Sempre fui louca por cachorros, amo meus cachorros, pego na rua, cuido, alimento os vira-latas mais sarnentos, cato carrapato deles, dou carinho, amor. Nunca tive gato, minha mãe tem pavor, sempre morei em apartamento e a dinâmica de ter gatos e cachorros no mesmo espaço me parecia inviável.
Desde que vim morar aqui, em Porto, achei uma maneira de alimentar os gatos sem que eles se encontrassem com meus cachorros, eles ficam na varanda do meu quarto e os cachorros no andar de baixo, e com isso foram surgindo cada vez mais felinos para alimentar, dar carinho, arrancar um ronrrono sem compromisso.
Mas, dentre todos os gatos que vem pra cá todos os dias uma em especial me cativou. Ela é da rua, é do mundo, não fica de chamego, não aceita desaforo, briga com todos os outros, come só em cima da minha cômoda sozinha, sem ninguém por perto, depois olha para trás e se despede de mim com um olhar doce e vai embora.
Só que ela apareceu grávida, ficou tão pequenininha com aquele barrigão desproporcional, tinha que colocar a comida dela no telhado, pois ela não conseguia mais pular e ficava ofegante se recuperando para retornar para as ruas. Hoje eles nasceram, aonde? eu não sei. Ela apareceu com sua nobreza única para se alimentar e vi que estava mais magra. Fiquei pensando em como a natureza é, o pai dos gatinhos nem se preocupou com nada, nem sabe que os filhos nasceram. Fiquei imaginando ela sozinha tendo os filhotes, escolhendo o melhor lugar para tê-los, sem conforto, sem apoio.
Me deu vontade de abraça-la, aperta-la, e dizer parabéns minha menina, que no auge dos seus 6 meses provavelmente teve que cuidar sozinha de tudo, assim como muitas mulheres fazem, muitas cadelas, muitos passarinhos.
Parabéns Melzinha, espero que seus filhos sejam lindos e que você ensine a eles a nobreza que é ser um gato.
Há 8 anos