terça-feira, 19 de dezembro de 2006

32...

Cheguei aos 32, alcancei a idade que, nos meus sonhos de infância, significava ser velha. E hoje significa ter de manter os cremes anti-rugas e o cabelo escondendo os brancos.
Cheguei aos 32 com muitos dos meus sonhos realizados, outros jogados ao vento e muitos outros em formação. Mas com a certeza que jamais mudaria algo destes 32 anos a não ser as perdas inconsoláveis e os amores mal vividos.
Cheguei aos 32 amando mais do que nunca o homem dos meus sonhos, tendo os filhos caninos que sempre imaginei. Com a certeza que quero outros 32, na certeza que sou feliz como sou e que não me trocaria por ninguém no mundo, apesar de ainda ter medo de anões, pôneis e índios.
Tenho a família ao meu lado, me rendendo incríveis histórias e risadas em volta da mesa e ainda por cima com uma nova irmã acoplada.
Finjo ainda ter 24, usando as mesmas calças jeans e o mesmo piercing, mas me sinto com 32 e sinto feliz por ter conseguido chegar aos 32 me sentindo realizada.
Dizem que para ser alguém no mundo precisa plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro, bem… fiz quase tudo certinho… plantei uma árvore, uma não várias, adoro fazer experimentos botânicos, tenho filhos... 3 na verdade, não nasceram de mim, mas amo muito eles e escrevo um blog, não é lá grande coisa, mas tive de ter coragem para começar.
Enfim continuo passando dos 30.

PS. Este blog ficará sem atualização por um tempo. Boas Férias. Bjs a todos. Até janeiro.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Caramelo

É, o Caramelo é um amorzinho. Foi capa da cães&cia. Um lindo beagle bicolor. Passei por 4 entrevistas com a antiga dona, antes de conseguir levá-lo para casa. Ela conheceu meus pais, minha mãe de novo, meu pai de novo e por fim o sim: - Eu te vendo o Caramelo.
Meu outro beagle tinha morrido, o Sunset, um beagle resmungão, amável às vezes, doentinho sempre, comilão, mas amávamos muito ele. E, assim que ele morreu a nossa casa ficou triste, sem graça. E fui atrás de outro beagle, apesar de todos dizendo que não queriam mais, que ia ser triste ter outro cachorro, que nada no mundo iria substituir o Sun, blá, blá, blá.
Mas… Caramelo chegou, lindo como só ele sabe ser, engraçado, feliz.
Logo no primeiro dia ele se tornou o rei do pedaço, já fazia xixi no lugar certo, era educado, dormia no chão, era meigo. Virava as pontas dos tapetes e saía correndo.
Mas ele foi crescendo e sendo deseducado por todos, mimado demais.
Aos 7 meses de idade a ficha veterinária dele era incrível, pegamos até uma cópia, que se resumia a:
15/03 – Caramelo apareceu pois comeu uma meia. Retiramos a meia e mais outros objetos não identificados.
20/04 – Caramelo apareceu pois havia comido outra meia. Retiramos.
30/04 – Caramelo apareceu com dor na barriga, havia comido uma meia calça.
05/05 – Caramelo apareceu, adivinhem porque? Sim, comeu outra meia.
Os veterinários não acreditavam e mandaram a gente parar de usar meias. E foi o que aconteceu, meias lá em casa se tornou algo proibido de usar. Até hoje, meia fina não entra na casa dos meus pais, só das grossas.
Um dia chegamos em casa e descobrimos a geladeira arrombada. Sim, ele abre geladeira e escolhe o que quer comer. Abre o freezer também, e come o que tiver dentro congelado mesmo.
Ele roubou o peru horas antes do Natal, já comeu 1kg de biscoito canino em meia hora, 1kg de carne em segundos.
Pega as frutas da fruteira e escolhe com cuidado a fruta do dia e se for banana, deixa a casca escondida. Rouba bala da nossa bolsa, mas deixa os papéis dentro dela.
Sábado passado, ele roubou o bolo de banana inteiro em cima da máquina de lavar. Como ele chegou lá? Ele aprendeu a empurrar a cadeira para conseguir alcançar outras alturas.
Mas ele é o nosso Lelão. O querido de todos. O pai de todos os beagles do Real Parque, afinal cruzou com todas as fêmeas da região.
Depois que casei, deixei o Lelão com meus pais, e meu marido até hoje fala: “Filho não se deixa, pega ele de volta.” Mas meus pais não deixam ele por nada do mundo. Adoro ir nos meus pais e visitá-lo. Passear com ele, mimar ele, e depois trancar a geladeira, ou deixar a salada no andar de baixo e as guloseimas em cima, pois salada ele dispensa.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Tornar o dia dos outros mais surreal

Atendo o telefone e era uma pessoa do comercial conhecida por ser fora do planeta Terra.
- Alô!
- Oi é do marketing?
- É, é a Renata.
- Então, fala para o Carlinhos (não existe nenhum Carlinhos por aqui por perto) que a Raquel pegou as minhas impressões, elas estão aqui comigo.
- Mas, aqui é a Renata do marketing.
- Então. A Raquel pegou as minhas impressões, tá bom?
- Tá bom – respondi completamente vencida, porque ela me ligou, eu não sei.
Outro dia este mesmo ser, aparece em frente a impressora (ela ama imprimir coisas) e diz: - A impressora está dizendo uma coisa… aquecendo, acho que ela precisa de mais papel. Será que ela acha que a impressora precisa de papel para ficar quentinha e confortável?
Li uma tirinha do Calvin em que ele atende o telefone falando: - Queria pedir uma pizza de calabresa grande e o cara que ligou fica indignado e acha que ligou engano, aí o Calvin diz: - Eu tento tornar o dia de todo mundo um pouquinho mais surreal.
Acho que essa moça, ou melhor, senhora do comercial faz isso com a gente. Às vezes páro e analiso estas relações daqui e estas pessoas estranhas e começo a achar que atender o telefone igual ao Calvin vai me fazer até bem, se me ligarem agora atenderei dizendo ao invés de alô: - Por favor, uma pizza de calabresa e gigante, hein? Me liguem… vai, preciso de normalidade na minha vida.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Seu guarda eu não sou vagabundo

Pense num calor. 40º, verão pernambucano. Pense em você querendo ir para Porto de Galinhas pegar praia, jogar frescobol, mas você está em Recife. 1 hora apenas te separa da praia dos sonhos.
Van? Ou ônibus? Van é mais rápido, vamos de van. Tudo acertado, eu e meu marido entramos na van. R$ 2,00 cada um.
Cabem umas 7 pessoas, sem malas. Estávamos em 11 com malas. Todos na van. Seu guarda eu não sou vagabundo…. Bruno & Marrone no cd da van. Amiga do motorista adora esta música, vai repetir. De novo, e de novo. A van pára, pega mais passageiros, tenho de sentar no colo do meu marido. Replay. Seu guarda eu não sou vagabundo. Desvia o caminho, precisava entregar uma bicicleta em Estrada. 2 horas e meia depois… seu guarda eu não sou vagabundo… estou no colo do meu marido, 50º, mala no meu colo e… seu guarda eu não sou vagabundo… Chegamos em Ipojuca, uns 15 km de caminhada até em casa. "A van passa lá" - fala o motorista, seu guarda eu não sou vagabundo… Fomos a pé… mais um replay daquela música eu juro que infartava. Chegamos em Porto de Galinhas, começou a chuva, e 2 dias depois a chuva continuava, e eu odeio Bruno & Marrone. Hora de voltar. De van? Ou ônibus? Van é mais rápido diz meu marido… seu guarda eu não sou vagabundo…

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Temporal

Meu guarda-chuva de Joaninha não foi feio para enfrentar temporais. E como disse um amigo meu, ele foi feito para crianças em dia de garoa, não adulto em temporal. E agora? Vou afogar a minha Joaninha?

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Ser carioca

Fui para o Rio passar o final de semana e ser madrinha de casamento de uma amiga que tenho desde que nasci e voltei meio nostálgica.
O Rio tem seu charme malandro, sua praia lotada, suas ruas com pedrinhas portuguesas, sua improvisação permanente. E isso me encanta.
Vejo no Rio a casa cheia de jovens, cheia de histórias antigas. Casa que nasci, cantinhos que aprendi a amar, mesa de jogar buraco com gavetas secretas, escritório que virava minha casa na infância. Cada livro da estante já foi meu brinquedo, o teto de flores me faz acordar achando que ainda sou criança e as campainhas espalhadas pela casa me lembram uma época feliz. A casa não é mas da minha tia querida, mas é da minha prima, tão querida quanto. O piano no canto da sala, quase sem uso, a minha foto com minha irmã na varanda, o número 174 arrancado da parede da última casa, o dia de montar a árvore de Natal, os enfeites iguais aos da minha infância. As lembranças das pessoas que passaram por lá continuam fazendo daquele lugar em Copacabana, o refúgio da família.
Por lá descubro histórias da época da boemia da família e que em cada geração se renova esta veia para a jogatina nas noites intermináveis, para as bebidas nas noites em que só se chega em casa quando o sol nasce. E quantos sóis vimos nascer na Rua Figueredo Magalhães…
Saudades do rádio ligado a noite toda, da Giovana fazendo empadinhas, a voz rouca da minha avó, o meu tio vestido de Chacrinha só para me fazer feliz, saudades de acompanhar da janela o crescimento das crianças vizinhas, jogar papel picado pela janela no último dia do ano e outras coisas que não voltam.
O charme carioca de aplaudir o pôr-do-sol permanece vivo para nós cariocas mesmo diante de tantas coisas feias, tantas maldades que fizeram com aquele cantinho mágico do mundo. E apesar de tudo, fico com as lembranças que são só minhas, da infância e a certeza que um dia volto para lá.