sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A nobreza felina

Sempre fui louca por cachorros, amo meus cachorros, pego na rua, cuido, alimento os vira-latas mais sarnentos, cato carrapato deles, dou carinho, amor. Nunca tive gato, minha mãe tem pavor, sempre morei em apartamento e a dinâmica de ter gatos e cachorros no mesmo espaço me parecia inviável.
Desde que vim morar aqui, em Porto, achei uma maneira de alimentar os gatos sem que eles se encontrassem com meus cachorros, eles ficam na varanda do meu quarto e os cachorros no andar de baixo, e com isso foram surgindo cada vez mais felinos para alimentar, dar carinho, arrancar um ronrrono sem compromisso.
Mas, dentre todos os gatos que vem pra cá todos os dias uma em especial me cativou. Ela é da rua, é do mundo, não fica de chamego, não aceita desaforo, briga com todos os outros, come só em cima da minha cômoda sozinha, sem ninguém por perto, depois olha para trás e se despede de mim com um olhar doce e vai embora.
Só que ela apareceu grávida, ficou tão pequenininha com aquele barrigão desproporcional, tinha que colocar a comida dela no telhado, pois ela não conseguia mais pular e ficava ofegante se recuperando para retornar para as ruas. Hoje eles nasceram, aonde? eu não sei. Ela apareceu com sua nobreza única para se alimentar e vi que estava mais magra. Fiquei pensando em como a natureza é, o pai dos gatinhos nem se preocupou com nada, nem sabe que os filhos nasceram. Fiquei imaginando ela sozinha tendo os filhotes, escolhendo o melhor lugar para tê-los, sem conforto, sem apoio.
Me deu vontade de abraça-la, aperta-la, e dizer parabéns minha menina, que no auge dos seus 6 meses provavelmente teve que cuidar sozinha de tudo, assim como muitas mulheres fazem, muitas cadelas, muitos passarinhos.
Parabéns Melzinha, espero que seus filhos sejam lindos e que você ensine a eles a nobreza que é ser um gato.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

É de endoidar qualquer um

O que é aquela propaganda da Caras com a princesa Paola imitando a Maria Antonieta?
Porque tem um gatinho lindo na rua que escolheu tomar conta do orelhão como se fosse dele não deixando ninguém usá-lo sem antes ganhar um "super ataque"?
Vai acabar o horário de verão e anunciam isso aqui no Nordeste incansávelmente como se mudasse a nossa vida, porque?
Porque mesmo eu indo à praia todo dia, ainda me oferecem passeios de bugue como se eu fosse turista? Helloooo! Olhem meu bronze!
Porque as Casas Bahia se uniram ao Grupo Pão de Açucar? Querem dominar o mundo?
Porque os mosquitos conhecidos por aqui como muriçocas não percebem que não são bem vindos?
Porque minha casa faz 5 meses que não pára de ter hóspedes? E porque os hóspedes não percebem que não são tão meus amigos assim para ficarem aqui em casa? E porque tive que ouvir de um hóspede que "Pior que carioca só argentino"? Ei... Eu sou carioca. Combinado?
Porque quando eu ouço Chico paro de escrever este texto, suspiro, sorrio e percebo que ainda ele dá um caldo?
Porque todo Pernambucano insiste em me contar que o Eduardo Campos governador daqui é filho bastardo do Chico Buarque? Ele não é, está bem? Ter olho claro não quer dizer nada.
Porque chamam xarope de lambedor? Lambedor para mim parece que é um tipo de pirulito. Ai, que tosse. E eu me recuso a pedir isso em voz alta.
Porque o simples fato de eu estar sem emprego significa que as pessoas possam me pedir favores esdruxulos como planilhas em excel. Sou designer não expert em pacote office, ok? Escrevos meus textos em clariswork. Preciso dizer mais?
Vamos endoidar outra pessoa? Que tal? Gira a roleta aí, vai.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O primeiro...

beijo, o primeiro amor, a primeira dor, a primeira alegria plena, a primeira decepção, o primeiro susto, o primeiro choro contido, o primeiro "eu te amo", seguido de um "eu também", o primeiro amor platônico, a primeira carta de amor, a primeira perda, o primeiro ganho.
A primeira falha, a primeira mentira, a primeira amizade sincera, a primeira troca, a primeira trova, a primeira linha, a primeira palavra, a primeira certeza, o primeiro engano, o primeiro sorriso, o primeiro jantar, a primeira noite, o primeiro dia, a primeira certeza.
A primeira lambida, a primeira gargalhada, o primeiro suspiro, a primeira palavra, o primeiro cheiro, o primeiro abraço, o primeiro arrepio, o primeiro adeus, o primeiro suspiro, o primeiro frio na barriga, o primeiro choro compulsivo, a primeira saudade que dói como se fosse a primeira vez todos os dias.
O primeiro sim, o primeiro não, o primeiro senão, talvez, pode ser, até breve, o primeiro até um dia, sem certeza, sem previsão.
A primeira estrela cadente, com o primeiro pedido na primeira esperança de que a segunda vez será diferente do primeiro sonho, do primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira dor...