segunda-feira, 31 de maio de 2010

Só em São Paulo

Existem coisas que só São Paulo tem: gente bonita, simpática, lugares finos, meias grossas com cachecol, Oscra Freire, almoço no Seu Maurício, histeria, trânsito infernal, modernidades, ponte estaiada, só São Paulo tem amigos de sempre, que nunca nos víamos antes, pois São Paulo nos afasta. Só São Paulo tem novidades por toda parte, tem shoppings com Tiffany's assaltada, tem lojas super modernas, tem Benedito Calixto com chorinho todo sábado, por lá um velhinho me abordou, seu nome? José Francisco*, escritor de um livro sem pé nem cabeça, comprei por 10 reais, com dicas de do-in, só São Paulo tem, after dark com amigas queridas, exposição na Oca para trabalhar, jantar na casa de amigo querido incentivador do blog, com Nespresso, muito moderno, muito chique, mas só tem em São Paulo, estas pessoas que são distantes fisicamente porém presentes na empatia, no repertório, no paladar.
Entrar em uma loja de um shopping e sair maquiada de Yves Saint Laurent, só São Paulo tem, ver Sex and the city com minha mãe maquiada chiquérrima então, só São Paulo pode ter. Tem luzes, tem piscas, luzes vermelhas para quem vai, brancas para quem vem. Tem ex-síndico do meu ex-prédio que me conhece e me abraça e promete me visitar, só São Paulo pode ter, pessoas que fazem com que mesmo longe da minha casa de hoje eu ainda me sinta fazendo parte de algo, parte de um sonho. Eu vivo o sonho dos paulistas, eu fugi de lá, mas volto para perceber que fugir foi a solução para eu voltar a ver o que só em São Paulo tem com o deslumbramento inicial, porém com os dias contados para voltar para casa, para o meu sonho de paulista**, sonho de viver longe dali, longe do caos, caos que faz com que só quem vive em São Paulo sabe, só quem vive por ali, quem sonha por lá poderia entender, que só em São Paulo nós podemos respirar um pouco do mundo todo.
Volto em breve, pode deixar, pois só em São Paulo tenho meu quarto cor de rosa.
* José Francisco é o nome oficial do meu cachorro Zézinho
•• Ok, sou carioca...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Até logo...

A vida feita de até logos, por obséquios, como vai, pois não, por favor, sorrisos amarelos, frases inacabadas, certezas absolutas, teorias infundadas, nada científicas, nem um pouco categóricas e tudo isso para provarmos que fazemos parte de algo quem nem nós sabemos o que é ao certo. Do que queremos fazer parte afinal? De uma sociedade? De uma estrutura? De uma corporacão? De uma falsa convicção que estamos certos nesta vida? Somos os bem resolvidos nas cadeiras de seus analistas?
Pois bem, odeio certezas absolutas, sorrisos sem olhar, sem ser escrachado, aberto, amplo, sem verdade, sem aperto, sem afeto, sem aquela mão que te toca e você sabe que está no caminho certo, no caminho da real felicidade, a felicidade feita de momentos, momentos pequenos porém que parecem ser eternos, que te fazem suspirar por semanas, meses, momentos que sonhamos acordadas, desavisadas, até a realidade aparecer e perceber que preciso dizer um até logo, por obséquio, como vai, por favor...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Eu escrevo

Eu escrevo para não esquecer, escrevo para lembrar, para anotar, para não apagar o que foi importante. Escrevo para que a memória reviva, eu revivo. Escrevo pois sempre gostei de falar. Escrevo pois nunca fui prolixa. Escrevo para ler, para contar, para trocar.
Escrevo, pois sou teimosa, sou persistente, sou cabeçuda e sofro de amnésia precoce não diagnosticada cientificamente pois chamam isso de distração.
Escrevo pois quem escreve liberta, põe pra fora, desabafa, descarrega, desinibe, desmente, reprova, aprova.
Escrevo pois a saudade às vezes aperta, apavora, cresce e algo parece explodir.
Escrevo pois às vezes na minha mente bagunçada acho que escrevendo tudo se organiza, os pensamentos fluem e eu leio e me entendo. Escrevo pois fico orgulhosa de ver que mais alguém lê, é vaidade.
Escrevo o que penso, às vezes sem a travinha da censura o que já me causou alguns desconfortos. Certa vez escrevi sobre a família talibã, a facção da minha família que briga por tudo, eles leram e eu, me ferrei, falei mal de uma mocinha do trabalho, acreditam que ela leu? Maior rebuliço. Mas escrevo mesmo. Falo mal dos meus hóspedes, mas não deixo de escrever. Adoro escrever, digitar, soltar, desabafar.
Vou continuar escrevendo enquanto minha cabeça mandar, enquanto as ideias aparecerem, ou enquanto eu quiser desabafar.
Obrigada por me lerem, obrigada pelo incentivo e pela amizade que faz com que o "passei dos trinta" complete hoje 4 anos de vida.
Obrigada

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Passei dos Trinta "After Dark"

Data: 27 de maio
Horário: 18h30
Local: Bar Veríssimo - Rua Flórida, 1488
Quem confirmou presença: Claudia, Ana, Vivi, Daniel, MH e eu
Quem vai confirmar presença? Quem? Quem mais?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O breve retorno

Para chegar em São Paulo significa um dia de viagem, 2 horas de carro até Recife, 1 hora de aeroporto, 3 horas de voo, 2 horas de Guarulhos até Congonhas, 1 hora de Congonhas ao Morumbi, casa de minha mãe.
É estranho voltar a cidade que me criou, apenas como turista, vim para trabalhar, por uns dias, mas ainda assim, me sinto uma turista.
Fazia tempo que e não tinha uma casa na minha cidade, um carro, um amigo me esperando no aeroporto, Kiki sempre fazia isso com meu pai, faz tempo...
Hoje posso me sintir como Baudelaire, flanado a prórpra cidade, revendo as esquinas, os avanços, olhando o trânsito sem me envolver e sem tentar achar soluções cabíveis, sem me indignar com a cidade que não é mais minha.
Flanar meu bairro de infância, tão real, tão real parque de sempre, o grito do colégio da rua de trás, a feira de quinta e de domingo, a padaria às 6 da tarde, que cheirinho bom, cheirinho de pão e eu flanando, flanando por pessoas que não fazem mais falta na minha vida "Bom Dia Gilvan", "6 pãezinhos por favor", nada disso faz parte da minha vida, minha essência de hoje, mas vou flanando, "Caramelo quer passear", as ruas tem os mesmos cheiros, vou flanando, flanando sem me preocupar sem me abater, deixar a saudade não apertar, aqui não é o meu lugar, minha rua não tem asfalto, minha casa não tem número, casa L, casa L, vou flanando pelo meu passado com a saudades do meu presente, olhando como turista tudo o que um dia chamei de meu, minha cidade, meu bairro, minha casa, minha rua, minha padaria, meu porteiro, meu passado.

PS. Flanando por São Paulo poderíamos marcar um novo "passei dos trinta after dark"*, que tal?
*After dark não era o nome da boite de Barrados no Baile?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Médica e monstro

Nunca contei esta história para os amigos, pois ela é tão sem pé nem cabeça e me desorientou tanto e por tanto tempo que eu nem conseguia contá-la, mas hoje estava pensando e resolvi falar e fazer uma enquete: quem é a louca da história?
Vamos lá, me ajudem...
Em junho do ano passado, passei por uma crise braba, sabe? Um luto tardio, uma insatisfação com o trabalho, estava cansada de ficar sozinha em São Paulo e o Renato longe, estava estressada com tudo e todos, enfim, após ficar uns dias chorando sem parar, indo trabalhar de pijama e com vontade constante de sumir, fui fazer terapia.
Confesso que sou uma pessoa muito fechada para isso, mas fui, precisava de um auxilio urgente para pelo menos ter coragem para trocar de roupa antes de trabalhar, recorri a doutora doida.
Estava indo bem, eu ia toda segunda à tarde, fui durante umas 6 semanas quando um certo dia ela não podia me atender na segunda, me ligou e remarcou para quinta, mas eu tive um imprevisto de trabalho na quinta e deixei recado no celular da doutora doida:
- Oi Doutora Doida, aqui é a Renata e não poderei ir hoje, vamos continuar na segunda que é mais fácil para mim. beijos me liga.
Na sexta ela me liga toda brava pois eu havia "faltado a sessão", e era para eu estar lá em uma hora, era uma ordem, missão simples para quem mora em São Paulo no Morumbi e ela atende no centro, né? Umas 6 da tarde de uma sexta-feira? Melhor ainda.
Avisei que não iria, pois tinha outros planos e que havia deixado recado no celular que ela afirma que não recebeu e ela ainda disse que eu devia ter ficado ligando até conseguir falar com ela. Bem, eu sou da geração que acredita na tecnologia, o recado do celular chega na hora, ou marca que meu número ligou para ela, certo?
Bem, na segunda chego na minha sessão e ela me diz:
- Antes de mais nada precisamos conversar, foi muito feio o que você fez não me avisando que iria faltar a sessão, e não dando pioridade a terapia, você tinha que ter vindo quando te liguei.
- Hãn? Eu não vou assumir que não liguei, pois eu liguei, tudo bem eu pago a sessão que eu não vim, se é isso que importa, apesar de eu ter avisado com antecedência, mas eu não vou assumir que estava errada.
- Sabe de uma coisa mocinha, saia daqui agora. - aos berros - Sai daqui, saia, xô, xô, xô, sai, sai, SAIIIIIIIIII, me carregou até a porta do consultória e me expulsou de lá.
Eu estava em tratamento sério, pois chorar por 4 semanas seguidas e initerruptas não é normal, né? Eu estava tendo que tomar uma decisão difícil, largar meu emprego, minha família e tudo mais para vir morar aqui no Nordeste, e ela ficar carente por eu não ter ligado (segundo ela), nem ter corrido para o centro da cidade às 6 da tarde saindo do Morumbi (pois eu não sou louca de verdade, só finjo). Quem em sã conciência sobrevive a este trauma? O pior, eu saí de lá chorando, não disse uma palavra e fui chorar no colo da minha mãe, que óbviamente queria ir lá socar a doutora doida.
Agora vem a enquete para aliviar ou amaldiçoar minha alma:
Uma médica pode fazer isso com um paciente em tratamento? Falar xô, xô, xô, sai da minha sala e pegar a paciente pelo braço até a porta do consultório e ainda bater a porta na cara dela? Pode? Sem motivo nenhum? É normal? Quem é a doida? Quem?