segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Adeus ano velho

Ufa. Já não era sem tempo.
A culpa deste ano ter sido péssimo foi da festa de ano novo passada. Foi o maior fiasco. Uma festa que 0:01 acaba a champagne, só podia significar ano pobre. Depois demos risada com o Otto perdido pela praia, mas já estava ferrado, já tínhamos emanado para o céu a falta de champagne e o funk irritando nossos ouvidos puros.
Ano pobre de pessoas, pobre de valores, pobre de crescimento pessoal e profissional, pobre de tudo. Foi um ano arrastado, sofrido, suado. Deve ter sido porque não desejei nada para 2011. Por isso para 2012 fiz uma lista explicadinha de tudo que eu prometo e desejo:
1. Não me meter em assuntos alheios
2. Não comer chocolate a noite
3. Sair mais de casa
4. Fazer algo de útil todos os dias
5. Pintar as paredes de casa de branco
6. Ler mais coisas que eu gosto e menos coisas pela moda
7. Escrever mais no blog
8. Escrever mais sem ser no blog
9. Levar a sério meu chamado da Pastoral da Criança
10. Costurar coisinhas felizes para mim
11. Emagrecer 5 quilos e assim permanecer
12. Ligar para meus amigos no aniversário deles
13. Achar um emprego como designer
14. Voltar para o pilates
15. Fazer as unhas pelo menos a cada 15 dias sem me irritar em ficar no salão
16. Usar sandália quando sair de casa e não Havaianas
17. Ir à praia pelo menos 2 vezes na semana
18. Beijar meus gatinhos todos os dias e brincar com eles mais que eu brinco
19. Sair com os cachorros bem cedinho para eles nadarem com mais frequência
20. Quando for para São Paulo achar tempo para ver todos meus amigos queridos
21. Voltar a alimentar meus cachorros da rua
22. Estudar algo que me faça bem
23. Não me irritar tanto com coisas que fazem para os outros e não me dizem respeito
24. Ir para o Rio matar saudades da minha cidade e dar um mergulho em Ipanema
25. Ter mais paciência
26. Ser menos bobolhona
27. Deixar o cabelo crescer
28. Fazer bonecas de pano
29. Ser menos displicente
30. Acreditar que vou fazer tudo isso

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

As melhores coisas do mundo


Sabe qual a melhor coisa em fazer aniversário? O presente. Sempre gostei de ganhar presente, o meu vinha sempre dia 18, no aniversário da minha irmã, se ela ganhava eu também tinha que ganhar. Esperar 3 dias? Nunca me passou pela cabeça. Meus pais já sabiam e vinham com meus presentes sem ser meu aniversário real. Para mim o dia da Déa era mais legal que o meu. O que era o presente não interessava, podia ser a maior tranqueira que eu adorava mesmo assim, pois vinha tão bem embrulhado em alguma embalagem diferente, com laços de fita provavelmente dourado. Minha mãe sempre gostou de embrulhar presentes. Era divertido. Tinha uma embalagem que eu já sabia que era minha, abria o presente e devolvia para o ano seguinte. Desde criança era fã de reciclagem.
Certo ano ganhei um Snoopy de pelúcia. Ah! Lembro até hoje a sensação que foi ganhar aquele Snoopy. Ele era grande, macio, branco, tão branco que dava até dó tirar do saco plástico. Ele foi embora este ano nas arrumações, mas enchi ele de beijos antes dele fazer alguma outra criança feliz.
Tiveram anos que ganhei jóia, calças de marca na adolescência, kit incentivo com purpurina e coisinhas de costura, meu quarto todo decorado (para este lembro que me enganaram e quando eu subi estava tudo pronto e cor de rosa), e outros presentes que não vou mais me lembrar.
Sem contar o bolo. Ah! O bolo. Não vem me dizer que é bobeira. O bolo é tão importante quanto todo o resto… O meu era de chocolate com recheio de mousse. Todo ano. O mesmo bolo. Do mesmo lugar. Não precisavam me perguntar, já sabiam que parabéns tinha que ter aquele sabor. Muitas vezes comprávamos só para nós 4 cantarmos os parabéns e depois minha mãe embrulhava o bolo e levávamos para o Rio e comíamos até o Natal. Hum. Se eu fechar os olhos ainda sinto o sabor daquele bolo.
E hoje faço 37. 37. É, 37. O que dizer disso? O que desejar? Já tive tanto. Tanto amor, tanto carinho, tantos amigos por perto. Se eu pudesse desejar algo, desejaria o presente lindo na embalagem de fita dourada que eu teria recebido 3 dias atrás. E hoje? Hoje desejaria aquele bolo, com as raspas de chocolate em cima e a mesma vela do cachorrinho abraçado com o gatinho que está até com a cabeça derretida de tantos parabéns que ela aguentou firme, acesa.
Feliz 37 para mim. Que seja mais feliz que os 36, mais cheio de vida que os 18, mais cheio de sonhos que os 9, mais, muito mais.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Solidão, vazio e morte

Hoje um dia foi muito triste. Começou ontem a noite com um telefonema que nos fez perder o sono, soltar o choro, rezar, ter esperanças em vão. E logo cedo, fomos para Maceió atrás de respostas.
Reconhecer um corpo no IML, é só um corpo, me assusta é ver o livro preto por trás da vidraça escrito “Registro de cadáveres”, cadáver, que palavra forte e triste, palavra que me fez pensar que todos nós seremos um dia. Que ambiente horrível que você foi parar meu amigo.
Lembro de você sempre por perto, se sentindo em casa, afinal nossa casa foi a sua casa por muito tempo e em muitas fases. Lembro do seu jeito atrapalhado de sempre, da sua simpatia cativante, seu “Oi Mainha” quando me via, seus planos, seus sonhos, seus sabores.
Você me tirava do sério com sua bagunça, seus sapatos pela casa, suas toalhas pela sala, sua vara de pescar pendurada nos lugares mais impróprios, seus peixes fedidos trazidos frescos, sua havaiana amarela que ninguém iria roubar e durou 2 horas no seu pé. Adorava me juntar a você para tirar sarro do Renato. Ríamos muito. Eu gostava pra caramba de estar com você.
Nos vimos 10 dias atrás, fomos te visitar no seu novo restaurante, ficar 5 dias com você. Nos apresentou seu cantinho mágico de mar com rio, que virou um dos meus lugares preferidos do mundo se eu precisasse escolher ou se me perguntarem um dia. Mas o que eu queria saber é como é a solidão? Como é morrer sozinho em um lugar estranho? A que ponto chega o vazio dentro da gente? Porque você nos deixou aqui, sem notícias, sem se despedir. Porque? Como você morreu é o que queremos saber.
Que falta você vai fazer para o meu nêgo que ficou sem o seu melhor amigo e a mim sem meu filho crescido que dava mais trabalho que seus irmãos caninos e felinos juntos.
Hoje eu me dei conta do quão vazia pode ficar a nossa vida quando nos deparamos com a morte, me dei conta do quanto queria ter te perguntado se você estava feliz antes de deduzir que sim, me dei conta que ser só um corpo num IML nos deixa sem chão, com uma ponta de culpa por não ter de novo te pego no colo, ter te ouvido chorar mais uma vez e arrumado a sua bagunça por mais tempo.
Então hoje, fiquei assim com esta sensação de solidão, vazio e morte. Fiquei asssim com um imenso nó. Hoje perdi meu filho crescido, meu segundo marido, meu padrinho de casamento, meu amigo que me conquistou. Hoje eu perdi muito. Muito mesmo.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Falta de assunto e do que fazer

É engraçado o que a falta de assunto gera, “Hum, jura? É? Mais e aí? Ah! Sei. Não, nada, tenho feito nada”.
E assim tem se resumido a minha vida sem assunto e sem nada para fazer.
Outro dia me peguei tentando animar um papa mosca pingando água nele para se refrescar, mas ele não pareceu se animar, aí eu coloquei ele no tanque e liguei a torneira devagarzinho, achei que ele iria brigar mais por sua vida, se divertir com a piscininha que formou, mas não, acabou que ele morreu e em 2 minutos minha diversão do dia tinha acabado, foi mal papa mosca, era o tédio.
Já arrumei a casa e desarrumei de novo. Já dei banho nos gatos e depois tive que secá-los, rendeu alguns arranhões, uma roupa rasgada, mas foram 2 horas do dia gastos. Já arrumei o guarda roupa, os CDs, as contas pagas, geladeira, plantas no jardim regadas e ainda me faltam muitas horas do dia. Talvez eu devesse fazer uma coisa cada dia. Talvez eu tivesse ido a praia iria gastar mais umas horinhas no sol, mas se eu fizer isso todo dia “olá câncer de pele”.
Já saí com os cachorros, dei banho, vi TV, joguei buraco e este dia não acaba. Talvez se eu tivesse com quem conversar… Mas não adianta sonhar, por isso continuo em casa, caçando coisas para fazer aos poucos. Leio um livro. Dois livros. Ao mesmo tempo. Nada me ocupa nem me dá assunto.
E assim os dias passam e eu sem saber o que falar e porque falar. Entro no Facebook, acho que vou escrever “Fazendo ovo mexido”, foi o auge do meu dia de hoje e de ontem, e amanhã? Me achem algo para fazer por favor…

terça-feira, 8 de novembro de 2011

São Paulo encanta. Não mais a cidade em si. As pessoas. Aqui tem gente.
Gente igual, gente diferente, gente legal, descolada, arrumada.
Gente que é a cara do Jonnhy Deep e vai ao Cirque.
É gente que usa salto mas ele quebra.
Gente que pega taxi na Vila Madalena.
Gente que anda a pé, de bike está na moda.
No Ibirapuera vi gente feliz, correndo, andando de skate. Gente grande, bem grande. Tinha cabelo branco, mas andava de skate.
Gente sem medo de ser gente diferente.
Adoro ver que existe um mundo que fervilha, que as pessoas estão aqui, vivendo, andando, saindo, acontecendo, voltando, mudando, amando, largando.
Amigo vai morar em Berlim, amigo publica livro, amigo conquista cadeira, amiga lê para crianças. É gente de verdade passando de fase.
Isto me encanta cada vez mais. Talvez por eu não saber ao certo o meu caminho e ver tantas pessoas em caminhos diferentes me faz bem.
Renova as energias e volto cheia de vontade de mudar, explorar. Talvez eu queira morar em Berlim, publicar um livro, conquistar uma cadeira ou ler para as crianças, talvez eu queira passar desta fase.
Foi bom me sentir querida, ver amigos, rir e chorar com eles.
Até mais São Paulo.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sonoterapia

Sempre que chego em São Paulo é assim, a casa da minha mãe me dá um soninho...
Luto para não dormir tanto, mas não tem jeito, "encostar e dormir" tem sido meu lema. Sábado dormi 12 horas seguidas e durante o dia de picadinho deve ter dado mais umas 5 horinhas de lambuja. Que delícia. Acho que venho para São Paulo para sonhar.
E tenho sonhado muito. Sabe aquele sonho que você vai sonhando, sonhando, acorda, se força para dormir mais um pouquinho para continuar sonhando e mudar o final do sonho e com isso tentar mudar o que a sua mente te manda fazer? Não quero este final, quero outro final... Se eu sonhar mais um pouquinho acho que consigo chegar no meu "final feliz".
A vida devia ser um sonho também. Um sonho que podemos a cada momento mudar nosso final.
No fundo sei que nosso final real também pode ser mudado a qualquer momento, mas dá trabalho. Dá trabalho sonhar com algo e depois querer mudar de sonho, sonhar de novo, resonhar (existe este verbo?) na vida real exige muito.
O bom é que os sonhos reais ou não, vem e vão, ficam se são bons, vão embora se são ruins. Mas, me deixe fechar os meus olhos e sonhar mais um pouco, suspirar e me sentir em casa, aproveitar o fresquinho desta primavera paulistana, o barulho das patinhas do Caramelo, minha cama de solteira, minhas paredes de flores, meu livro no criado mudo quase sem orelhas, meu sono se instalando, minhas meias arrancadas no meio da noite, meu pijama de calça comprida...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Nas alturas

Lá se vai mais uma viagem, e os rituais que nela me irritam.
Porque para entrar no avião se faz aquela fila enorme de gente se debatendo e correndo? O lugar é marcado, ninguém vai pegar sua janelinha sem o seu consentimento, vamos combinar?
Opa, a não ser que você seja eu, pois sempre alguém insiste em pegar meu lugar que no susto se enganou. É tão difícil diferencialr o 21C do 21F?
A pior parte do vôo é a expectativa de quem vai sentar ao seu lado, você fica de longe dando umas espiadas e a cada passageiro, um suspiro "Opa, seria legal passar umas horinhas ao lado deste mocinho bonito, né?" Mas não. Sempre é o senhor acima do peso que ocupa quase 2 poltronas, que será a sua companhia para as próximas horas. Além disso quando passam a bandeja das balinhas, não é para pegar todas, ok. Uma só está bom. Ah! E por favor não coloquem os papeizinhos das balas nos bolsos da poltrona da frente, lá é lugar para revista e saquinhos de vômito.
Durante o vôo tudo me irrita, alguém pode não chutar minha cadeira, nem me dar comida ruim? Não deite a cadeira da frente com minha bandejinha aberta, não tire o sapato ao meu lado com este chulé? Me sinto uma sardinha em lata, isso que tenho apenas 1,58m.
E quando o avião pousa, será que as pessoas não podem esperar sair do avião para ligarem os celulares, será que todos são tão importantes assim e requisitados a ponto de não poderem ficar nem mais um minutinho desconectados? Vocês não ouviram o que o moço falou? Ligar o celular no lobby. NO LOBBY.
Ah! Que preguiça!
E para terminar a viagem de avião é fechada com chave de ouro na esteira das bagagens. Fica a dica, se a sua mala passar por você, não quer dizer que nunca mais ela volta, não precisa correr, cair, tropeçar para alcançá-la. Ela volta, pois a esteira é rolante, não é um mundo sem fim e sem volta do para sempre.
Mas. O bom de tudo isso é estar em São Paulo por uns dias.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Se eu falar... você promete me ouvir? (oração de quem não sabe rezar)

Se eu falar o que estou pensando, você promete não me criticar? Promete me dar apoio e me segurar para eu não cair?
Se eu disser tudo que penso a seu respeito, você jura não virar as costas para mim e nem me desamparar agora que estou aqui, precisando de você?
Se eu continuar minha novena, implorar aos céus, ajudar mais ao próximo, adotar aquele gatinho sarnento, parar de comer chocolate, você atende meu pedido?
Se eu rastejar, implorar, suplicar, prometer não chorar, segurar a onda, ser forte, não fraquejar e nem perder meu otimismo natural, você promete me atender?
E se eu te xingar, quebrar suas imagens, dar uma de doida e não entender porque isto esta acontecendo comigo, se eu fizer isso, depois você me perdoa?
Se eu descontar minha raiva nos que eu amo e depois me desculpar, permita que eles me desculpem?
Se der positivo, você me segura para eu não encolher, não desmaiar, não enlouquecer?
Se eu trocar de lugar com eles, você poupa meus filhos de sofrerem? Poupa a gente disso? Nos dá mais luas cheias, mais praias vazias, mais banhos bagunçados, mas corridas em volta da mesa até eu estar pronta?
E se eu nunca estiver pronta você me deixa delirar? Falar com as paredes? Acender minhas velas, jogar meus sais e culpar o mundo, a política, a falta de saneamento, a falta de interesse do homem em melhorar a vida deste lugar esquecido? Você me deixa culpar todos e tudo e maldizer a vida que em um ato de egoísmo quer em fazer sofrer?
É meu São Francisco, fizemos um acordo há anos atrás e tenho cumprido minha parte, cumpra a sua agora, cuide de minha PTK e do meu Fuka e fique na sua, não me deixe ter raiva de você, pois prezo muito a nossa amizade.
Amém

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Balaio de gato

Novela: Porque as pessoas insistem em acordar de penhoar, alguém usa penhoar? Eu mesma tive que procurar no google como se escreve penhoar, parece coisa de penhor, mas só gente de novela usa.

Ainda na novela: Acho que a Marjory Ano passado está meio velhinha para fazer papel de teen, vamos combinar?

Já que tem gato no título: Pudim, Gato e Galego vão ter que entrar no regime, nunca vi gatos tão gordos que brincam de pular do guarda roupa em cima de mim, uma delícia para os bicos de papagaio ou para meu cabelo emaranhado (próximo assunto). Comprei um parque de diversões para eles, mas nunca os vi usando, existe spa de gatos? Agora que querem transformar em lei perder a guarda pais que tem filhos obesos, fiquei mais preocupada.

Cabelo, ah! Cabelo: Falo que vou deixar crescer e corto, e corto e corto e pinto e fico loira, mais loira, e mais loira. Quero um turbante. Onde vende? Nas lojas de penhoar será que tem?

E o calor?: Mesmo neste calor, quem disse que tenho ido a praia? Porque engordo em arrobas e perco gramas? Nenhum biquini cabe em mim sem ficar uma lateralzinha (sendo otimista) saliente. Ontem comprei um biquini G e isto para mim é o final dos tempos, senti saudades da época em que eu via um biquini, pedia o tamanho P e ia embora da loja, sem nem precisar provar. Velhos tempos...

Pilates: Estou fazendo pilates para combater o assunto anterior (biquini G), mas nestes 2 meses ganhei 2 kg e perdi 60 dias.

Viagem: Estarei em SP final de outubro e quero ver minhas 3 amigas de sempre, pois as outras que prometem e não vão estão na minha listinha negra...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Me perdendo para me achar

Me sinto assim. Perdida. Perdida dos laços, das ideias e dos ideais. Eu tinha um motivo em alguma parte do caminho, mas não me vejo mais nele. A vida é seguirmos nos reinventando e nos redescobrindo; mas e quando não se descobre nada de novo? E quando parece que a vida fez uma pausa e nada acontece e o pouco que acontece não te interessa?
Sabe o que me faz mal, por exemplo? Ver o facebook dos outros. Fico aqui morrendo de inveja das viagens, conquistas, filhos novos, separações, novos amores, novas amizades, perdas, ganhos, enfim, a vida acontecendo. Acompanho tudo de longe e penso: O que tenho vivido? O que tenho produzido? Cadê meus sonhos? E quer saber? Não acho nenhum.
Já quis ter filho, já quis escrever de verdade, já quis abrir uma ong, já quis mudar o mundo, plantar uma árvore, fazer cooper, deixar o cabelo crescer, emagrecer, ser loira, ser ruiva. Já quis muitas coisas que não quero mais.
E nesta falta de sonho, me sinto assim, perdida num mundo que não me pertence, não me enche de energia, cansaço, emoções. Moro em um paraíso que não tem me dito nada. Cuido dos gatos, brinco com os cachorros, saio com meu Nêgo, vou à praia, tomo sol, ouço música, vejo o mar e volto para o nada.
Esta fase acaba me deixado com o pé balançando sempre que sento, na inquietude por mudança da minha atitude. Jogo paciência, e haja paciência para transformar esta pessoa aqui em algo que valha a pena. Bichinho de cidade grande vivendo no cercado. Em um povoado. Tudo no cercadinho desta vila me parece um filme, ou uma novela, onde os núcleos se misturam com suas intrigas e seus segredos, tudo acaba parecendo meio fake, meio Ilha da Fantasia.
Mas, dizem por aí, que às vezes precisamos nos perder para nos achar. Estou na fase de me procurar. Um dia, me acho. Espero que em breve.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Tá na moda

Tá na moda falar mal de si mesmo, em troca de uns trocados. Tudo começou com Biafra na propaganda do Bradesco, depois veio o Cigano Igor na propaganda da Fiat e agora Anderson Silva com o Burger King.
Poxa, deve ser muito dinheiro que rola para Biafra ficar com aquela carinha no banco de trás do carro cantando e espantando os bandidos. E o pobre do Cigano Igor que aparece sendo um péssimo ator ao lado de Dustin Hoffman, vendo a atuação dos dois é de chorar o pobre do ator grandão de um papel só se esforçando para ser pior ainda do que ele já é. Mas, o Anderson Silva sendo sacaneado por sua vozinha fina foi o auge. Gente o cara é bom de briga, figura máscula que faz sobrancelha, mas sua voz fina deve ser motivo de certa vergonha para ele.
Talvez estas propagandas sejam uma tendência. Eu apoio, deve ser melhor que terapia. Sou péssimo cantor mesmo, e daí? Sou o pior ator brasileiro, e daí? Sou o cara cheio de músculos e voz fina, e daí?
Tá na moda.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A arte de ser bobolhona (com teste de bobolhonice)

É duro confessar. Mas eu confesso. Sou uma bobolhona. Sou a maior bobolhona que já nasceu neste mundo ou pelo menos que eu conheça neste mundo.
Sabe aquela pessoa da novela, que só se ferra durante meses e somente no último capítulo algo acontece de bom para ela; depois de derramar lágrimas e mais lágrimas e quase desidratar? Pois bem... eu sou assim.
Sabe aquele filme "Mensagem para você", com a Meg Ryan, que ela é dona de uma livraria que não sabe revidar um xingamento? Pois bem, eu sou assim.
Sabe aquela pessoa que anda pela rua borboletando, sorrindo, cumprimentando os pássaros, os cachorros e os taxistas, mas quando você bate o olho logo de cara diz "Olha lá uma bobolhona?". Provalmente sou eu passando.
E sabe que atitude eu tomo nestas horas onde a coisa aperta, quando alguém duvida da minha palavra, quando alguém fica de gracinha para ver se me tira do sério? Peço licença e choro.
Por exemplo, quando a psicóloga doida me expulsou do consultório no ataque de médica doida, vocês sabem o que eu fiz? Chorei.
Mas sabem porque eu choro? Choro de raiva por não ser aquela pessoa bacana que sabe se defender. Não sei dizer "Não" em alto em bom som. Choro por ser uma bobolhona de 36 anos.
Saio como um cão sarnento, de rabo baixo, com o queixo tremendo, segurando as lágrimas até virar a esquina e ligar para meu nêgo: "Nêgo, eu sou bobolhona, buá, buá, buá". E ele responde: "Mas você é a maior bobolhona que eu conheço no mundo". Buá, buá, buá.
Mas vocês acham que eu desisto fácil? Não, não desisto, todos os dias volto para ser enxotada de novo, pois acordo pensando "esquece, vai lá, seja menos, menos, bem menos bobolhona. Reaja mulher". Só que é mais forte que eu.
Por isso amigas, se você responder a 1 sim do teste a seguir, pode fazer parte da minha turma das bobolhonas. Estou imprimindo carteirinhas, criando sites, botons, campanhas...
1- Se você está com uma suposta amiga e ela diz que você fez algo que não fez, e você vê que não adianta discutir, você vai embora, desiste e chora?
2- Se você está quieta no seu canto, alguém sorri para você, você sorri de volta e uma terceira pessoa acha que isso é teoria da conspiração e solta um comentário besta para implicar. Você ignora na hora e depois chora?
3- E se você sabe que uma pessoa esta mentindo só para te irritar, só para te tirar do sério contradizendo tudo que você acredita e o que você sabe que é o correto. Você sai e chora?
E se você respondeu nenhum sim, por favor, me ensina a ser a pessoa normal da novela, aquela da trama secundária que não chora tanto assim, ou a ajudante da livraria da Meg Ryan que nem precisa chorar pois o papel era bem pequeno e ninguém incomodava a paz dela.
Amigas bobolhonas ou não, vamos nos unir e me ensinar a dizer um belo "sai bobolhona deste corpo, ele não te pertence", vamos?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Lá no fundo dói...

Lá no fundo dói ainda a saudade. Dói quando respiro fundo e seguro o ar para ele não me faltar. Te perder, me deixa ainda sem ar. Eu respiro, respiro, mas não tem ar suficiente no mundo que preencha meus pulmões. Inspira, inspira fundo, olha ali a dor aparecendo, de novo.
Nada adianta quando sinto a sua falta, fico dias com um vazio enorme, uma saudade que o tempo não amenizou, parece que o tempo nem passou, que foi ontem que te perdi.
Inspira.
Dói lembrar do seu riso moleque, da sua chatice constante, do seu falar sem fim.
Dói lembrar do seu monoassunto, do seu cheiro e seu cantarolar depois do banho.
Inspira.
Ainda sinto seu perfume seguido do seu "Oba, oba, oba".
Inspira.
Dói o seu vazio. Dói o seu silêncio. Dói as suas lembranças.
Dói lembrar do seu "Não entendo porque mora sozinha se liga o dia inteiro". Queria poder ligar só para ouvir isso e eu diria "Ah! É? Vou parar de ligar então". Inspira. Aí vinha seu riso e seu deboche "Quer falar com sua mamãezinha?"
Dói.
Inspira.
Sinto sua falta todos os dias. Queria aquele lugarzinho dentro de mim cheio ainda, aquele cantinho que você ocupava em mim. Queria ele cheio de você ao invés da saudade, e do ar que não preenche.
Cada dia uma nova lembrança, cada data uma nova importância, cada momento uma nova falta de ar e uma nova dorzinha se instalando.
Cada mar azul, cada lua cheia, cada dia dos pais, cada aniversário, cada conquista, cada derrota, cada bobeira, cada gatinho, cada novidade, cada fofoca, cada riso, cada choro, cada passo me falta você. Ainda. E quer saber? Lá no fundo ainda dói. E muito.
Queria acreditar em Deus, ou em um Deus que me fizesse entender o sentido desta dor. Queria que você viesse "puxar meu pé" como sempre ameaçou. "Ah! se eu morrer venho puxar seu pé". Mentiroso. Nunca veio. Te esperei. Para ver se a respiração voltava ao normal. Mas não volta.
Cada suspiro, cada brilho, cada comida, cada cheiro, cada sabor, cada travessura, cada cochilo, cada olhar, cada instante ainda me falta você.
Este post dói lá no fundo. Inspira. Passou o dia dos pais. Expira.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Amigos Imaginários

Faz um tempinho, li um post da Flavia do blog Bacanérrimo, que fica aqui do ladinho nos meus preferidos, falando de suas amigas imaginárias e até hoje me pego pensando em quantas amigas imaginárias encontrei pelo meu caminho também, esbarro em uma aqui, outra acolá, levo tombos, me levanto e vou em frente, pois no fundo viemos ao mundo para viver e nos relacionarmos.
Mas o pior dos amigos imaginários é que nos doamos de coração, acreditamos, damos sem querer nada em troca, pois amizade para mim é algo que se dá sem cobrar, se faz sem perceber, nos alegra e nos completa sem muitos esforços.
E com esta ideia fixa, meio jururu da vida recebo um recadinho da Kiki relembrando nossos risos diários e constantes sobre o nada, nossa cumplicidade estampada nas nossas caras, nossa amizade de riso e de choro, de altos e baixos, de anos e anos que nem a distância ameniza. Lendo as 2 linhas que ela me escreveu, me pus a chorar. Viver longe das pessoas que amamos é a parte mais difícil desta jornada.
Pois neste mundo novo eu não sou niguém, não tenho passado, não tenho cumplicidade, não tenho com quem confidenciar coisas que muitas vezes nem precisam ser ditas, pois bastava um olhar para ser entendida. Bastava um sorriso torto para entenderem, um abraço apertado para ganhar colo, um suspiro mais fundo para sentar ao meu lado e olhar de verdade para mim a espera do desabafo. De amigos imaginários eu não preciso de mais nenhum, os meus já me bastam. Não quero "oi, tudo bem", quero "oi, tudo bem???".
Então que tal circular por aí, hein? Vamos parar de mandar email? Hein? Hein?
Amiguinhos imaginários, vamos brincar de esconde esconde? Vou contar até 1000. 1, 1,25, 1,35, 1,78, 2, 2,10...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

É pic, é pic

Hoje minha mãe faz aniversário, e como eu queria estar por perto. Queria o básico. Dar uma abraço, um beijo, olhar para a carinha dela, rir provavelmente de sua maquiagem torta ou de alguma coisa qualquer, pois se minha mãe tem um dom, é o dom da risada fácil.
Queria estar perto para me sentir completa, acolhida, amada.
Queria estar perto para achar sentido na distância.
Queria aquele cheiro conhecido, o gosto especial, aquele silêncio acolhedor.
Queria aprontar com ela alguma travessura que só nós duas entenderíamos o valor.
Queria uma guloseima escondida, uma escapada gastronômica, um olhar cúmplice debochado.
Por hoje ser dia de festa que eu aqui de longe fico com o coração apertado de saudade, suspirando, sonhando, desejando que o mundo nos dê muitos outros aniversários para comemorarmos juntas e infinitos outros dias para vivermos o de sempre, o básico que nos une, o de sempre que nos faz sermos felizes juntas.
Parabéns mãe por mais este dia, este ano de vida. Com amor.
Sua filha

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ah, não! Ele vai cantar de novo?

Assistir a TV Globo sem um controle remoto por perto está se tornando muito nocivo aos meus ouvidos.
- Ah, não! Luciano Huck vai cantar a musiquinha do Criança Esperança? Cadê o controle? Cadê?
Minutos depois...
- Ana Maria Braga vai cantar, pega o controle. Pega Nêgo. Corre. Socorro!!!
Minutinhos depois...
- Não, Luan Santana ninguém merece, não vou ouvir isso de novo, cadê a %$#*@ do controle?
Alguém já conseguiu ouvir até o final os números? Achei que no meio do Jornal Nacional a Fatima Bernardes ia levantar e puxar o William para cantar, ninguém merece. Menos, muito menos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Vai trabalhar vagabunda!!!

Quando eu trabalhava em São Paulo pensava que a vida podia ter muito mais a oferecer, ficava frustada nos dias de sol pois imaginava quanta coisa dava para se fazer ao invés de ficar dentro de um escritório acompanhando o dia terminar pela janela de um prédio com vista para outro prédio, nos dias de chuva me frustava imaginando as pessoas felizes que ficam em casa tomando cafézinho e vendo filminhos de dias de chuva como "Curtindo a vida adoidado" entre uma soneca e outra, e dizia: "Deve existir mais da vida do que isso, tenho certeza".
Aí, me mudei para cá, para a vida no Nordeste, no Nordeste do Nordeste, no veraneio eterno. Aprendi a costurar, abri uma lojinha só minha, fechei abri outra, fechei e agora só fabrico bolsinhas e coloco em uma loja de outra pessoa, assim não preciso ficar de vendedora sorrindo o que engloba eu não precisar mais me relacionar com pessoas, não preciso mais sorrir, vender, falar boa tarde, blá, blá, blá. E penso: "Deve existir mais da vida do que isso, tenho certeza".
E cá estou eu me achando uma vagabunda sem saber que parte da vida estou perdendo, querendo horários, compromissos, encheções de saco, loucura, sanidade, e outras coisas que fazem da vida estressante para poder nos dias de folga pensar: "Puxa, que delícia de dia, ainda bem que não tenho nada para pensar".
Mas outro dia, no meio desta crise, acordei e fui andar à cavalo pela praia, um caminho lindo que passa pelo mangue e pelos coqueirais. Era uma quarta-feira ensolarada. No fim do dia encontrei uma boa amiga e vi o dia terminar tomando um cafézinho ao ar livre, batendo um papinho e pensei: "Puxa, que triste eu não aproveitar assim todos os dias da minha vida".

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Voltamos com a nossa programação normal

Após 2 meses sem computador, estou de volta a este cantinho, cheia de saudades.
Obrigada aos que voltaram depois deste meu abandono, aos que n˜åo deistiram de mim... rs.
Minha cyber vida está de volta.
beijos

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Rico, te amo Tota

Tota sou eu, em um apelido que não pegou nunca, eu mesma me dei, mas nunca ninguém me chamou assim. Rico, te amo Tota esteve pixado em frente da casa da minha mãe, no muro ao lado da padaria, onde hoje é uma banca de jornal, pixado com tinta azul, por anos e anos, anos e anos e mais anos, anos que duraram este "amor".
É bom ser jovem e ociosa, né? Lá pelos meus 13, 14 anos estava na rua com meu cachorro Sunset quando passa um menino lindo, uns 4 ou 5 anos mais velho que eu, loiro, olhos azuis, alto, talvez ele tenha me olhado e por isso desencadeou a obsessãozinha (ok, até então obsessãozinha) e não lembro bem porque, mas estava lá na rua sem fazer nada, mocinho loiro passando e lá fui eu seguindo o tal pela rua até descobrir a casa que ele morava.
Depois disso a vida foi mais fácil, a lista telefônica me deu seu número (fixo, celular nem existia), sobrenome, nome do pai...
Liguei. Alô, quem fala? Se era mulher eu desligava (não existia bina), se era homem com voz de moço eu perguntava, descobri 2 nomes, Pedro e Rico, mas não sei porque me encantei pelo nome Rico, tão Copacabana "His name was rico, He wore a diamond..."
Nesta mesma semana ele foi na farmácia pedir um termômetro e berrou para a mãe "Estou com febre" e eu que vivia na janela feito uma "maluquinha" (por enquanto apenas maluquinha) ouvi e desci correndo para comprar o termômetro usado por ele, pensando bem agora com os trinta e tantos anos que me cabem, que coisa mais nojenta, esteve no suvaco dele aquele vidrinho com mercúrio. Mas era só o começo.
Estipulei que dia 15 de março era o nosso aniversário de algo, não era namoro, pois ele não me amava, não era paixão, pois ele não era apaixonado por mim, não era nada na verdade, pois ele nem me conhecia. Mas todo dia 15 passei a procurá-lo. Primeiro contato me apresentei como uma apaixonada por ele, por telefone, foi bem fácil, até ele querer me conhecer pessoalmente e eu praticamente enfartar.
A partir daí resolvi investir naquele amor e fazer da minha vida ociosa algo muito útil e passei a persegui-lo profissionalmente.
Todos os dias eu saía da escola e ia até a casa dele esperá-lo sair ou chegar. Passei a ser íntima de todos naquela casa, revirava o lixo, colava suas bitucas de cigarro na minha agenda que relendo para escrever esta história senti um cheiro meio ruim.
Mas dia 15 eu me superava, mandava cartas, flores, chocolates, telefonava e dizia em alto e bom som "1 mês que te amo", "1 ano que te amo", "1 ano e 3 meses que te amo", "3 anos e 7 meses que te amo", (estão achando muito?), "4 anos e 5 meses que te amo", "5 anos que te amo", "5 anos e 3 meses que te amo", "6 anos e 11 meses que te amo", (cansaram?), "7 anos que te amo", "7 anos e 9 meses que te amo", "8 anos que te amo".
O ano era 1996, eu já estava formada, namorei uns mocinhos neste meio tempo, ele ficou meio careca, já tinha uns 26 anos e eu uns 21 anos. Ele morou na França, e mesmo assim recebia cartinhas religiosasamente datadas (o coitado me deu o endereço).
Ele noivou e desnoivou, me ligou algumas vezes, agradeceu outras pela minha insistência, mas acho que por dó quando completou 8 anos ele resolveu acabar com aquela história, afinal, com a idade isso podia se agravar, virar algo mais psicótico ainda e me convidou para sair.
Quando minha mãe chegou e disse: "Renata, o Rico no telefone" Eu cortei meu dedo, pois estava no meio de um trabalho de kirigami que fazia na época, chupando o sangue que jorrava e falando ao telefone, sentada no chão, pois as pernas desabaram, só pude dizer "Sim, te espero, ok. beijo" e nesta noite fomos ao cinema, jantamos, conversamos de verdade pela primeira vez. Mas eu precisava pensar e fazer este encontro se prolongar "esqueci" no carro dele minha agenda eletônica (é, a modernidade estava chegando) para no dia seguinte ele me ligar dizendo que encontrou a agenda ou eu ter uma desculpa para ligar.
PAUSA: Jogada de mestre, hein meninas? FIM DA PAUSA
Ele ligou, não para falar da agenda, aliás ele nem viu, mandou lavar o carro e nunca mais foi vista, mas isso nem interessava, tinha que fingir que perdi a agenda em outro lugar então... o que importava é que ele ligou para me ver de novo e de novo, e de novo, e de novo, visitei a casa dele, conheci a mãe, veio em casa, isso tudo em 11 dias, estava achando tudo muito rápido, muito apressado ele, poxa, 8 anos depois e "BUM" me pede em namoro? Pedir em namoro já é sinal de algo errado existia com ele. E depois de 8 anos e 11 dias de amor esta história acabou com um singelo: Rico, precisamos ir mais devagar e não sei se é isso realmente que eu quero, te ligo, tá?

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Enquanto isso na civilização...

Passar uns dias em São Paulo é perigoso para uma carioca radicada no Nordeste, pois lembro o quanto a vida é diferente e organizada longe da minha baguncinha chamada lar.
Aqui não tem a fauna completa me irritando, sem mariposas a noite, sem pererecas ou siris pela casa.
Vejo que fui criada aqui, no meio de onde tudo acontece e me afasto disso na minha clausura que adoro, porém ficar tanto tempo sem me civilizar é perigoso, pois me vejo delirando ao ver uma muzzarela de búfala ou uma loja do Amor aos Pedaços.
Acho que andando no shopping as pessoas vão perceber que eu não calçava um sapato desde o ano passado e que minhas roupas de inverno são as mesmas que deixo aqui na casa da minha mãe muito pouco usadas desde que me aventurei na minha odisséia Nordestina. Me olho no espelho e não me reconheço tão composta. É estranho.
Vejo muito carro, muita gente, uma cidade limpa com calçadas, sem sujeira, sem poluição visual, lixos reciclados, gente educada, sorrisos, bons dias dados espontaneamente, boa noite delicada, gentil. Percebo que o que mais me faz falta é esta civilidade.
Adoro estar aqui por uns dias respirando outros ares e sempre me prometo não demorar tanto para fazer isso, voltar mais vezes, não me afastar tanto das minhas raízes, pois eu gosto disto tudo, adoro uma buzina, um barulho, um caos.

Não esqueçam do After Dark do Passei dos Trinta no Seo Gomes no dia 31/5...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ele é assim...


Há quem diga que conseguimos explicar porque amamos uma pessoa, mas não acho que conseguimos definir o objeto amado tão bem assim, mas vou tentar.
Ele é assim, um menino grande que tem um coração maior que ele. Com seu 1,90m se encolhe todo para abraçar um gatinho da rua e me olha com aquela cara de "Você decide, mas podemos levar para casa? Diz que sim..." e eu, dura como sou, digo não, pois se dependesse dele, todos os bichinhos da rua teriam um lar, o nosso lar, certa vez adotou um potrinho que achou perdido, já imaginei aquele cavalo crescendo em nosso quintal... Mas por sorte achou um sítio para ele.
Quando vamos para a Praia dos Carneiros ele paga a hora do cavalo que puxa carroça para ele sair do sol e descansar.
Quando viu um carro atolado certa vez, encheu tanto o saco do cara para deixá-lo desatolar, que depois de uma havaiana arrebentada, uma bermuda rasgada ele saiu todo feliz de seu feito.
Um dia de folga, ouviu uma triste história de um cachorro sofrendo sem tratamento, convenceu a dona do cachorro a deixá-lo levar o pobre cão para ser tratado e lá foi ele para Recife ajudar o bichinho de outra pessoa que nem estava assim tão preocupada com ele.
Ele é assim... se um amigo está sem emprego e jururu da vida ele dá emprego, casa, comida, roupa lavada até o amigo se reerguer e não pense que depois de alguma maneira cobra por isso, joga na cara, se torna mesquinho, exige pelo menos telefonemas... não, ele não é assim, faz por se sentir feliz e isso lhe basta.
E ele é assim a pessoa mais altruísta que conheço. Pessoa de riso fácil, abraço sincero, amigos constantes, carinho terno, bom humor habitual. Agradeço por tê-lo em minha vida, pois aprendo muito com ele, aprendo o real valor das coisas materiais, o real valor de uma vida, o valor de ter acima de tudo um amigo de toda hora.
É, fizemos 11 anos juntos e este post é porque ele é assim... o meu amor.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Era uma vez...



Ah! Será que toda mulher sonha em ser princesa? Se sonha, o momento para sonhar é agora. Imagina você, plebéia porém de família rica, uma emergente dos dias de hoje e de repente se apaixona e se casa com o futuro Rei da Inglaterra.
Imagina agora que sua vida vai mudar radicalmente em nome deste amor. Seus passos serão "para sempre" vigiados, não vai mais sair com as amigas para falar mal do marido, nem beber além da conta, fofoquinha então? Nem pensar. Não vai mais ao shopping olhar vitrine nem pegar um cineminha de bobeira. Não vai mais poder errar no corte de cabelo, nem na cor, aliás não vai mais escolher seu novo corte de cabelo sem uma legião de assessores. Não vai mais falar mal da família do marido, nem passar os Natais com a sua família. Não vai mais repetir roupa, que disperdício usar um vestido lindo uma vez só na vida, o vestido te caiu tão bem...
Não vai mais pegar seu carro e dar uma voltinha para espairecer, nem vai abraçar e beijar seu marido em público, muito menos andar ao seu lado, dois passos atrás é o recomendável. Não vai mais chorar na frente dos outros. Não vai mais mascar aquele chicletinho e de repente fazer uma bola. Não viajará de férias sem que tenha um paparazzi examinando sua forma física. Engordar só será permitido para gerar um herdeiro, de preferência homem, cuja educação você pouco fará parte.
Sua vida será regida por este amor, tudo girará em torno das suas vontades que melhor se encaixam na vontade de seu povo. E você?
Viverá no luxo, dormirá em lençois engomados, não vai precisar nem pegar um copo d'água. Lembrar o dia de pagar uma conta? Nunca mais este mundo irá te pertencer. Seu nome entrará para os livros de história e a partir de agora você se tornará uma instituição e não mais uma pessoa com o direito de ir e vir, berrar e chorar, rir e gargalhar.
Sempre quis ser uma princesa como toda menina e hoje agradeço aos livros de conto de fadas que terminam suas histórias no dia do casamento com um singelo "felizes para sempre". Isso nos conforta, ameniza os percalços que a princesa irá passar daqui por diante, pois ser feliz para sempre com tantos nãos, etiquetas, cerimoniais, rituais e restrições não deve ser fácil, tenho certeza que eu tropeçaria já na igreja seja na barra do vestido ou no véu de 20 metros ou ainda dando um beijo e um abraço com o rímel escorrendo na Rainha.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Tabata, a jabuti

São Franscisco achou que no universo de cães e gatos a vida ia muito bem obrigada, eu já tinha minha cota de pecados para pagar e para cuidar. Já tinha meus filhos para alimentar e amar, mas existem milhares de universos do mundo animal, né São Francisco?
- É - eu respondo batendo pézinho.
Quando ouvi:
- Ela está morando dentro de um balde.
- Ela vai ser doada e se eu não conseguir vou colocá-la na rua.
- Ela vai acabar atrofiando as patinhas por viver dentro de um balde.
Preciso dizer que meu "frio" coração se derreteu e que agora tenho uma jabuti para chamar de minha.
Apresento para vocês.... tchan, tchan, tchan...

Tabata, a jabuti. Ela é muito gostosa, passa a manhã toda caminhando, caminhando, mesmo assim não emagrece. Só come frutas e verduras e mesmo assim é bem pesadinha. Coloco ela na banheirinha para se molhar pois é muito calor e ela quase nada, mas é muito pesada, afunda. Sou solidária a ela. Deve ser difícil viver no mundo de cães lindos, gatos maravilhosos e ser assim, cascuda, meio antipática, meio anti social, ela sofre de bullying em casa, tento inibir esta atividade, mas tadinha, ela é um ser novo e estranho que não tenho e nem sei como interagir, mas que estou aprendendo amar.
O único problema é que ela vai viver mais uns 80 ou 100 anos e agora vou ter que fazer um testamento ou ter um filho de verdade para herdá-la, mas fazer o quê? A vida é assim mesmo, aquele santinho que sempre apronta comigo me deu mais esta missão. Peraí que vou apertar um pouqinho daqui, esmagar dali e fazer com que a minha gordinha cascuda caiba no meu coração.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Show do Milhão

A nossa geração inventou ou ouviu alguém falar e resolveu seguir a seguinte teoria: "Para ser uma pessoa bem sucedida tem que ter 1 milhão até os 30 anos".
Opa, peraí, mesmo se eu não gastasse nenhum centavo dos meus salários desde os 17 anos, que foi quando eu comecei a trabalhar, mesmo assim eu não teria 1 milhão, aliás não teria nem metade disso, ou melhor nem um terço. E mesmo que eu ainda estivesse usando as calças cintura alta, ou clochá, que usava aos 17 anos sem gastar 1 centavo em nenhuma lojinha sequer, mesmo que eu não comprasse ração importada para meus filhos, mesmo que eu morasse ainda com os meus pais sem pagar uma conta e não saisse de casa nem para tomar 1 caipirinha, mesmo assim eu não teria 1 milhão e sem contar que seria um ET cafona sem amigos e provavelmente sem emprego, pois onde já se viu uma designer chegar em uma entrevista usando a tal calça clochá?
Bem aí também eu não poderia cortar cabelo, fazer depilação, pois para chegar aos 30 anos com 1 milhão eu teria que ser uma mulher macaca e cabeluda. Ainda por cima tenho cabelo branco desde sempre, seria a própria Maria Bethânia, sendo que ela ganhou 1 milhão só para fazer um blog e eu faço ele de graça, é praticamente um trabalho voluntário.
E mesmo que eu abdicasse do carro pois como iria gastar comprando um e colocar gasolina então? Nem pensar. E se eu nunca fosse a um cineminha sequer, nem um teatrinho, nem a um show para não gastar e guardar tudo para conseguir o famoso 1 milhão, mesmo assim eu não teria este 1 milhão aos 30, nem aos 36, se continuar assim, nem aos 40 e eu teria me transformado na mulher macaca, sem amigos, burra, solteira, virgem e ainda teria que andar com a tal da calça clochá. E ai de mim que engordasse estes 10 kg que devo ter engordado desde os 17 anos, teria que fazer uma imenda na calça clochá para eu poder caber, pois todo o meu rico dinheirinho seria encaminhado para o sonho do 1 milhão.
Sem contar que se eu não tivesse amigos, não saisse de casa e não tivesse namorado minha única diversão seria comer e chorar em filme triste que passa na Globo, pois nem TV a cabo eu poderia ter.
E mesmo assim fazendo as contas eu teria aproximadamente 300 mil que iria ser muito pouco útil para mim já que o sonho do 1 milhão se completaria somente perto dos meus 90 anos.
Em resumo: parabéns para meus amigos que me contam que alcançaram o tal sonho pois eu, não cheguei nem nos milzinho na conta, mas este nunca foi meu sonho, nunca foi a minha meta e acho que não sou menos feliz por isso, pois eu gastei alguns salários em caipirinhas com os amigos, dezenas em salão de beleza, centenas em roupas e milhares em diversão.

terça-feira, 5 de abril de 2011

No meu tempo

A gente podia comer um ovo sem culpa, depois veio um papo que ovo só uma vez por semana e olhe lá! Agora descobriram que ele é bonzinho, não é aquele vilão do colesterol, colesterol? O que era isso? Nem existia.
Fumávamos cigarrinho de chocolate sem nossos pais irem para cadeia por estar nos induzindo ao vício.
A Floresta Amazônica era chamada de pulmão do mundo, hoje dizem que ela acelera o efeito estufa.
Comprava "solarcaine" antes mesmo de ir à praia, pois sabíamos que depois do sol, íamos ficar ardendo passadas às 8 horas na praia e ninguém olhava para meus pais e diziam que ele estava causando um câncer de pele em suas filhas.
Passava o camelô vendendo Raito del sol, uia que delícia, era sinal que naquele dia ia ficar nêga e usar muito mais solarcaine que o normal.
No meu tempo podia-se comer tudo, muito queijo, muito café, muita empadinha de queijo.
Os carros, eram coloridos, azuis calcinha, verde abacate, amarelo ovo... hoje a vida virou monocromática demais.
O certo e o errado eram menos pesados.O politicamente correto era menos valorizado, pois o acesso a tudo era mais restrito.
Não víamos garotas de programa ganhando reality show, aliás o mais reality que tínhamos na TV era o Chacrinha jogando seu abacaxi ou seu bacalhau no meio de uma platéia. Imagina hoje em dia, neste mundo careta que vivemos o Faustão jogando um bacalhau fedido nas pessoas? Ah! O mundo está muito certinho.
Que lugar é este que transformamos? Para onde aquelas pessoas caminharam?
Hoje levam seus filhos para o show do "restart" pois são os únicos garotos que usam roupas coloridas e por isso são modernos, deixam suas filhas verem Bruna Surfistinha pois ela sofria "bullying" na escola e ao invés de enfrentar a vida virou puta e mostra isso com glamour em um filme tão pobre de cultura que na lição final diz em outras palavras "Sou puta e sou feliz, vale a pena, arranjei um amor, ganho dinheiro e isso basta e é isso que importa".
No meu tempo a educação prevalecia, o dinheiro era consequência.
Era certo ser boêmio, era erradíssimo ser careta demais. No meu tempo a vida era mais leve, menos cheia de padrões, menos sofrível e menos cheia de pré requisitos inflacionados. Mas sabe? Acho que éramos mais felizes com estes padrões hoje ditos deturpados. Aprendeu-se muito e evoluimos muito nos últimos anos, impondo regras, mas acho que esquecemos o mais simples, esquecemos da única missão que nos foi imposta: a de sermos apenas humanos.

terça-feira, 29 de março de 2011

Bendita



Bendita sou por ter te conhecido.
Bendita sou por ter te amado.
Bendita fui nos dias em que estivemos juntos, e foram muitos.
Bendita foi a vida que me deu você.
Bendita seria se este encontro tivesse durado mais uns anos, poucos já iam bastar.
Bendita sou por viver com as minhas lembranças.
Bendita seria se eu ainda pudesse te ligar para contar as coisas da vida, as bobagens diárias, as histórias dos cachorros...
Bendita seria se eu escutasse você falar comigo, só mais uma vezinha.
Bendita é a vida que deixa saudades.
Bendita sou e sempre serei por ter tido um pai. Bendito.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Fragmentos de um Carnaval

Fuçando pela internet achei um site com muitas histórias de carnaval, de beijos que acabaram cedo demais, encontros rápidos que podiam ter demorado mais uns dias, paixões que durou segundos, da Colombina que esbarrou com seu Pierro no Cordão do Bola Preta e a multidão os separou, a Smurfete que se encantou pelo Papai Smurf, o Flamenguista que arrasou com a Vascaína, e infinitas outras histórias de amores de carnaval, amores descartáveis, mas que de alguma marcaram.
Vejam o site, se chama "Oncinha cadê você?"
Me fez lembrar dos carnavais de Iguaba na casa de uma amiga, íamos todos os anos para o mesmo clube em Araruama, encontrávamos as mesmas pessoas, nos apaixonávamos e nos reapaixonavamos todos os carnavais.
Lembro de um mocinho vestido de índio, logo eu que não sou fã de índio, fiquei apaixonada por ele, era última noite de carnaval, a bateria saiu do clube e fomos atrás dela, o dia estava nascendo, nos perdemos ali, entre berros:
- Qual seu nome?
- RENATA E O SEU?
- Ivan, decora meu telefone, vai?
- HAN?
- Decora meu telefone? xxxxxxx.
- xxxxxxx.
- Isso.
- Decorado.
- Jura que me liga do Rio? Jura? Jura para mim?
- Juro.
Não precisa dizer que não decorei e que nunca mais vi o índio Ivan.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Só no miudinho

Com o carnaval chegando eu me lembro de um grande trauma de infância. Infância de uma carioca que gosta de carnaval. Não sou daquelas que decora os sambas, programa viagens, tours, que fica horas vendo todos os anos as Escolas de Samba, mas gosto de carnaval, e me ver sambar é simplesmente triste, patético e ofensivo ao samba. Se algum sambista me ver tentando me ritmar vai me mandar parar e voltar para casa, constrangido.
Harmonia, zero, nota zero.
Evolução, zero, nota zero.
Ritmo, zero, nota zero.
Bom senso, zero, nota zero.
Até que com o meu pé direito eu sei fazer direitinho, coloco na frente viro para a direita e cai atrás certinho, mas quando o esquerdo vai acompanhar eu fico parecendo uma pata manca rodopiando no próprio eixo eternamente. Meu pé esquerdo não sabe fazer o rodopio para a esquerda e dar a caidinha para trás, sabem? Mas quem disse que isso me inibe? Não isto não me inibe, é claro, e eu tento compensar no rebolado o que significa tragédia garantida.
Mas o negócio tende a piorar quando a cabecinha dá a viradinha de sambista, aí meus amigos, é puramente caso de internação. Mas eu não ligo, pois é carnaval.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Eu queria ser a Tati Bernardi (faz tempo)

Não, não vou segui-la na rua.
Não, não vou plagiá-la, nem mudar meu corte de cabelo.
Não, não vou virar "Mulher solteira procura".
Não, não vou mudar de personalidade só para escrever como ela.
Não, não vou descobrir coisinhas da vida dela investigando o Facebook, Twitter, Orkut, Google.
Não, não vou virar psicopata para ser amiga dela.
- Quem é Tati Bernardi? Os desavisados me perguntam, eu respondo, é a dona dos melhores textos que li. Sabe aqueles textos que você lê e só consegue pensar na insignificância do seu vocabulário, da sua vida, do seu pseudo dom? "Porque eu não escrevi isso?" É o que sempre digo lendo ela. Que raiva que tenho. (vaca)
Queria viver os desamores dela e depois escrever textos tão intensos que me fazem ficar com raiva do moço que a rejeitou. Em outro texto, queria ser o chefe dela que estava no restaurante enquanto ela dava um dos melhores foras da sua vida.
Ela é neurótica, moderna, e se eu continuar escrevendo vão me achar meio doidinha. Leiam e me digam depois? Me digam que eu jamais serei a Tati Bernardi, por favor? Preciso me libertar.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Cordeleando no mundo moderno


Uma baronesa nunca confessa
Seus sentimentos mais profundos
Apaixonou-se por um rei e a casta não permitia
A casta não aceitava
Baronesa sai desta vida, sai de mim, vai viver
Baronesa ouviu, pois baronesa ouve e obedece
Baronesa foi viver
Foi esquecer que seu rei nunca seria barão
Talvez Conde
Título nobre demais para quem não merece
Rei disse: Vivo bem sozinho, não preciso de rainha
Baronesa disse: Serei feliz sem barão, sem rei, sei reinado
serei feliz sem vosmice para me perturbar
E assim saiu farrapando com a vida
Pegou a estrada até um vilarejo distante
4 dias de caminhada
As solas se gastaram
As forças esgotaram
Chegando lá, dormiu outros 4 dias e noites
E ainda assim, a vida farrapou com ela
Virou tabacuda
Virou abestalhada
Mas foi achar seu reinado
E na cidade da terra vermelha ela achou um moço e perguntou:
Vosmice quer ser meu barão?
Ouviu um não
Perguntou de novo para outro moço
Não
E de novo
Não
Até que ouviu um sim. Finalmente. Um sim
Baronesa casou e foi feliz com seu barão. Não no para sempre dos contos de fada, isso aqui é um cordel
Até que...
...na terra distante, um dia o tal rei percebeu que baronesa era mais importante que ele imaginava e que de nada adiantava ter um reino sem rainha, ter uma terra marrom, sem saber ara-lá e um palácio sem vida
Foi atrás da baronesa
Andou 4 dias e 4 noites até que achou seu novo vilarejo
Baronesa, quero te fazer minha rainha
Sua casta agora é a mesma minha
Baronesa olhou bem, pensou e disse:
Na sua casa tem Tv a cabo?

* Nota da autora: Era para fazer sentido este Cordel?

Fiat Lux


Finalmente acenderam as luzes da ciclovia daqui. Pois algo me intrigava. Tudo estava pronto faziam meses e nada da luz chegar. No dia que estava programado, faltou luz na cidade toda e nada da ciclovia se "alumiá". Não que eu pretenda andar de bicicleta, mas é a única novidade da cidade, preciso deixar vocês por dentro das novidades, oras.
Aí, um certo dia, fiat lux, acenderam as luzes e não é que elas estavam funcionando com o horário do Japão? Às 6 da manhã acendiam e às 6 da tarde apagavam e ficou assim por semanas. E eis que hoje, tcharam.... acertaram o fuso horário. Acho que devia ter uma plaquinha escrito "Made in Japan" e acharam que só funcionaria na hora deles, né? Vai saber...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Menino do Rio

Meu pai adorava uma praia, ficava lá por horas, tomando sol, passando Banana Boat e comendo, ah! Como comia, comia de tudo, amendoim, pastel, empada, esfiha, picole, biscoito Globo...
Sentava em sua cadeirinha de praia e lá ficava. Vendo as mocinhas passar, vendo o movimento, conversando com todas as pessoas.
Certo dia o mar de Copacabana estava muito bravo, eu e a Kiki que não somos bobas, estávamos só na beira dele, molhando o pé e vendo os mocinhos passarem, quando meu pai chega:
- Meninas, entrem na água.
- Está muito bravo pai, eu não vou entrar.
- Eu também não, tio, olha como as ondas estão - disse Kiki.
- Que bobas, está ótimo o mar hoje - falou e saiu para se molhar.
Ele com seu jeitinho de menino do Rio entrou no mar e dois segundos depois levou o maior caldo, rolando nas ondas e pelas areias de Copacabana.
Eu e Kiki que vimos o espetáculo de camarote e nem conseguimos ajudá-lo de tanto que ríamos.
Hoje vi um homem no mar, na parte brava do mar de Porto, ele lembrava muito meu pai, gordinho e grisalho, entrou de lado como meu pai entrava para ter mais apoio. Ele não levou um caldo, mas a cena me pareceu tão familiar. Com excessão que eu estava sozinha na praia, sem aquela risada gostosa, sem aquele dia de verão em família, sem sentir aquele amor que estava sempre por perto, sem sentir que tudo ia ficar bem. Mas vai.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O povo gosta é de sacanagem

Agora o blogspot tem estatísticas, lá na página que abre quando você se cadastra, sabem? Então, estava lendo quais dos meus posts são mais lidos e sabe qual foi a minha surpresa?
Liderando o ranking com 383 visualizações um post lá de 2006 chamado "Noite dos Leopardos"
Em segundo lugar, mas não menos importante o post "Meu vizinho é gogo boy". E em terceiro lugar "A moça bonita entrevista Doctor Ray". Ah! Não deixa de ser sacanagem quem busca Doctor Ray no google.
Já escrevi aqui sobre coisas tão sérias e importantes, como Álbum das Princesas, Guarda-chuva de Joaninha, Histórias de amor, Ciganos surdo-mudos mas alguém quer saber disso? Não...
A partir de agora vou colocar meus títulos dos textos bem cheios de sacanagem para ver se bombo no google. Que tal este post se chamar Putaria pouca é bobagem ou A noite das virgens lésbicas ou Ricky Martin pelado e dançando para dona de bolg? Esta última opção eu me empolguei e até eu vou procurar no google. Será que tem foto?

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Me chama de lagartixa*


Quando te vejo atravesso a rua, me encosto nas sombras, fico andando pelas paredes.
Quando te vejo mudo meu rumo, meu jeito, meu destino.
Quando te vejo acho que não é hora ainda para te encarar, por isso fujo.
Quando te vejo ando toda em zigzag tentando disfarçar, não derreter, não arder.
Quando ando na rua desinteressadamente e você aparece, perco os sentidos, saio correndo e me escondo, vou atrás de um escuro, um frescor.
Quando te vejo acho que você está exagerando nesta perseguição, quero ficar bonita, linda, com o frescor de quem nunca te viu.
Quero chegar inteira no meu destino, sem você me atrapalhar, me colocar barreiras nem consequências ou osbtáculos.
Vendo você penso que eu queria estar de biquini, em uma praia, no mar o tempo todo ao seu lado. Não gosto de te encontrar no meu caminho sempre que saio de casa.
Vai, me chama de lagartixa, me joga na parede, me faz atravessar a rua, mudar meu caminho...
Mas eu sei que das 6 da tarde em diante, não vou te encontrar então volto a vida andando normalmente como se eu nunca tivesse te cruzado.

* Um post para o sol, que me faz andar na rua fugindo dele como uma lagartixa, subindo pelas paredes, buscando as sombras.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Ah! O verão.

Eu adoro o verão. Acho que nesta época as pessoas são mais felizes. As praias ficam lotadas, as pessoas tem cheiro de hidratante. Todo mundo fica mais bonitinho bronzeado.
Neste verão eu trabalhei muito. Minha irmã veio me ajudar, ficou um mês inteiro. A Fricotes bombou. Tiveram dias que ela ficou na loja e eu corri para casa para costurar mais. A loja ficou vazia, vendeu tudo. E eu costurava muito e no dia seguinte, vendia tudo de novo. Foi bom ver minhas criações sendo compradas, elogiadas e usadas. No aeroporto vi uma moça usando uma bolsa minha. Por Porto vejo algumas zanzando. Me deixa feliz. Me faz ter quase certeza do que estou fazendo.
Mas também, fui à praia todos os dias, sou filha de Deus, trabalho é bom, mas praia no verão é melhor ainda. Estou neguinha, só se vê os dentes.
Acabando janeiro, recebi duas propostas, para colocar minhas bolsas em duas lojas daqui, lojas maiores e mais bem estruturadas que a minha. Topei uma delas. E eis que agora a Fricotes é uma loja maior, mais legal, pagando menos de aluguel e dividindo a dura rotina de vender.
O que me resta dizer que agora vou trabalhar um dia e folgar dois. Talvez no meu sonho mais perfeito de vida isso pareceria surreal, mas como disse no meu post de Ano Novo, que venha um ano surreal. E olha ele aí chegando.
Com isso a minha primeira promessa de ano novo é que não tenho mais desculpas para abandonar este blog por tanto tempo, você perdoam? Perdoam esta pobre costureira que quebrou 8 agulhas neste mês?

sábado, 1 de janeiro de 2011

Na humildade

Este ano não desejei Feliz Natal para ninguém, nem Feliz Ano Novo. Não usei minha camiseta escrito "Eu acredito em Papai Noel". Não me senti no Natal, nem mudando de ano. Mas foi um ano bom. Muito bom.
Na galeria que eu tenho loja teve Papai Noel toda noite, ele descia as escadas, ao som de uma música da Disney (???), sentava em sua cadeira e ficava distribuindo doces e berrava. "Se Papai Noel não der seu presente, chora neném" Hohoho. Medo. Muito medo.
Rolaram muitos freelas gostosos de fazer com um amigo mega querido. Fiz marcas para lojas daqui de Porto. Abri uma loja que me orgulho muito, ela é linda. Foi um ano cheio de emoções. Tive perdas. Tive ganhos. Mas o saldo foi positivo. Hohoho.
Escrevi menos que gosto. Corri mais que devia. Trabalhei mais que pensava. Mas foi bom. Emagreci. Engordei. Emagreci. Fiz aula de surf. Criei gatos. Mudei de casa. Fiz amigos. Muitos. Bons. Conheci gente. Muitas. Boas. Tirei meu piercing.
E para fechar um ano meio surreal, vou usar Otto como exemplo. Aliás segundo post do blog dedicado a ele. Peraí que já chego lá.
Fomos em uma festa de Serrambi. Praia perto daqui de Porto. Muitas promessas. Festa com cascata de camarão. Não vi nenhum. Nem daqueles que só tem cheiro de camarão. Bebida a rodo. O Champagne acabou meia noite e dois. DJ maravilhoso. Tocando Celebrare. Ou cover de covers. Ou muito funk onde nem os próprios fanqueiros cantavam suas músicas e muito surreal foi ouvir "Whisky a go go" de algum cover do Roupa Nova. E mais surreal é ainda tocar o hino de Pernambuco no meio da festa, e todos cantarem "Pernambuco, imortal, imortal". Mas adoro o mundo surreal. Australian Pink Floyd, The Doors sem Jim Morrison... No banheiro tinha um quadro de um mamão, que prefiro não comentar o que ele parecia e nem entender o que um mamão estava fazendo no banheiro e não na cozinha.
Saimos da festa das falsas promessas. E fomos sentar na areia da praia perto da pousada, estava rolando uma festa de ricos e famosos. Ficamos na areia, apareceram amigos. Passou Seu Jorge procurando a chave da casa dele com uma outra celebridade que não vou falar quem era para depois não dar fofoca. Vou vender para Sônia Abraão. Ela ainda existe? Continuamos sentados. Chega Eric, aquele meu filho, 2º marido que morou conosco por 5 meses, longos meses. Demos risada. Apareceu Otto. É Otto, aquele cantor pernambucano bem doidinho que eu adoro ouvir suas músicas. E enfim, sou surreal também, oras. Eric diz: Otto, na humildade tira uma foto comigo? Na humildade ele tira a foto. Desencanamos da noite surreal na humildade, era hora de dormir.
Porto estava deserta, vazia. Mas as notícias de cidade pequena correm e soube de alguém que ficou de frente para o mar chorando, na humildade, sozinho. Otto canta para mim e não chora o mundo é surreal para quem quer muita realidade.
Que venha 2011. Meu cabelo acordou bom.
Bom ano a todos vocês, cheio de momentos reais e também sem realidade alguma, sem noção aparente, sem nexo nenhum, pois a vida merece ter certa dose de "nonsense" para nos equilibrar e nos mostrar que jamais saberemos o que é o certo da vida a não ser que Otto resolva aparecer para nos esclarecer a razão da vida, do choro. Na humildade.

"Vai teu corpo, leva de mim
Teu passado todo
Consolo
E ficar por aqui
Vai ter a quaresma na terra
E a guerra não deve existir
Só rima com escravos, não cravos
De bonitas rosas
Já que indaguei a mente e não a alma
Que bonita flor
Primeiro a imaginação
Depois eu poderia pôr
Você faz bem isso
Que te amo
Já que indaguei a mente
E não a alma
Elegi o amor" - Otto