faz papel reciclado, todas as etapas detalhadas e demonstradas, vejo ao meu lado a Kelly falando durante uns 40 minutos com a irmã dela, eu mesma já havia ligado para toda a minha família e quando falo com meu pai ele me pergunta:
- Filha, qual o consumo de água do seu prédio? Não. Por volume. E quantos moradores moram lá? Não, não quantos apartamentos, quantas pessoas… horas no telefone.
Enfim, olho para a Ana e ela buscando curiosidades na net.
O Pablo comenta: - Hoje no shopping me deu vontade de sair correndo, assim dando voltas sem parar. Porque ele falou isso? Eu não sei.
O João ligou para saber quanto custa um jazigo famíliar e veio nos contar indignado que custa R$ 12 mil. E ainda descobriu que doador de órgãos paga menos. E diz: - Morrer está pela hora da morte.
Ligo para minha mãe ela me conta que meu pai foi ao médico hoje com um pé de sapato e outro de sandália, rimos um pouco.
Desligo o telefone e ouço alguém bem baixinho: - Canta com a mamãe, o sapo não lava o pé, não lava porque não quer… Era a Mari cantando com seu filho via telefone. E percebi, hoje é o dia mais tedioso da minha vida em 30 anos, ou melhor da vida de todos nós.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Ah! Os Talibãs

Na família da minha mãe, existem duas facções, os legais e os Talibãs, os legais somos nós, óbviamente, nós, minhas primas, meu afilhado, etc… os Talibãs… ah! Os Talibãs! São aqueles que todo ano a gente rouba na hora de sortear o amigo-oculto, pois não queremos tirá-los, eles são aqueles que usamos louça descartável, para não quebrarem o jogo de jantar, eles choram por tudo, brigam por tudo e no meio do Natal contam para a mãe de 80 anos que tem diabetes. Esses são os Talibãs.
Por serem da família, sempre chamamos para o Natal e por serem da família fingimos que eles não são estranhos, mas são, e muito.
Em aniversários, ou batizados eles sempre brigam entre eles, e expulsam alguém de casa, eles tem um péssimo hábito de escrever poesias, que sempre causam brigas, pois é a maneira deles começarem uma guerra usando a prosa. Ah! Os Talibãs!
Difícil conviver nesta facção da família, causa uma certa tensão pré-natal, para saber quem vai começar a briga este ano. E o engraçado é que minha mãe sempre fala:
- Ah!!! Natal sem briga não é Natal, nos bons tempos da família sempre tivemos brigas.
Acho que os bons tempos estão de volta.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Animação do meu pai

Minha mãe fala:
- Benedito, liga para a sua irmã, ela anda triste, está com depressão, liga para animá-la, mas não fala em doença, por favor.
Meu pai obedece prontamente e liga para a irmã dele:
- Oi, Zélia? Aqui é o Bené, tudo bom?
- Indo meu irmão, indo…
- Indo porque? Queria ver se você fosse eu. Sabe? Virei diabético, o médico disse que talvez eu perca a perna, não como nada, uma tristeza. Meu pulmão? AH!!! Não tem mais jeito, não posso mais ficar sem oxigênio, fiquei uma semana no hospital, sai de lá por sorte, pura sorte e minha pressão lá em cima, posso ter um enfarte a qualquer momento. Fiz exame deu um problema nos rins, deve ser câncer, sabe como é, herança de família, mas vou levando… Zélia? Zélia? Bem preciso desligar, pois está tocando a outra linha. Beijos.
Desligou o telefone e a minha mãe chorando de rir… Puxa? Não sabia que você era tão bom nisso.
Fiquei imaginando do outro lado da linha a minha tia ouvindo meu pai tentado animá-la, com certeza ele jamais sera chamado para esta função. Jamais.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Os Excêntricos parte II

Minha irmã não pode usar vermelho senão fica de mal humor, e nunca aprendeu a andar de bicicleta.
Minha mãe jura que outro dia viu um duende, bem pequenininho acenando para ela.
Minha Dinda comeu a própria lente de contato e já atropelou um alejado.
Meu pai vê e se comunica com extra-terrestres, uma vez até promoveu um encontro com umas pessoas estranhas que ficavam ouvindo gravações de outro mundo.
Meu tio Antônio falava sozinho na rua.
Uma tia da família, bem feia, andava na rua fazendo careta, para todo mundo olhar para ela e o marido dela achar que estava sendo paquerada.
A avó do meu pai era tão gorda que no enterro o fundo do caixão caiu, e uma vez ela entrou num elevador e ele foi direto para o poço.
Minha avó se chamava Fermina e gostava tanto do nome Eulina que acresentou ao seu e virou... Fermina Eulina.
Meu tio Heleno Mário virou nome de rua no Rio, uma rua que começa com um bar e termina com outro… bonita homenagem a um boêmio.

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Mais um motivo para ficar calada

Ontem, um dos apelidos estranhos, foi embora da empresa, e chegou para se despedir do departamento, situação chata, pessoa que você não tem afinidade, e você tendo que se despedir, coisa estranha.
Quando ele ia se aproximando de mim eu pensei, o que eu falo, o que eu falo?
Felicidades no seu novo caminho?
Boa sorte, se precisar de algo estou aqui?
Foi muito bom trabalhar com você?
Sucesso?
Vamos marcar um almoço?
Obrigada por tudo?
O que eu falo? E ele se aproximando…
Ele me abraça e diz: - Obrigado por tudo, xi, perdi essa frase, pensa rápido, pensa rápido.
- Prazer em conhecê-lo.
Como assim? Prazer em conhecê-lo? Eu não estava sendo apresentada a ele, estava me despedindo e provavelmente jamais verei ele de novo. Preciso consertar isso, beijo ele no rosto? Beijo? Que nojo! Porque fiz isso? Bom, foi péssimo.
Ainda bem que a Ana ao se levantar da cadeira tropeçou e teve que se segurar na barriga dele. E a Ingrid disse Parabéns, mas não era seu aniversário.
Que situação. Ele deve ter ficado feliz por estar saindo da empresa e nunca mais ter que cruzar com pessoas tão esquisitas como a gente.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

A calçadeira do meu pai

Fomos jantar fora na sexta-feira no Figueira. Lugar fino, chique, tivemos de ir com roupa boa, comida maravilhosa… tomamos vinho, champagne, comemos lagosta, camarão, noite gostosa. Na hora da saída olhamos para meu pai e vejo que no pé dele está a calçadeira presa no sapato e por cima da calça!
Como assim? Ele está com isso no pé desde que saiu de casa e ninguém avisou? Ele não percebeu? Quem usa calçadeira?
Pois é, meu pai saiu com a calçadeira no pé, num lugar chique e fino, devia estar até doendo.
Mas foi uma noite muito gostosa para comemorar 1 ano que minha prima Paulinha está em São Paulo e como não podia deixar de ser, alguém foi excêntrico.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Tudo o que você quer ser

A vida era feliz de verdade.
Ter uma Barbie era um sonho, ter com quem brincar de Barbie o final de semana inteiro… não tinha preço.
Brinquei de Barbie até os 15, 16 anos, meio passada já para a brincadeira, mas como a Kiki é mais nova (2 anos) do que eu a desculpa era ela.
Na sexta à noite a festa começava, eu ia de mudança para a casa da Kiki, ficávamos horas montando a casa, a fazenda, a academia, a área de lazer, e tudo mais que ela quisesse ser, afinal eram Barbies. A minha oficial era a ruiva, de cabelos longos e cacheados. Meu Ken era básico, moreno. O mais legal era essa parte, montar e arrumar tudo, acordávamos no sábado e começava a brincadeira, dormíamos até juntas para não perdermos tempo, a brincadeira em si era: Vamos ao cinema, horas se arrumando, agora ao shopping, horas se arrumando, ao baile, mais horas se arrumando. Era na verdade um grande salão de beleza.
Éramos Barbies peruas, não trabalhávamos essa era a parte do Ken, a única hora que ele saía do sofá, e ele normalmente ia para trás de algum móvel menos importante.
A vida era feliz, a Barbie tinha filhos e nunca engordou, usava salto alto e nunca teve dor nas costas, inventava um novo cabelo e sempre ficava bonita.
Durante o final de semana inteiro, vivíamos para as Barbies, comíamos em frente as Barbies, dormíamos perto delas, sonhávamos com elas, era uma tristeza quando tínhamos algum compromisso que fosse nos afastar das nossas “obrigações”.
No domingo à noite era a hora da despedida desmontávamos tudo e passávamos a semana inteira ansiosas para chegar a sexta à noite, onde tudo o que a gente queria ser voltava a acontecer.
Tempos depois eu e a Kiki percebemos que o Ken só servia para ficar sentado no sofá, era bobo brincar com ele, ele não tinha variedade de penteados, de roupas e acessórios. Mas aí chegou a adolescencia e trocamos as Barbies por Ken’s de verdade, às vezes tínhamos recaídas, que eram as mais legais e divertidas.
Depois dos 30 lembro desses momentos como os mais felizes da minha vida. É errado querer ser a Barbie ainda aos 30? E depois dos 30?