Era para ser meu. Estava escrito.
Cheguei nele nem sei como, nascido de uma ninhada de 3, a dona não
queria se desfazer dele, mas após muitas entrevistas, foram 4, consegui levar
meu troféu peludo para casa. Ele, meu Lelo.
Era a coisa mais linda e bagunceira do mundo.
Era amoroso e brincalhão na mesma proporção.
Era feliz e comilão, roubava comida, abria a geladeira como um cachorro
normal pega a bolinha e devolve ao dono.
Era esperto demais. Sabia cativar sem precisar deixar de ser ele.
Era cheio de manias e mimos, porém sabia ficar na dele.
Foi muito amor que ele nos deu nos 16 anos de vida. Chamávamos de
Highlander, o sobrevivente. Tinha uma ficha médica de dar inveja a qualquer
hipocondríaco, porém muito saudável. Engoliu meia calça, engoliu outra meia
calça, engoliu olho de boneca, engoliu mais meia calça, fomos proibidas de usar
meias calça. E ele comia absorvete, bolo de aniversário da vizinha, carne da
vizinha, camarão congelado, peru do Natal, alho e mais alho...
Hoje, meu mundo ficou pequeno, minúsculo, não consigo enxergar o
horizonte onde não exista Caramelo. O mundo perdeu um grande cachorro. Ele
fazia história. Ele sobrevivia a tudo. Ele era único.
Obrigada por tantos anos de amor.
Obrigada por me ensinar a guardar as meias.
Obrigada por me ensinar a comer olhando para os lados para não ser
atacada.
Obrigada por me deixar ver TV com o secador ligado na sua barriga. (Era
só assim que ele sossegava quando era bebê)
Obrigada por fuçar minha bolsa e sempre achar uma balinha escondida.
Obrigada por animar as nossas vidas.
Se existir um céu, só peço que no seu céu tenha muito tomate, muito
franguinho, muita ração, muito biscoito, muitos passeios com cheirinhos
diferentes. Espero que no seu céu tenha uma geladeira gigante sem trava, um
forno sem complicação para abrir e um freezer cheio de guloseimas.
Se você soubesse a falta que vai fazer... Obrigada meu amigo. São Francisco cuida dele por mim.