segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Seu Chico, não abusa!


Sou devota de São Frascisco, não sou religiosa, nem carola, nem frequento igreja, mas São Francisco tem algo que me cativa. Ele sempre fez a parte dele direitinho com meus cachorros, eles vivem bem e com saúde sem nenhum susto no meio do caminho. Em homenagem a ele coloquei o nome do meu caçula de José Francisco (é, o Zézinho se chama José Francisco), mas ultimamente Seu Chico anda abusando de mim.
Quando cheguei aqui, logo na primeira semana, o jardineiro estava capinando o mato alto do terreno e acabou atingindo um jabuti, que rasgou o casco, lá fomos para o veterinário com o jabuti na mão, descobrimos que era uma jabuti fêmea na verdade, e ela morrendo de medo da gente, fez suas necessidades básicas na varanda de casa, na minha mão, no meu pé, no caminho todo para o veterinário, enfim, sorte que nada atingiu ela gravemente e achamos o dono dela.
Depois foi o dia que um timbu entrou aqui em casa, Zézinho (sempre Zézinho) pegou o timbu, mordeu o pobre bicho que morreu aqui em casa, como era muito tarde, deixamos o pobre bicho no terreno vizinho para no dia seguinte fazermos o enterro, mas quando acordamos descobrimos que o timbu safado deve ter se fingido de morto, pois ele sumiu sem deixar vestígios.
Aí, se não bastasse, outro dia entrei no meu quarto e em cima da minha cama vejo o Gagato (o gato que Zézinho tinha explusado de casa), até aí tudo bem, ele aparece às vezes ainda para ganhar uma comidinha, um carinho gostoso e volta para a vida dele na rua, mas só que desta vez ele apareceu com uma gatinha de colerinha rosa, dei o nome de Mel, os dois ficaram na minha cama sem cerimônias, cada um no seu travesseiro preferido, deitei entre eles, brinquei um pouco, e agora eles resolvem aparecer no meio da tarde e ficam me chamando para eu alimentá-los.
Depois, ainda teve o outro timbu bebêzinho que resolveu se esconder no outro quarto de cima da casa, lá estava ele, bem pequenininho, assustado, tiramos ele do quarto, colocamos no quintal e ele sumiu, mas tenho quase certeza que está se criando aqui dentro em algum canto.
E hoje como se não bastasse, tudo isso que meu amigo Seu Chico me manda para cuidar, acordei com um gato na janela, olhei para ver se era um dos meus folgados amigos de sempre, mas era outro felino, peludinho, bem bonitinho, que me acordou às 6 da manhã, entrou no meu quarto, pediu comida, deitou na minha cama e resolveu se unir ao triângulo amoroso que mia.
É Seu Chico, tenho um altar cheio de imagens sua aqui em casa para poder sempre agradecer o que você faz pelos meus cachorros, sei que tenho te dado trabalho extra com meu caçulinha Zézinho, mas será que já não estamos quites? Hein? Daqui a pouco vou virar uma filial do Centro de Zoonose.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Redundância é...

... Thaís Araujo no papel de Helena falar para o médico: "Doutor, ando muito enjoada".

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A agitada vida de um vizinho do Zézinho

Faz meses que só vem um nome em minha cabeça "Zézinho", este nome invade meus sonhos, meus pesadelos, invade a minha casa, meus ouvidos, minha paz, minha vida.
Acordo ouvindo seu nome, durmo ouvindo seu nome, queria muito conhecer quem é Zézinho. Este nome sempre veio seguido de um "cadê você?" ou um "já pra casa". Ah! Esta minha nova vizinha deve ter um filho muito levado, mas não entendia quando ela berrava "deixa o gato! Não pega ele, não" ou ainda "solta, solta, não morde isso, cospe, cospe" Coitada este filho dela devia ser treloso demais, pensei.
Mas outro dia recebi a visita de um dos cachorros da vizinha, ele pulou meu muro, foi até a minha cozinha brincar comigo e depois ficou na piscina brincando com meus cachorros, bati lá e falei "vizinha, um dos seus cachorros está aqui" ela saiu assustada e disse "só pode ser o Zézinho" percebi que meus delírios agora tinham um rosto, um rabo e pelos, muitos pelos.
Então Zézinho é um cachorro? E faz toda esta algazarra nesta família? 5 da manhã já vejo minha pobre vizinha me acordando e saindo de casa de pijama procurando o tal peludinho dela, em seguida seu marido de moto.
Agora quando estou na rua já procuro e sei que vou encontra-lo desde que ele resolveu morar na rua toda noite. Assim que a minha vizinha vai dormir, lá sai ele pulando o muro, rasgando a cerca e subindo na caixa d'água para se libertar.
Semana passada, eu estava na praia e vejo meu amigo de 4 patas, chamei em alto e bom tom "Zézinho!!!" E lá veio ele feliz falar comigo, peguei meu carro ele entrou e cheguei em casa com ele ao meu lado: "Vizinha! Olha quem eu encontrei na praia." Ela saiu de casa com cara de acabada, mas feliz e falando: "Graças a Deus, Graças a Deus, não sabia mais aonde procurá-lo"
Bem, são 9 da noite, acho que vou dormir mais cedo hoje pois amanhã sei que às 5 da manhã a minha pobre vizinha descabelada e de pijama irá me acordar, sair pela rua berrando "Zézinho, Zézinho já pra casa".

PS. Para saber mais sobre Zézinho, leiam o que o Daniel escreveu carinhosamente sobre ele. Divirtam-se: http://danielrbo.blogspot.com

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vivendo o agora

Desde que cheguei em Porto de Galinhas, vivo tendo pequenos acidentes. Levei mordida separando briga de Zézinho com Fuka, tomei anti rábica, conheci o hospital de Nossa Senhora do Ó e do Cabo de Santo Agostinho, cai da escada, furei a sola do pé na praia, prendi meu dedo montando a cama, machuquei minha perna separando outra briga canina, unha encravada, cicatrizes novas no joelho...
Enfim, comentei com uma amiga minha e ela me disse: "Você está vivendo agora". E é verdade. Quando se passa 10 horas do seu dia fechado num ar condicionado de uma empresa, 2 horas no trânsito, 8 horas dormindo, 1 hora comendo, 2 horas vendo TV e 1 hora arrumando a casa todos os dias, não sobra tempo para se viver, se machucar, se acidentar, correr atrás de Zézinho, regar a grama, se molhar, andar na praia e fazer das 24 horas do dia algo que faça com que a vida fora de casa deixe marcas.
Estou adorando meus novos acidentes, me divertindo com as minhas novas cicatrizes que ensinam que existe vida para viver e que a hora para viver é agora.

domingo, 15 de novembro de 2009

Abaixo a caretice

Uma moça de 20 anos, sai de casa para ir para a faculdade, coloca a sua mini saia rosa, entra em uma universidade paulista e é ovacionada como uma mulher a frente do seu tempo, é da turma dos que formam opinião, dos que se rebelam, dos que pensam, agem, entram em luta contra a ditadura e a opressão.
Esta moça, sabe que em uma universidade se aprende a confrontar, a pensar, a diversificar os conhecimentos e as escolhas, elas foram criadas para formar mentes para o futuro e esta moça, sabe disso.
Estamos nos anos 60, onde muitas meninas disseram que não queriam mais fazer apenas o curso "normal" para serem professoras primárias, queriam ser cientistas, astronautas, engenheiras, médicas, para acompanhar toda esta liberação usavam mini saia, biquini ousado de duas peças, se libertaram das funções de esposas e donas de casa. A mini saia era apenas um reflexo disso. Não é sua roupa que dizia quem era esta moça de 20 anos, era a atitude, uma consequência, ela pode vestir o que quiser, ela se libertou, ela estuda, ela fuma, ela faz sexo sem casar, ela lê Sartre, ela tem opinião.
50 anos depois, outra moça de 20 anos não pode mais usar sua mini saia em uma universidade sem causar outra comoção nacional, sem ser vaiada e xingada, estamos falando ainda de uma mini saia? Não. É mais que isso que a moça da Uniban enfrentou. Neste país tropical que na TV vemos dançarinas de funk dançando para closes de câmeras quase ginecológicas, vemos homens de terno e gravata matando e roubando e lindas moças de tailler sonegando impostos absurdos incentivando contrabandos, aquela moça de 20 anos que usou uma simples mini saia rosa em 2009 foi pagar o pato por que mesmo?
Será que agora nas universidades mulheres terão que vestir uniformes? Mulheres vão se masculinizar ainda mais para poderem ser respeitadas?
Uma mini saia causou sim uma revolução para nós mulheres, uma boa revolução no passado, esta nova revolução que veio agora, eu não quero fazer parte, não quero acreditar que a cabeça dos jovens de hoje julguem uma pessoa pela roupa que veste, não quero viver em um mundo que o futuro estará nas mãos de pessoas que condenam e absolvem com o preconecito e a caretice como armas.
Quero continuar a usar a minha mini saia rosa, aos 35, 40, 45 anos sem que alguém tenha alguma coisa a ver com isso. Quero acreditar que a juventude não vai se encaretar ainda mais, pois jovem que não ousa nem inova e apenas recrimina vai melhorar em que o nosso futuro?
Abaixo a caretice!!!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

No mercado

Hum, vou comprar um chocolatinho para decorar o bolo, ah! posso fazer uma panqueca de chocolate, derreto o chocolate em banho maria e coloco no recheio e sirvo quente senão fica duro, ah! posso colocar creme de leite com o chocolate no recheio da panqueca, ai, que coisa de gorda, agora você coloca biquini todo dia e neste calor compre frutas, mas um chocolatinho cairia tão bem, frutas, chocolatinho com banana, hum, frutas ok, vou comprar frutas, onde ficam os chocolates neste mercado, frutas, frutas, chocolate, chocolate, frutas e chocolate uma coisa não anula a outra, não? Não. Não anula, compre frutas e uma barrinha de chocolate pequena, bem pequena, minúscula, um talento de 4 quadradinhos, ah! Talento de 4 quadradinhos não engana ninguém. Frutas, decidido.
- Oxê, onde ficam os chocolates, moço?
- No freezer, junto com a manteiga.
- Uia.
Num lugar que faz tanto calor que o chocolate fica no freezer junto com a manteiga, decidido, vou comprar Uva.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Bate-papo de finados

Será que precisa de um dia no ano para que as pessoas se lembrem dos que se foram? Falam: "Opa, hoje, vou lembrar da minha avó". Este feriado teria mais sentido se no dia 2 de novembro, pudéssemos dar uma ligação para os nossos mortos, só uma, por 5 minutos, eu ligaria para meu pai:
- Oi Paizão. Que saudades.
- Oi Amoreco.
- Como você está?
- Bem e você?
- Bem também, o que você conta daí?
- Ah! Tenho feito tantas coisas, outro dia fui nadar com um cavalo.
- É? O cavalo era bravo?
- Era muito bravo, mas domei ele rapidinho, agora quando me vê, vem atrás de mim para fazer festa. Parece um cachorrinho.
- Jura? O que mais?
- Ah! O de sempre, me pedem conselhos sobre tudo e como eu sei de tudo sou muito requisitado, encontrei muitos amigos aqui e fiz alguns novos.
- Imagino - sorrio um pouco - e já foi pescar?
- Fui, na praia outro dia te ver, aproveitei para pescar.
- É?
- É, você não me viu, mas você me sentiu, né?
- Senti sim pai, na hora começou a tocar a música "Mais que nada" no meu mp3, não foi?
- Foi sim, minha filha, era eu.
- Pescou algo grande?
- Não, você sabe que só pesco peixinhos, você sim era uma pescadora melhor, pescava os grandes, desde pequenininha.
- Nunca mais pesquei.
- É, eu sei. Preciso desligar. Amanhã nos vemos de novo no mar?
- Com certeza. Amanhã cedo estou lá, olhando para você, pai.
- Te amo amoreco.
- Te amo, até ano que vem ou até amanhã.

Isso sim seria um feriado que faria sentido...