sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Quase meio século

Outro dia fui passear em João Pessoa, já que minha mãe e minha madrinha estão por aqui, estávamos lá, na Ponta do Seixas quando o guia fala:
- Este farol foi construido em 1972 ele tem quase meio século.
Acabou a viagem para mim neste momento. Como assim de 72 e tem quase meio século? Se eu que sou de 74 tenho "quase" quase meio século? Este blog terá que se chamar agora "quase meio século"? Faça as contas Sr. Guia, 1972 para hoje, não dá nem 40 anos, como você diz meio século, assim, na lata, na cara?
Fiquei mal humorada até o final do dia com uma ideia fixa na minha cabeça "Quase meio século, quase meio século, quase meio século" quando o guia solta uma pérola que me aliviou a alma:
- João Pessoa é a 3ª cidade mais antiga do Brasil, só fica atrás de São Paulo e Brasília.
Han? Ele não sabe mesmo fazer conta, não sou eu que tenho quase meio século, Brasília que tem quase meio século e como pode ser uma das três cidades mais antigas?
Ufa. Respirei aliviada, eu não tenho quase meio século e nunca mais comentaremos o assunto, ok?
Agora um parêntese: (Sr. Guia vamos estudar história antes de falar tanta besteira e quase fazer uma turista cortar os pulsos com a faquinha do bolo Pullman?)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Novos hábitos

Mudar a vida e morar em veraneio, nas férias sem fim, muda tudo, incluive coisas que antes pareciam ter importância ou relevância.
Sapatos - Para que ter 50 pares de sapatos se você só usa Havaianas?
Hidratante - Só serve para você suar mais.
Calça jeans - 4 meses que não uso.
Protetor solar - 1 frasco do fator 98 (novidade!!!) por semana.
Cabelo - João foi a melhor solução.
Mosquitos - 4 raquetes de dar choque neles.
TV - Nenhum canal aberto pega razoavelmente bem, portanto SKY.
Livros - 1 por semana.
Cachorros - Muitos e sujos (pra que aqueles banhos em pet shop caríssimos se eles vão ficar sujos no mesmo dia?).
Música - Rádio nunca mais. Otto e Mombojó para entrar no clima.
Plantas - Muitas. Agora a moda é plantar citronela para espantar mosquitos.
Gatos - 3 oficiais (Gagato, Pudinzinho e Biscoitinha).
Biquinis - Muitos e coloridos.
Unhas - Rosa chiclete.
Amores - 1 humano. 4 caninos. 3 felinos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Respira Renata, respira.

Hóspede em casa é bom, por 1 ou 2 semanas, mas 2 meses começa a estessar.
O hóspede em questão é o amigo do meu marido que resolvemos acolher, por estar numa fase difícil da vida, mas abuso tem limites, vê se concordam:
• Cozinhar às 11 da noite e deixar a louça suja na pia;
• Deixar tudo espalhado pela casa;
• Sair para pescar e deixar o anzol ao alcance dos meus cachorros;
• Deixar a roupa suja no chão da casa;
• Toalha molhada nas cadeiras da sala;
• Deixar sapato cheio de areia na sala;
• Comer tudo e não deixar nada para o café da manhã e nem comprar nada depois para repor;
• Tomar conta do controle remoto da TV e não deixar você ver a sua novela;
• Chamar a namorada para vir visitá-lo sem respeitar o prazo estipulado por mim, afinal janeiro a casa estará lotada e só tenho 2 quartos de hóspedes;
• Não encher a garrafa de água gelada;
• Nunca fazer a cama;
• Usar o banheiro e deixar todo molhado com a bermuda pendurada no box;
• Fazer pipoca de madrugada e não limpar nada, e ainda deixar cair pipoca pelo sofá;
• Sentar com a bermuda cheia de areia no sofá novo;
• Dormir com a luz acesa;
• Deixar copo molhado na mesa de madeira;
• Deixar o portão aberto quando sai e quando vou ver meus cachorros estão na rua sozinhos.
Enfim, se eu continuar falando aposto que vocês vem correndo para cá expulsá-lo da minha casa. Eu e o meu maridinho estamos nos revezando entre o que vamos falar com ele, mas é difícil você falar para um marmanjo o básico da vida então, tem dias que sou eu e dias que ele que tem que falar.
Outra noite precisávamos lembrá-lo de trancar o portão, pela milésima vez, para não termos surpresa com nossos cães pela rua a noite, aí meu maridinho diz:
- Renata, fala para ele do portão.
- Ah! Não fala você. Está na sua vez.
- Amor, temos que ser o policial bom e o policial mal, eu sou o policial bom e você é a má.
Ficamos horas rindo e nos demos conta da vida insana que estamos levando, peguei uma vassoura para colocar atrás da porta, aí meu marido viu e disse:
- Que feio Rê.
Eu quase tirando a vassoura, me achando a pior pessoa do planeta por recorrer a simpatia mais básica para expulsar hóspedes, quando ele completa.
- Tem que ser de cabeça para baixo para dar certo.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Navegando por aí

Fui fazer um cruzeiro com meu maridinho pelo Nordeste, foram dias incríveis. Confesso que tinha preconceito quanto à cruzeiros, achei que só encontraria velhinhas e show de passistas de escola de samba, mas sabia que me surpreendi? Achei muito divertido tudo, os shows com cantores que ficaram em último lugar no Ídolos, os desafinos da pianista que acha que canta, as comidas ruins, o campeonato de buraco, o barraco da Heleninha Roitman* no corredor, os filipinos que serviam as mesas e não falavam inglês, nem espanhol, nem língua nenhuma provavelmente, as peruas e seus laquês no cabelo no alto dos seus saltos 15 para andar num navio que sacoleja mais que tudo e muitas outras coisas que eu vi e percebi que de tudo nesta vida temos que experimentar.
O destino principal era Fernando de Noronha, passamos antes por Natal, passeios de bugue pelas dunas, lugar mágico e o nordestino** é um povo hilário, cheio de histórias para contar. Conheci uma senhora que vendia bolinho de macaxeira, se chamava Maria Segunda.
- Nossa, que nome de rainha, sua mãe era Maria Primeira?
- Não, meu nome é Maria Segunda pois nasci numa segunda feira.
E tudo bem, a vida continua, é claro para ela que isso parecia óbvio e para mim algo a ser digerido, decodificado e engolido. Como assim? Se ela nascesse no sábado seria Maria Sábado?
De lá fomos para Fortaleza, outro lugar encantado, praias lindas, sol perfeito, de lá pegamos um dia inteiro de alto mar rumo Fernando de Noronha, mareada, enjoada, entediada, chegamos ao paraíso e não desembarcamos pois segundo nos avisaram não tinha condição climática e bla, bla, bla, depois descobrimos que o pier estava quebrado fazia 2 dias, enfim, pula esta parte.
Chegamos depois de mais um dia inteiro em alto mar na Paraíba, onde eu quase esqueci que não estava em Fernando de Noronha e vi uma das praias mais lindas que se chama Tambaba, praia de nudismo, mas acabou que nem tirei a roupa.
Enfim, voltamos para casa cheia de histórias divertidas, amores renovados, grau de champagne em dia e saudades dos peludinhos que ficaram em casa.

*Heleninha Roitman, era uma doida do navio que bebia todo dia até dar escândalo, e por sorte a cabine dela era ao lado da minha, pois o show mais divertido da viagem era ver em quanto tempo Heleninha iria arregar. Na primeira noite do escândalo ela começou a berrar "desgraça, help" eu acordei, coloquei meu colete salva vidas e tive certeza que o navio estava afundando, mas na verdade quem tinha afundado na bebida era ela, minha querida amiga Heleninha que promovia a "festa do pijama" mais animada.
** Como tem gente que lê meu blog e acha que eu falo mal do Nordeste, resolvi dizer que amo o Nordeste senão não morava aqui. Amo o povo, as pessoas, a história. Continuo sentindo falta das coisas que só quem mora em São Paulo entende do que eu estou falando.