quinta-feira, 10 de abril de 2014

Caramelo, Lelo, meu Leludo



Era para ser meu. Estava escrito.
Cheguei nele nem sei como, nascido de uma ninhada de 3, a dona não queria se desfazer dele, mas após muitas entrevistas, foram 4, consegui levar meu troféu peludo para casa. Ele, meu Lelo.
Era a coisa mais linda e bagunceira do mundo.
Era amoroso e brincalhão na mesma proporção.
Era feliz e comilão, roubava comida, abria a geladeira como um cachorro normal pega a bolinha e devolve ao dono.
Era esperto demais. Sabia cativar sem precisar deixar de ser ele.
Era cheio de manias e mimos, porém sabia ficar na dele.
Foi muito amor que ele nos deu nos 16 anos de vida. Chamávamos de Highlander, o sobrevivente. Tinha uma ficha médica de dar inveja a qualquer hipocondríaco, porém muito saudável. Engoliu meia calça, engoliu outra meia calça, engoliu olho de boneca, engoliu mais meia calça, fomos proibidas de usar meias calça. E ele comia absorvete, bolo de aniversário da vizinha, carne da vizinha, camarão congelado, peru do Natal, alho e mais alho...
Hoje, meu mundo ficou pequeno, minúsculo, não consigo enxergar o horizonte onde não exista Caramelo. O mundo perdeu um grande cachorro. Ele fazia história. Ele sobrevivia a tudo. Ele era único.
Obrigada por tantos anos de amor.
Obrigada por me ensinar a guardar as meias.
Obrigada por me ensinar a comer olhando para os lados para não ser atacada.
Obrigada por me deixar ver TV com o secador ligado na sua barriga. (Era só assim que ele sossegava quando era bebê)
Obrigada por fuçar minha bolsa e sempre achar uma balinha escondida.
Obrigada por animar as nossas vidas.
Se existir um céu, só peço que no seu céu tenha muito tomate, muito franguinho, muita ração, muito biscoito, muitos passeios com cheirinhos diferentes. Espero que no seu céu tenha uma geladeira gigante sem trava, um forno sem complicação para abrir e um freezer cheio de guloseimas.
Se você soubesse a falta que vai fazer... Obrigada meu amigo. São Francisco cuida dele por mim.

quinta-feira, 20 de março de 2014

76 anos

E hoje ele faria 76 anos.
Neste dia de hoje sempre teve bolo, amigos, comida boa, muitas risadas... Hoje resta uma saudade muito grande.
Saudade de seu bom humor, de sua chatice, de sua barriga, suas sobrancelhas peludas, sua truta na manteiga, sua pipoca gorda, sua risada, seu alôuuuu, sua sabedoria silênciosa, sua metidez, suas engenhocas, suas criações, sua papete com calça jeans, seu perfume, seu cantarolar, suas histórias verdadeiras ou não.
Saudade do seu jeito de falar, da sua voz, da minha infância, das nossas idas à praia, nossa pesca, nosso abraço.
Você faz muita falta, pai. Hoje, terei um Feliz Aniversário pra você.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Passei, passando, passarei



Este ano faço quarenta e pode ser que isso esteja me atormentando mais do que deveria adimitir, resolvi reler o "passei dos trinta", chegando a conclusão que na verdade eu me saí bem no final da história.
Errei muito, mas acertei algumas coisas. Perdi muito e ganhei outras mais importantes. Amei, odiei, chorei demais, fui profunda além da conta, sacana, livre e feliz. Assim como a vida deve ser, com altos e baixos e reviravoltas positivas.
Acho que comecei a minha contagem regressiva, tanto para o fim deste blog, quanto para o começo de algo: os quarenta.
Não sei o que esperar logo agora que achei que já tinha aprendido a lição e desvendado todo o mistério de não existir mistério algum para se envelhecer, estava lidando com os trinta muito bem, obrigada. Estava acreditando que este era o máximo que eu poderia chegar e que poderia lidar muito bem com o daqui pra frente. Aprendi que os vinte foram incríveis, os trinta estão sendo muito bacanas e espero que os quarenta sejam supimpa. E resolvi fazer deste ano uma espécie de "auto ajuda minha própria" para não enlouquecer no final.
Quando os trinta chegaram eu fiz minhas malas e voltei para São Paulo, estava na época morando em Recife, eu não estava pronta para ser nordestina era a minha resposta básica. Mas na verdade eu não estava pronta para nada: não estava pronta para ser casada, para ficar longe dos meus pais, longe dos meus amigos. Não estava pronta para ver meu pai envelhecendo. Não queria perder nada. Eu queria tudo que meus trinta poderiam me dar. Queria o marido perfeito, o trabalho dos meus sonhos, o salário merecido, queria um filho. E arranjei um blog, uns cachorros de rua, um marido distante e um emprego fútil. É, cheguei aos quase final dos trinta meio judiada. Mas acredito que consegui mudar isso e chego aos quase quarenta bem feliz e realizada. Os motivos?

Quase quarenta com dignidade: motivo 1 - Marido que é perfeito

Ele é meio estranho, todos falam. Adora psicopatas. Serial Killers. Tubarões. Cássia Eller. Jimmy Hendrix. Helicóptero. E cachorro. E gato. E todos os animais. Amaria ser policial ou bandido com a mesma intensidade, seria bom nos dois caminhos. Tatuou "respeito" no peito. E um ET na canela. Me traz café na cama e quebra a bandeja intalado na porta. Me faz rir. Me faz chorar. Me faz ver filme ruim de CIA FBI, só para testar meu amor, só pode ser. Ama ver mil formas de morrer tanto quanto eu. Mas hoje o motivo 1 para eu deixar o tempo passar e chegar aos quarenta menos triste é por saber que ele existe na minha vida.