Quando eu era pequena, achava que o Rio de Janeiro ficava muito distante de São Paulo, muito distante mesmo… Viajar para o Rio era uma aventura, durava um dia inteiro, levávamos biscoitos, jogos, muitas fitas K7, cobertas, travesseiros.
Conheço cada ponto da Dutra desde então. Sempre tomamos o Ovomaltine antes da serra das Araras, paramos nos postos mais bonitinhos, onde sempre comia pizza e passei a distinguir a melhor pizza da Dutra. Todos os postos de gasolina conheço os banheiros. Conheço também Penedo como uma nativa, pois sempre a parada oficial para ir para o Rio era Penedo, achava até que era um pedágio obrigatório ou coisa assim, parávamos lá às vezes só para “esticar as pernas”.
Fui cresendo e certo dia na estrada meu pai foi parado por um guarda que disse: - Meu senhor terei que multar você.
Meu pai todo feliz diz: - Por excesso de velocidade?
O guarda riu meio sem jeito e disse: - Não meu senhor, por andar devagar demais na estrada, a velocidade mínima é 50km/h.
Aí percebemos que não era o Rio que era longe, na verdade é bem perto de São Paulo, só 400km, era meu pai que dirige muito devagar.
Durante anos achei que o Rio era outro mundo, um mundo distante demais e que para chegar lá, tínhamos o ritual da viagem demorada, onde jogávamos stop, brincávamos de qual é a música, brigava com minha irmã e fazia às pazes, dormíamos, acordávamos e nunca chegávamos ao destino. Foram anos de viagem assim. Muitos anos, e nestes anos, muitas horas intensas de convivência.
Obrigada pai, por ser tão roda presa.
Há 8 anos