quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Se meu pai fosse vivo

Estaria hiper empolgado com a minha mudança. Não estaria feliz por ficar mais tempo longe de mim, mas estaria empolgado. Aposto que compraria um kit completo de pescaria para eu praticar e quando ele fosse me visitar usufruí-lo. Aposto que tentaria comprar um barco para deixar lá em casa. Com certeza compraria um "Banana Boat" de coco, para ficar bem bronzeado.
Estaria dizendo que eu ia ter um vidão, e que poderia contar com ele para tudo. Aposto também que iria chorar escondido. Iria dizer que o bom do Nordeste é que mesmo com chuva, a praia é ótima. Ia planejar um churrasco de camarão, acompanhado de algum prato bem sofisticado à base de lagosta ou vôngoles.
Aposto que iria ficar falando sem parar sobre isso. Incansavelmente para me animar.
Aposto que ia dizer que eu era louca em levar estes meus vira-latas e que ele iria deixar lá de presente pra mim uma caranguejeira, pois já que tenho tanto bicho, uma caranguejeira seria fácil de cuidar.
Aposto que quando eu ligasse para ele chorando dizendo que um morcego entrou em casa, ele iria rir e dizer que criou morcegos dentro da máquina de lavar roupa de casa enquanto a gente viajava em umas férias.
Aposto que estaria contando para todos os amigos dele, orgulhoso da filha e dizendo que eu ia ser a melhor designer de Porto de Galinhas.
Aposto que ele falaria para eu não parar de escrever e para cuidar da pousada que é a mais linda do mundo.
Aposto que tudo seria mais fácil e tenho certeza que eu iria com meu coração mais leve.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Descabela mulher


Na minha fase de deprê, baixo astral, cheia de crises existências, luto, neurastenia, ouvi muitos conselhos do tipo: é uma fase, se joga, muda de vida, vai fundo, é isso aí, se rebele, vai dar tudo certo, vai se fuder, não vá, fica, vai, cola os cacos, leia um mantra, ore, medite, faça terapia, conte até 6 e expire, leia o livro "a trégua" (que morri de chorar), faça algo que goste, vá à igreja, cartomante, mãe de santo, pai de santo, Iemanjá, oferendas, capuchinhos, se imponha, levante a cabeça, pinte as unhas, não use preto, use amarelo... Ufa, foram tantos conselhos.
Um certo dia uma amiga muito querida, me mandou um email que me marcou, não tenho mais o texto, mas a mensagem final era "descabela mulher" e dentre todos os conselhos foi o que segui.
Larguei o formol, guardei a chapinha, abandonei o secador, me libertei do chanel e descabelei geral, virei uma pessoa crespa e livre, dando um tchau à ditaura do liso absoluto. Quem nos disse que todas nós mulheres somos lisas? Eu sou crespa. Confesso. Pronto falei. Sei que o conselho desta amiga era no sentido de se deixar solta e ver onde a vida vai me levar, mas foi uma interpretação minha do texto, foi o que me fez perceber que as amarras que colocamos nas nossas vidas em busca de um padrão é mero comodismo, pois se libertar, ser crespa, deixar o vento te levar, exige questionar, dizer "não" em voz alta e aceitar que somos diferentes e que depois dos trinta, que se dane e se descabele mulher, vai viver sua vida e que se exploda a ditaura do liso, das frases prontas, dos sonhos esquecidos, descabele, desarrume esta gaveta de ideias guardadas, dos amores não vividos, das frustações não curadas, não perca mais seu tempo sendo lisa. Descabela mulher.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

No Limite da minha paciência

Se eu me inscrevo em um programa de televisão para passar fome, não passar condicionador no cabelo, dormir mal para ganhar 500 mil, o mínimo que eu exigiria seriam homens melhores que estes que escolheram. Não sobra um para matar a fome dos olhos, que horror! E pior, não existe prêmio diferente de feijão com leite condensado? Que tal dar um dia no salão de beleza?
E as provas? Todas são para correr, nadar e montar uma mandala cafona? Acham que isso vai dar ibope? Não me pegam mais, pois o limite da minha paciência é minúsculo, quem vai pra lá e não se acha o Rambo? E aquela tal de Índia? Ela precisa trançar os cabelos com pedrinhas? Afe, que coisa mais sem limites.
E fica registrado para qualquer participante de Reality Show: Deus deve ter coisa mais importante para fazer do que ouvir suas preces, pensem que existe fome, guerra, camada de ozônio, gripe suína, trem bala desgovernado, terremotos, maremotos, e por aí vai a lista de coisas com a qual Ele tem que se preocupar. Combinado?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Aos 70


Nasceu em 39, se casou em 68, foi mãe em 70, de novo em 74, se formou em matemática, mas na vida subtraiu muitas coisas, perdeu o pai aos 5, a mãe aos 40, os irmãos ao longo da vida, o marido aos 68, e continuou a vida somando muitas outras coisas, somou bom humor e espírito jovial, somou paladares e carinhos, somou a sua visão única de ver a vida com auto críticas divertidas pinceladas pelo seu jeito debochado de ser e assim em 70 anos de vida, multiplicou as alegrias e os agradecimentos por tê-la por perto, dividindo com todos os mimos, cuidados e atenções.
A vida não é uma ciência exata, mas tenho certeza que o saldo desta vida tem sido positivo. Parabéns Dona Silvia você é a mais nova septuagenária.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Senado

Duas coisas são certas na minha vida: não entendo nada de política e às vezes acho que me drogo. Com mais tempo livre em casa acabo vendo todos os jornais disponíveis na TV, mas no jornal da noite me choco mais, pois eles conseguem mostrar o dia no Senado.
Antes de ontem vi o Sarney falando coisas completamente sem sentido, ele disse que nunca empregou parente, nem conhecidos, mas empregou um afilhado, tem foto e tudo dos dois juntos. E depois disse que foi uma montagem as gravações com a voz dele, do filho, da neta, a respeito do emprego do namorado da neta, mas o cara está lá "trabalhando", mas as fitas foram falsas. E tem também aquele negócio dos atos secretos, se ele sabia, não eram secretos, portanto, assunto encerrado.
Depois no dia seguinte, vi o maior bate boca de doido, dois caras brigando do tipo: "Você é coronel e usa jatinho", "Uso sim o jato é meu, la, la, la", "É seu mas você se faz do que não é, "Me faço do que não sou, mas tenho jatinho só meu, la, la, la", "Você é feio", "Melhor ser feio do que bobo, mas tenho jatinho". Han?
Mas hoje eu juro que achei que estava sob o efeito de drogas fortes, juro, me examinem, quero o anti dopping, se não são drogas devem ser sintomas de esquizofrenia, pois em homenagem ao dia dos pais, o Senador Eduardo Suplicy, cantou Father and son do Cat Stevens, nada contra a música, nada contra Cat Stevens, nada contra Suplicy, mas era clima para tal? Afinal, hoje foi declarado que o Sarney sairá impune de tudo aquilo.
Bem, vamos cantar, pois quem canta os males espanta.

domingo, 2 de agosto de 2009

Tortura gratuita é...

Fazer depilação com este frio, alguém merece? As depiladoras devem estar falidas, se dependessem de mim estariam, pois nem eu vejo minha perna cabeluda quanto mais a depiladora. Quem tira a calça para uma estranha com este frio? Qual o limite de se ficar sem depilação suportado por um ser humano digno? Estou testando meus limites, dignamente, é para o bem da ciência e o futuro dirá: "A mulher que se sacrificou por nós mulheres vencendo seus limites para provar que não precisamos sofrer mais que o estritamente necessário, salva de palmas para Renata, entregando este prêmio Nobel da Paz do bom humor feminino", agradecerei o prêmio dedicando aos meus cães peludos em primeiro lugar pois eles me mostraram que ter pelos (é pêlos agora não tem acento, afff) no frio é legal, eles passeiam felizes mesmo quando está um dia indigno de se acordar e em segundo lugar dedico este prêmio ao "Pelo Menos" casa de tortura, ops depilacão, que não se enganem companheiras, tem este nome bonitinho, atendem sorrindo, mas nos torturam sadicamente com seus "kits higiênicos" contendo pinça, lixa e fitinha do Senhor do Bonfim, se nos dão fitinhas do Senhor do Bonfim, boa coisa não é. Obrigada. Aplausos. Clap, clap, clap.