terça-feira, 25 de setembro de 2012

Foi um sonho...

Hoje acordei e tinha 17 anos no meu quarto cor de rosa, com papel de parede de flores e barulhinho de jogo de tênis ao fundo. Me espreguicei e percebi que algo estranho estava acontecendo. Eram 6 da manhã e eu tinha que ir para a faculdade. Meu cabelo estava imenso e a variedade das minhas roupas se resumiam a uma calça clochá para vestir ou uma mega apertada da MOfficer, sem falar nas camisetas com ombreira, coloquei a da MOfficer que significaria ficar sem respirar pela manhã toda, mas "Ok". Peguei carona na "Cristina", era o nome do carro do meu amigo Beto, um opala verde vômito horrível, (desculpa Beto, mas era...) fomos pelas ruas do Morumbi, não existia o túnel, estranho, pensei, devo ter sonhado com este túnel milagroso do Maluf.
Entrando na faculdade senti todos os cheirinhos de tinta da Belas Artes, o cheiro do risoles de queijo do boteco da esquina, o peso das pastas e tintas que eu carregava, estava tudo ali de novo. Tive aula de colorir com a professora Ivone, caramba, pra que fazer tantas bolinhas de tinta se existe meu mac? Mas meu mac não existia de verdade naquela época, ficamos fazendo bolinhas de tinta do branco até o preto passando por 20 tons de cinza (antes, muito antes do livro de sucesso da atualidade com 50 tons) e adolescente ri a toa, tivemos um ataque de risos sem fim, rimos tanto que fomos expulsos da aula. Na calçada, com uma amiga solidária a gargalhada eu disse: Tudo bem, é só um sonho, já fomos expulsos desta aula e nada aconteceu, passamos de ano, nos livramos destas bolinhas para sempre, na nossa época vai existir Ilustrator, Photoshop e é nisso que faremos estas corezinhas. Tentei acalmá-la. Continuamos rindo. Foi só um sonho. Isso nunca aconteceu. Ou será que aconteceu?
Acabou a aula e encontrei a Patinha para passear com o Sunset, meu santo beagle que aguentava minha paixão pelo Rico e minhas longas caminhadas, fomos para o caminho de sempre, sentamos na lombada de sempre e ela me perguntou sobre o futuro, afinal, era um sonho, ou não?
- Como vai ser? Seremos realizadas? Felizes, ricas, magras, loiras? Estaremos casadas, com filhos? Nossos pais estarão bem? Nossa casa é grande? Temos algum cachorro? Gato? Papagaio?
Fiquei sem saber o que responder. Não sei se eu sou uma pessoa realizada. Devia ser, tenho um marido maravilhoso para mim, tenho uma família linda, engracada, amiga, tenho amigos muito queridos e amados, tenho os 3 cachorros mais perfeitos e felizes que conheço, tenho 7 gatos espertos, engraçados, berrentos. Tenho um jardim para ser construido em breve com meu pé de manga espada e meu limoeiro.
Não respondi, pois a resposta não era certeira, e aquele encontro comigo do passado, foi mágico, pois o cheirinho de tinta se emaranhou em mim de novo, a vontade de comer risoles, a vontade de levantar daquela lombada e abraçar meu pai que ainda era vivo, e eu podia, apertei Sunset, apertei a Patinha, que graças a Deus continua a mesma amiga querida e voltei para casa como num sonho, era um sonho, flutuando, num piscar de olhos e lá estava ele sentado na mesa dele, trabalhando em casa.
- Oi pai.
- Oi amoreco, como foi seu dia?
- Perfeito, pai. Perfeito.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Nostalgia ou Coisa de Gente Velha


O canal Viva serve para duas coisas: eu me sentir velha e nostálgica. Não sei se vocês têm visto aqueles programas antigos da época que, sem existir TV a cabo era a nossa única opção de entretenimento noturno.
Tem o programa Globo de Ouro, que para falar bem a verdade eu não lembro de vê-lo na época que passava na TV, mas hoje em dia vendo as músicas que faziam sucesso nos anos 80 já é motivo suficiente para eu me sentir assim, nostálgica e velha (eu acrescentaria rabugenta, mas talvez seja cedo demais para expressar isso).
Ontem eu vi o Agepê, nunca tinha ouvido ele de verdade, nunca tive um "disco" dele, nunca fui sambista, e muito menos havia reparado que bonitão ele era (olha a idade chegando e eu achando Agepê "um pão"). Mas é verdade ele era um pão. Ele era mulato, moreno, sarará, com bigode digno, vestido de branco e com seu vozeirão. A música era de qualidade diante do que se vê hoje de "Tche, tchereretchetchetche". Deve ser uma crise passageira porque somos bombardeados por estes artistas sem conteúdo e o que antes era desprezado musicalmente por mim, hoje tudo piorou de uma maneira tão assuatdora que Agepê se tornou meu ícone de rebeldia ao novo. Acrescento na lista a Zizi Possi com seu micro vestido e dentes desalinhados, era verdadeira. Lulu Santos com seu brinco de uma orelha só era jovem, Joana com seu cabelo natural, Guilherme Arantes e seus teclados (é, ele tocava dois de uma vez só). Na verdade, verdadeira, acho que ando meio cansada de dentes brancos demais, alinhados demais, perfeitos demais. Ando entediada com cabelos lisos demais, loiros demais. Ando de saco cheio de pessoas siliconadas demais, bundudas demais ou botoxadas demais. E por isso este post é para o Agepê*, a quem nunca imaginei olhar e dizer, poxa, até que era bom.

*calma gente, não vou virar sambista, muito menos sair cantando "Deixa eu te amar, faz de conta que sou o primeiro" para meu nêgo, ok?