quarta-feira, 16 de maio de 2012

A mira laser da Nasa

- Esta mira laser chega até a lua!
- Jura?
- É, é da Nasa, eu posso apontar lá fora e você vai ver um ponto vermelho na lua.
- Faz para eu ver. Duvido.
Ele olha lá fora e diz meio cabisbaixo.
- Hoje não tem lua mas amanhã eu te mostro.
E passou o tempo e nunca mais teve lua para o tal ponto vermelho aparecer lá no céu.

Hoje faz 4 anos que perdi meu pai, faz 4 anos que não tenho conversas assim, fantasiosas e cheias de apetrechos super valorizados, faz 4 anos que uma pontinha de mim fica sempre suspirando, com olhos meio mareados quando vejo algum pai com sua filha, sorrio quando vejo um homem grisalho de suspensório, fico com vontade de ir lá e abraça-lo, mas não faria muito sentido, não aliviaria a falta que ele faz, me seguro. Hoje, há 4 anos, foi o dia mais triste da minha vida, foi o dia que me faltou ar, me faltou chão, me faltou meu mundo. Mas mesmo assim hoje, eu queria voltar estes 4 anos para tocá-lo pela última vez, mesmo com ele inconsciente, mesmo sabendo que tudo o que viria depois seria sofrido demais, eu queria um último beijo de boa noite. Mas hoje só vou poder ver se a lua está com algum pontinho vermelho no céu, se ela aparecer.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Depois de 1 mês

Ah! Foi tão rápido! Eu vim para São Paulo toda chorosa com saudades e medos, mas me viro tão bem aqui que posso falar? Senti falta só do meu nêgo e do meu Zézinho. Ah, do calor também, do meu shorts jeans gostoso de vestir. Senti falta do pilates e do mar. Amei ver o Ju por dias e dias, rir com ele e aprender tudo o que ele me ensina, amei ver Kelzinha e suas histórias da filhota, amei ver a Clau e a Ana, o Luquinha e a Paulete. Amei cada segundinho da companhia de vocês. Fiquei triste por não ver a Vivi. E as pessoas novas e incríveis que conheci? Ah! Foi ótimo trabalhar com elas. A minha afilhada que apesar de eu ver tão pouco, somos unha e carne, mega amigas e queridas. Duas princesas basicamente. Eu e ela. Adorei ficar com minha mãe e suas peruadas, fazer máscara de botox em pleno shopping é algo que só com ela eu passo este vexame. Passear com o Caramelo e vê-lo tão grudadinho, fazer a festa de aniversário de 14 anos dele, foi tão bom. Vi meus amigos da Belas Artes que não via a tempos, conheci a filhinha de um, revi os filhos de outra, foi maravilhoso. E a amiga que vi todo dia pela Vila Olímpia depois de 17 anos sem ver? Foi muito bom. Maravilhoso também ter tido a companhia de minha "cumadre" me levando ao trabalho todos os dias e papearmos como a tempos não fazíamos. Ver minha irmã e convencê-la a fazer o tal botox no shopping com o rol das peruas da família, ver o meu cunhado querido, minha prima, minha madrinha, meu afilhado, foi perfeito. São Paulo me mostra sempre coisas novas, me mostra sempre que posso me virar bem aqui de novo. É até pecado eu reclamar da minha vida na praia, mas amo este agito, este trânsito, este caos. Fazer o quê? Volto para Porto feliz, porém sempre parte de mim fica aqui na cidade grande. Nunca fico completa aqui nem lá. Pois sempre me falta algo ou alguém, onde quer que eu esteja. Aos amigos que consegui ver, obrigada. Aos que não deu tempo, até breve. PS. O novo blogger não me deixa fazer parágrafos, é normal?

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A pessoa sem ponto final

Parece muito, mas não é. Dizem que nós mulheres falamos 20 mil palavras por dia. Juro que tem dias que eu acho que falo mais, se não falo escrevo, se não escrevo resmungo, penso, converso com minha cabeça quase como uma esquizofrênica frenética para gastá-las. 20 mil palavras gasto rapidinho na mesa de bar com amigas. 20 mil palavras rendem dias com o marido que ouve as primeiras 200 e já me manda calar a boca para ouvir o Jornal da Band, depois você mega feliz com o fim do noticiário começa a falar suas 19.800 palavrinhas que restaram e vem o Jornal Nacional e o "Cala a boca pelo amor de Deus!" ecoa. Recorro aos meus filhos peludos, sorte deles que tenho 10 para conversar, brincar, cantar musiquinhas, falar bobaginhas e gastar palavras. Gasto mesmo. Tem dias que estou mais calada e as pessoas até estranham e acham que é mal humor, mas não, pode ser que tenha falado demais da conta no dia anterior ou esteja poupando para o dia seguinte. Pois ponto final mesmo, deixa de existir quando estou empolgada e feliz. Tenho uma gatinha que é assim, sem ponto final. A Little. Até a segunda infância achava que ela era muda, nunca tinha escutado um miado da pobrezinha, porém de repente deu uma de Emília, tomou uma pílula e tagarelou, tagarelou a falar... Imagino como deve ser duro para os homens conviverem com a gente neste tagarelar sem fim... Vejo minha mãe, minha madrinha, minha afilhada, todas sem ponto final, todas no bla, bla, bla, que animam a vida, pois o mundo em silêncio, seria muito sem graça, não acham?