segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O jeito carioca de ser

Fui passar o final de semana no Rio a trabalho. Engraçado voltar para a minha terra agora só para trabalhar e em datas festivas, como gosto daquele lugar. Desta vez fiquei na Barra, pela primeira vez vou para aquela região com o intuito de dormir, pegar praia, trabalhar e fazer tudo por lá.
Após um dia inteiro enclausurada, dentro de uma casa de show e ter a oportunidade de ver Zeca Pagodinho no seu habitat, voltei para o hotel, e foi um pouco difícil dormir com o barulho do mar, devo confessar.
Logo cedo acordei e corri para a praia, que sábado ensolarado, fui com o fotógrafo que me acompanhou nesta viagem, ele no mar e eu na areia curtimos a praia da nossa maneira.
No decorrer da manhã, fui molhar o pézinho na água. Como é frio o mar carioca, será que quando eu era criança entrava lá sem ser forçada? Bem, mas voltando ao assunto, estou lá, de frente para o mar apreciando aquele azul, as ondas, os surfistas lá longe, quando chega um homem perto de mim com uma menininha de uns três anos e puxa papo.
- Ta frio o mar, não é?
Respondo que sim e quando olho para o lado percebo que a filhinha dele estava quase se afogando, ele corre, a socorre e me diz: - Até me distrai com a sua beleza.
Han? Ele quase afoga a filha para passar um xaveco?
Neste momento, o fotógrafo sai do mar e senta na minha canga e o homem lá, de sunga, uma filha quase afogada e me dá um cartão com o telefone dele.
O carioca é assim, não pensa, não tem medo de levar um não, nem de afogar a filha. Não mede esforços para te cantar e ser galante. Era quase coroa o homem, interessante, mas ele nem questionou se o fotógrafo era meu namorado, marido ou amante. E para falar a verdade algo me intriga até agora: da onde ele puxou aquele cartão? Da sunga?

Ensaio sobre a luz

Quinta-feira fiz a minha tão imaginada operação da vista. Vamos resumi-la como algo assustador, jamais faria aquilo novamente comigo se soubesse como é.
Você não vê nada, mas não pode fechar os olhos, olha para umas luzes que simulam uma nave espacial e ouve vozes por trás da sua cabeça como um sinal de quase esquizofrenia e ainda percebe que a médica joga uma água no seu olho e limpa algo, ainda segurando a sua cabeça e tudo isso ocorre em 1 minuto no máximo.
Quando você marca está operação recebe umas dicas de como se comportar na hora da cirurgia, não usar maquiagem, perfume, não levar crianças, ir acompanhada de outro adulto e tal. Li tudo direitinho, levei meus pais, não usei perfume, olhei para a luz vermelha que pisca e comprei os colírios.
Na saída de lá, meu pai pegou meu carro para me levar para a casa. Nossa que desastre! Isso sim foi pior que a operação em si.
Ao invés de acelerar, ele freava, não conseguia engatar as marchas, o coitado do meu carro ia a solavancos pelas avenidas. Fazia tempo que não andava com meu pai dirigindo e vi que não dá mais, ele nunca nasceu para ser piloto, mas também já estava exagerando a ponto de eu me oferecer para dirigir: - Pai, eu cega e anestesiada, sou melhor motorista que você enxergando, deixa que eu dirijo. Ele não contestou e me levei para casa, ou melhor, levei meus pais para casa deles e depois me levei. Com os anos percebi que temos que interpretar as regras, da próxima vez que disserem para não levar crianças, isso inclui os pais.
Quanto a ver o mundo com novos olhos, posso dizer que é incrível enxergar tudo e imaginei como vivi tantos anos vendo pela metade as coisas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Eu comigo mesma

Gosto de solidão, neste mês sozinha em casa de novo, percebi mais uma vez como é bom estar só.
Não que eu goste de ser uma pessoa sozinha no mundo, mas, ser só no sentido de poder fazer o que tenho vontade na hora que quiser.
Vejo o filme que quero, como o que tenho vontade, durmo no safá se quiser. Mas a melhor parte é perceber que a vida é só minha e só eu posso preencher cada minuto dela, criar as minhas próprias regras e deixar as minhas manias fluirem.
Dentre estas regras, eliminei coisas fúteis como: ir ao mercado fazer compra de mês, que coisa mais chata, agora vou no mercadinho chique perto de casa e compro o necessário para 2, 3 dias; chapinha todo dia? Não tenho mais tempo para isso, por isso fiz uma progressiva; banho nos cães toda semana, é a outra coisa que eliminei, acredita que existe um shampoo de banho a seco? Incrível e eles adoraram.
Simplificar a vida nos faz viver mais, ter mais tempo para o que realmente importa, descobri que por exemplo se eu operasse os meus 4º de astigmatismo, já que não uso lente e nem óculos, pouparia as minhas dores de cabeça e a preocupação de mentir de novo no exame do Detran.
Com esta operação, só tenho um único medo, que eu deixe de reconhecer as pessoas ou que faça o mesmo que aquele meu ex-namorado, que passou a enxergar e sua primeira resolução foi terminar comigo.
O mundo que se cuide, pois semana que vem verei o mundo com outros olhos e novos olhares nunca fizeram mal a ninguém.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Uma e outra

Uma é sol, outra é lua
Uma sonha, outra pé no chão
Uma cachorro, outra gato
Uma designer, outra engenheira
Uma chorona, outra durona
Uma flor, outra mato
Uma casa, outra aventura
Uma dia, outra noitadas
Uma castanho, outra azul
Uma moleca, outra mãezona
Uma vasco, outra flamengo
Uma comédia romântica, outra francês premiado
Uma praia, outra montanha
Uma dorme, outra aproveita o dia
Uma corre, outra dança
Uma tenta, outra consegue
Uma pinta, outra cozinha
Uma gasta, outra pensa no futuro
Uma sagitário, outra também
Estranho sermos tão diferentes e tão iguais, né irmã?

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Roda Mundo, Roda Gigante

De novo vida organizada, 3 filhos, marido, trabalho, estágio, vizinho go-go boy e….
- Rê, eu não arrumo emprego aqui em São Paulo, em breve você vai berrar comigo, por isso vou para Porto de Galinhas, tomar conta da pousada do meu pai e, é isso. Você vem?
E assim foi Renato rumo ao Nordeste e me deixou aqui em São Paulo com 3 cachorros, trabalho, estágio, empregada que falta, xixi pela sala, pêlos voando, parece o Velho Oeste.
Contratei uma pessoa para passear com meus cães a tarde… vamos chamá-la de “Santa”. É errado amá-la mais que tudo na vida hoje?
Ela passeia com eles, limpa o xixi de casa, repõe a água, dá comida e muito amor para eles, quando chego em casa, estão os 3 cansados, felizes, aliviados e eu mais ainda.
Pensei em mandar flores para a “Santa”, mais ela podia me achar meio lésbica, então ligo toda noite para ela, só para saber como foi o dia feliz com meus cães…
Estamos nos readaptando a vida sem o Renato por perto, planejando as férias, planejando as idas aos parques, nós 4: eu, Fuka, Peteka e Zézinho. Já choramos abraçados pensando no dia que o Fuka vai ficar com seu pai nordestino, ontem rezamos para São Francisco protegê-los de todo mal, e assim caminha a roda gigante, numa vida sem humanos por perto, mas repleta de amor canino…