quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2010

Dizem que no ano novo, todos renovam as energias, as esperanças, as crenças.
Dizem que vestir branco traz sorte, comer uvas traz dinheiro, pular ondas traz renovação.
Dizem que calcinha vemelha atrai paixão, rosa amor, verde esperança.
Dizem que na passagem do ano tem que se fazer tudo o que mais gosta para o ano inteiro ser bom.
Dizem que tem que usar roupa nova, sapato novo, sonhos novos.
Dizem que fazer uma lista de promessas para cumpri-las é bom.
Dizem que ir nos Capuchinhos traz proteção para o ano todo.
Dizem que jogar rosas, perfumes, dinheiro para Iemanjá traz fartura.
Dizem que tem que estourar champagne, beijar o amor da sua vida, comer as uvas, pular as 7 ondas, ver os fogos, vestida de branco, tudo ao mesmo tempo naquele segundinho da virada é sinal de um ano perfeito.
Eu já não acredito neste segundo mágico onde tudo deve ser feito ao mesmo tempo para a vida se renovar. Acredito nas atitudes que mudam no decorrer do ano e que através delas conquistamos novas coisas positivas para a nossa vida.
Para mim, 2010 vem com cara de alívio, finalmente, ufa, até que enfim já era hora de deixar este velho 2009 no passado.
Obrigada 2010 por chegar logo. Venha rápido, vem depressa. Quero os dias que vem com ele, quero os sonhos que plantei nele, quero as esperanças, os gostos, os desejos, os suspiros, as alegrias e os choros contidos que me fazem acreditar que ele será um bom ano.
Feliz 2010.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Natal sem cara de Natal

Este Natal não teve cheiro de Natal, não teve cara de Natal, não tiveram rituais de Natal. Este ano o Natal pareceu um dia comum com troca de presentes, sorrisos simpáticos, pessoas amigas, mas não era Natal.
Natal tem que ter sapatinho no corredor, busca infinita por presentes perfeitos, parabéns para você no bolo para Jesus, Copacabana enfeitada, família reduzida... É, este ano não teve nada disso. Nem pareceu Natal. Nem chorei, nem teve a meia noite com o cumprimento feliz e sincero. Teve um brinde, uns abraços, algo estranho e diferente.
Foi bom. Foi um novo Natal que provavelmente veio junto com a nova vida. Foi um Natal onde o cheiro foi outro, o gosto foi outro e todas as novas cores deste Natal foram felizes e leves.
Continuo acreditando em Papai Noel e sei que ele me deu este Natal sem cara de Natal para ver que na vida tudo podemos mudar e nos adaptar e só cabe a nós nos abrirmos para coisas que podem ser diferentes e boas. Papai Noel não me deixou presentes no sapatinho, me deixou amor, saudades e muitas certezas, a principal delas é que na vida tudo muda, menos as nossas crenças.
Obrigada Noel.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

35. Sem crise?

Para chegar aos 35 eu mudei. Mudei de Estado, de cidade, de qualidade de vida, de casa, de tudo. E aqui estou eu, em uma vida totalmente nova completando mais um ano. Arrumei tudo para chegar aqui hoje e dizer: "35, sem nada a desejar". 35 sem planos para fazer a não ser o de continuar a ser feliz.
Fazer 35 anos assim é fácil. Facinho. Nem estou em crise. Nem estou me achando velha. Nem estou nada disso. Não, não estou nem aí.
Pára o mundo, "Passei dos 30", sem crise de aniversário? Sem crise por mais um ano de vida? Bem, não devia desejar nada mesmo, mas sou mulher e como toda mulher existe sempre algo a mais para se desejar e como toda mulher, odeio envelhecer.
A partir do dia 22 de dezembro estarei mais para 40 que para 30, estarei mais pra lá que pra cá, estarei com os números aumentados e as evidências da vida descendo ladeira abaixo e de bob no cabelo. Socorro!!! Porque a idade chega, os números crescem, o tempo passa. Porque?
Dá para desejar fazer 35 sem nada ligado a células mortas, envelhecimento, rugas, hormônios alterando virem junto? No pacote? Despencando? Empelancando? Desmoronando?
Alguém sabe se o Pitangui tem um neto que opera e tem horário para hoje?
Feliz 35 para mim e para minhas saias curtas e para todos meus lacinhos no cabelo. Feliz 35 para minhas células que hão de não me abandonar agora. Feliz 35 para mim e para vocês que envelhecem comigo. Feliz 35 pra gente.

PS. A viagem? Vão render uns 20 posts... aguardem.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Isso não te pertence mais

Morando aqui descobri que existem coisas que agora não me pertencem mais: Mussarela de búfala, Ovomaltine, arroz arbório, pão francês, Colgate Professional Clean, pedicure que faz massagem no pé, banho em pet shop, rúcula, queijo de minas, pastel de feira, queijo parmesão ralado na hora, pele macia, calça jeans, salmão, sashimi de salmão, temaki de salmão, brigadeiro, Amor aos pedaços... Você pergunta muitas vezes às pessoas por algum destes itens, que te olham com cara de "han?" e você fica parecendo uma frustada reclamando que o pão francês é ruim, o risoto é feito de arroz normal e Sorriso não é pasta de dente que eu gosto e aprende que tudo isso que para quem mora em São Paulo parece óbvio de se encontrar e para você agora se tornou artigo de luxo.
Muitas coisas fazem falta nesta minha nova vida calma e pacata que resolvi viver, mas me fazem pensar que país é este que segregam as pessoas por marcas e gostos? Quem mora aqui no Nordeste não merece um croissant? Um risoto bom? Uma rúcula gostosinha? Um bolo de mousse do Amor aos Pedaços?

PS. O que me pertence agora são as férias que vou tirar, uma semaninha aqui no Nordeste mesmo, Fernando de Noronha, Fortaleza e Natal volto no meu aniversário aguardem o post de feliz 35 para mim. beijos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Notícias fesquinhas

Aqui não tem jornal, não tem rádio local, não tem revista, não tem nenhum veículo de comunicação que conhecemos, assim, não tem como a notícia se propagar a não ser pelo bom e velho boca a boca ou no polpular conhecido como fofoca de vizinho. E como quem conta um conto aumenta um ponto imagine como a notícia chega?
Mas para amenizar este problema existe uma mídia muito eficaz e rápida que a cidade grande deixou de lado por motivos óbvios que é o carro de som, aqui mais precisamente a bicicleta de som.
Atráves do som "mono" ouço as novidades fresquinhas da cidade: Exame de vista grátis na ótica local, o óculos parcelado em 4x sem juros, basta levar RG, CPF e comprovante de residência. Onde? Em frente a Igreja Universal perto da praça da televisão.
Sim gente, existe uma praça onde a televisão é coletiva e Igreja Universal existe em qualquer esquina, mas ótica que faz o exame de vista de graça para toda a população? Eu não sabia que isso podia ser feito. Será que lá tem todos os equipamentos necessários? Bem, a população local ficou feliz e deve ter feito fila na ótica e enquanto esperavam na fila viram TV ou oraram um pouco.
Outro dia, andando pela rua eu ouço umas moças passando e falando: "Vamos lá ver o menino afogado". Eu espichei meu ouvido e pensei: "Que coisa mais mórbida, ver o menino afogado? Será que elas vão ver o corpo estirado lá na beira do mangue? Isso é legal?" Eu, recriminei na minha cabeça, mas depois entendi quando a bicicleta sonora passou anunciando a morte do menino de 2 anos afogado no mangue. Ouvindo a notícia eu pensei que se tivesse um jornal local, mostraria a mãe da criança chorando contando o que aconteceu exatamente, a avó desmaiaria e todo o sensacionalismo que a notícia "merecia" seria mostrada. Mas com a notícia fria sem detalhes ouvida pela bicicleta de som, cabe ao povo que se interessa ir ver de perto, conferir e fazer da sua notícia uma parte da história a ser contada.
Os choques culturais são muito grandes quando se sai de uma cidade como São Paulo e vem morar numa praia de Pernambuco, pois fico indo além e pensando em como será que se sabe se o vereador daqui não esconde dinheiro na meia, ou se a praia teve o dia mais quente, ou notícias simples como a inauguração de um bistrô, ou então o aumento da passagem da lotação. Como que a notícia se propaga quando o assunto é comum de todos? No boca a boca? A bicicleta de som sai anunciando? Haja perna para o menino que anda nela o dia todo com os alto falantes mono estridentes.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Aline, Dona Flor, Zelda Scoth, Renata Cintra?

Ter um marido dá trabalho. Imagina dois? É caso para enlouquecer, virar lésbica, tomar rivrotil, sair pelada gritando, vocês não acham?
Pois bem, eu agora tenho dois maridos. (Óóóó mão na boquinha de susto?) Achei que a vida estava calma demais, então, um amigo do Renato estava muito tristinho em São Paulo, quase enlouquecendo naquele processo todo que eu já vivi e chamamos ele para morar com a gente. Chegou cheio de bagagens, vara de pescar, bagunça ao cubo e se instalou.
Agora enquanto um marido sai para trabalhar outro fica em casa e vai para a praia comigo, depois faz o almoço, afinal este meu novo marido é chef de cozinha internacional (está bom pra você?), e a noite enquanto um marido dorme de cansaço do trabalho, outro adora ver filmes até tarde comigo.
Enquanto um prepara um peixe com molho de manga para mim, outro fica tomando cerveja.
Quando brigo com um, vou bater papo com o outro e vice versa.
Quando a bagunça de um eu termino de arrumar, a do outro já está pronta para a arrumação não ter fim, infinitamente.
Quando os dois se unem nas suas conversas e divagações eu me excluo no meu cantinho feminino para não pirar.
Este meu novo marido é muito atrapalhado e distraido o que me faz ter acessos de riso intermináveis.
Estamos pensando em montar uma banda chamada "Os retirantes", sobrou para mim tocar baixo, coisa que não sei nem como começar, mas tempo é o que me sobra nesta nova vida.
Só fico pensando que será muito triste quando ele for embora do nosso triângulo nada amaroso e quiser sua própria casa, pois a vida ficou muito mais divertida assim.
A vida é fácil para vocês na cidade grande? Aqui em Porto das Galinhas, bairro pacato de Ipojca nos cafundó de Pernambuco nada é simples, nada é básico, nada é calmo.