terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Mais pra lá do que pra cá


Quando criança imaginava uma mulher de 30 como uma mulher madura, sabe? De comercial? Madura daquelas que tem uma casa arrumada, apenas um cachorro, filhos, emprego fixo, marido, cidade grande.
E cá estou com 36 mais pra lá do que pra cá, mais para "enta" que para "inta", às vezes achando que está passando tudo muito rápido e eu fazendo o quê? Vivendo como nos vinte? Arriscando muito. Mudando muito. Vivendo como a vida leva. Sem emprego fixo, arriscando ter uma loja que sei que não se sustenta no inverno de uma cidade de veraneio. Cheia de bichos. Rodeada de amor, porém sem tudo aquilo que me diziam que era o certo a se fazer. Quem disse que quero ser mãe? Quem disse que tenho que ser? Quem disse que a vida tem que ter o rumo certo e não o incerto? É incerto estar chegando lá na marca dos "enta" sem nenhuma segurança padrão? Ou é errado em plena terça feira "gastar" minha manhã na praia? Meu bronzeado está lindo. Minha havaiana nova é da Puca. É errado isso?
Mas estava lá, na praia, feliz, sozinha, ouvindo radio pelo celular, músicas de sempre, única rádio, toca Belo, juro. Mas ouvi algo que me fez sentir os anos se aproximando com mais leveza. O que ouvi? Uma música do Titãs. Epitáfio. Aquela que diz: devia ter arriscado mais, ter vivido mais, ter visto o sol nascer, devia ter complicado menos.... etc.
E querem saber? Depois da praia fui para a piscina, é, juro, nadei, boiei, dei risada sozinha, cheguei em casa e coloquei Mart'nália no último e dancei. É sambei comigo mesmo, sambei meus passos sem ritmo, sem harmonia, dignos de quem nunca soube sambar, mas queria saber. Queria saber sambar o ritmo mais bem ritmado do mundo, pois se a vida está sem ritmo certo parecendo um jazz, porque não misturá-la com um sambinha? Sei lá. Só sei que faço sim 36. Coloquei um shortinho branco. Que ousadia. Sai na rua com ele. Fui com meus cachorros na praia, eles nadaram, eu ri, muito, quase chorei, eu estava feliz, pois a vida não tem rumo, nem quero que ela tenha. Se estou errada não sei, mas gosto de saber que daqui há 4 anos estarei em algum lugar incerto comemorando meus 40. Mas não me venham dizer que meu ritmo está errado. Não quero saber. Qual seria o ritmo certo. Se é um sambinha de raiz ou se é um jazz desengonçado. Quero só continuar respirando sem estar aprisionada entre 4 paredes e saber que cada dia eu faço das minhas 24 horas o que eu quiser portanto que esteja feliz. Em breve o blog: passeimesmodostrinta... rs

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Notícias do interior


Enquanto no Rio o Bope sobe morro, muitos traficantes presos, fugidos, caçados, escorraçados e as drogas? Toneladas apreendidas, muitas mesmo, 50? 60?
Aqui em Porto a vida segue agitada também. Outro dia foram apreendidas 50!!! Isso mesmo, 50 quilos de maconha e para ter certeza de toda esta quantidade exata apreendida, foi preciso ir até a peixaria para pesar. Isso mesmo na peixaria. O Rio que se cuide... Bope, vem nos salvar. Onde vamos pesar os peixes agora?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Marmelada de banana, goiabada de marmelo


É engraçado ver o que um caju causa nas pessoas daqui. É comum nesta época do ano ver alguma senhorinha sacudindo uma árvore para cair um cajuzinho, tadinho, lá de cima que está maduro mas não quer ser comido ainda. Parece que a cidade se transforma em um grande Sítio do Pica-pau Amarelo no epsódio "O caju está maduro".
Tem o grupo que vai a caça dos cajus armados de redes de proteção e varetinhas com garrafas pet na ponta para tentar pegar as frutinhas sem danificá-las.
Outro grupo que se vê são os amigos do Pedrinho, ainda no clima do Sítio, que sobem na árvore ficam comendo e jogando a castanha na cabeça dos passantes.
Eu na verdade não gosto de caju mas adoro o cheirinho que ele deixa na cidade.
Só uma dúvida paira no ar: onde está a Dona Benta para cozinhar para mim?

PS. Foto do site www.sxc.hu
PS2. Seguindo dica de um leitor, passarei a ilustrar mais meus textos...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cocos na varanda

O verão chegou, a casa nova está quase com cara de casa, a vida com cara de vida. No caminho para o trabalho, às vezes vou pela praia, só para ser esnobe e pensar que ir para a loja com o pé sujo de areia é apenas uma excentricidade.
Ser excêntrica é um luxo que me dou, sempre que posso. No caminho vou pensando na vida, olho aquele mar lindo, azul, meio verde, calmo, o vento é bom, a vida tem sido boa comigo. Agradeço.
Agradeço morar neste lugar lindo, agradeço não ter mais carro e fazer tudo a pé e assim como sem culpa tudo que quero. Agradeço ter conhecido o universo felino. Agradeço ter aprendido a costurar e sempre chego na loja com a certeza das minhas escolhas.
Mas se algum dia bater uma dúvida, um tiquinho de dúvida, eu abro a porta de casa pela manhã, e vejo lá, bem na varanda da frente de casa, cocos colhidos dos coqueiros do condomínio, um chumacinho, ali, deixado pelo zelador de presente, na varanda de cada morador, para um café da manhã especial, um refresco pós praia ou só para completar o dia que será perfeito, pois o verão chegou, a casa está quase com cara de casa e a vida? A vida vai bem, bem demais.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O mundo das vendas na Fricotes...

Cliente é um bicho muito doido, viu? Analisando eles percebi vários tipos de consumidoras.
Algumas entram na loja para te encher de alegrias e outros para te encher de raiva. Teve uma senhora que eu adorei vender para ela, uma fluminense de camiseta, carteirinha e tudo que adorou uma bolsa de estampa bem adolescente, a filha dela dizia: Ah, mãe esta bolsa é muito infantil, olha a de bolinha marrom. E ela para não contrariar resolve comprar a que a filha sugeriu, mas enquanto eu embrulhava e a filha saía da loja eu olhei para a cara dela e não era uma cara feliz e eu disse: "Posso me meter? Olha gosto de vender para quem está feliz, leva a bolsa que você gostou, e daí que a estampa é infantil, você gostou." Ela abriu um sorriso e ficou toda feliz e me agradeceu e já saiu da loja usando a bolsa. Resultado: todo dia passava lá na loja só para me falar boa noite e bater papo contando histórias do Fluminense.
Teve a cliente que vamos chamar de "não gosto de nada". O que leva uma pessoa entrar na loja e ficar falando: "Hum, não gostei de nada, nada me agrada", 2 minutos depois, "Hum, talvez esta aqui, não, muito feia". Mais 2 minutos "Ainda não gostei de nada". A minha vontade é dizer "Se não gostou de nada, tem muitas outras lojas por aqui", mas não, fico sorrindo e enquanto isso a filha dela mexendo em tudo e me deixando doida, ao final depois de remexer tudo, achar tudo feio ela pega uma bolsa e diz: vou levar esta. Óbvio que pede desconto, afinal ela estava levando algo que não gostou. Depois de 10 minutos ela volta na loja e leva mais 2 bolsas para presente, no dia seguinte de novo e leva mais 3 bolsinhas de mão, não sem antes dizer que tudo era feio e nada era a cara dela. Vai entender?
Tem as clientes que deviam pagar por elogio, sabe? O tipo, ai que lindo, ai que fofo, ai que tudo, mas não levam nada. Existem também as meninas que vem com as mães e as coitadas tem que aprender uma aula de economia na minha loja: "Filha, se você comprar esta bolsinha, não vai ter dinheiro para comprar aquela canga que você gostou, é isso que você quer?" E eu lá, no meio do D. R. familiar.
Teve a cliente sem educação mor, que entrou na loja perguntou o preço e berrou "Nossa que caro!" eu muito fina e falando baixo disse olhando para ela "Nossa, que deselegante", saiu bufando mas deve ter se tocado, espero que sim.
Mas este universo de vendas é novo, muito novo para mim. Quando adolescente, nunca tive a minha fase de fazer um bico vendendo em loja de shopping.
Agora quando compro algo tento ser o mais simpática possível, pois sei a diferença que faz isso no final do dia de alguém, uma pessoa mal humorada pode significar péssimas vendas.
Por isso, meninas, sorriam para aquelas vendedoras bem mal humoradas, beijem as bem simpáticas, pois é dureza ficar 8 horas em pé trabalhando, viu? Por experiência própria!

PS. Ok, eu não fico 8 horas em pé trabalhando, fico sentada. E por 6 horas. E com o computador, jogando buraco. Ah! Não me faça confessar que nem trabalho tanto assim, vai?

domingo, 7 de novembro de 2010

Um minuto de silêncio

Que calor! Deve estar fazendo 40º na sombra hoje. Pelo menos. Por baixo. Que roupa eu coloco? Que roupa? Leve, fresca, jovial, feliz, que combine com minha lojinha. Ah! Que calor!
Esta saia de coração tão soltinha, uma regatinha cinza combina com meu novo cabelo ruivo. Já sabiam que estou ruiva? Pois bem. Estou bem assim. Arrasei. Vamos lá caminhar meus 2 km no sol para chegar na minha lojinha. Ah! que delícia, acertei na roupa, o cabelo curto, a bolsinha, estou linda!
Que calor, que brisa gostosa da praia. Olha ali uns surfistas, aposto que vão me passar uma cantada. Óbvio. Os surfistas me adoram, eles se conectam com uma surfista, que largou o surf, ok, por um mês surfista, para sempre surfista, este é meu lema de vida. Olha vão falar algo. Silêncio pensamentos quero ouvir a cantada sem vocês na minha cabeça me atordoando. Vai fazer bem para meu ego de trintona.
- Não interessa se ela é coroa panela velha é que faz comida boa.
Silêncio. Silêncio. Silêncio! Vamos não deixar comentários para este post. Ok? Hein?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Somos 14


Seres felizes, que riem e latem.
Alguns ronrronam, outros rosnam.
Somos 14 de dia e de noite.
Somos aos poucos uma família feliz.
Somos sãos, mas nem sempre.
Somos loucos, raras vezes.
Somos 14 pelas minhas contas.
Exageramos, mas somos assim.
Exagerados, mas não incoerentes.
Somos 14 unidos pelo amor.
Unidos pelos mesmos gostos.
Eu gosto de praia, o Fuka também.
Sou sorridente, PTK também é.
Sou arteira, Zézinho, é, ô se é.
Somos 14. Renato cuida dos cachorros.
Eu cuido dos gatos, pois são 9.
Eram 10, consegui doar uma da ninhada.
Só uma? Virou Dorinha.
Vai ser feliz. Afinal ainda somos 9 felinos.
Na hora do almoço, somos 14, na hora de dormir, somos 12.
Na hora do banho, somos 5.
Na hora de amar, somos 1 só.
O amor é igual, sem balanças.
O amor é único, sem cobranças.
Somos um casal de humanos. Um trio canino e um eneágono de felinos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Indagações de uma mulher que passou dos trinta e está bem sem assunto

A idade do turbante
Qual a idade exata que se perde a noção do que se pode ou não se pode usar? Qual a idade que é aceitável a pessoa sair na rua de turbante e achar tudo lindo? O cabelo acordou ruim? Turbante. O cabelo está sem pintar? Turbante. Não sei o que fazer para chamar a atenção? Turbante.
Vocês já repararam no número crescente de senhoras usando turbante? Isto está me intrigando. Muito. Muito mesmo.
Mas na verdade acho que é um misto de intriga com inveja, sabem? No fundo, eu queria acordar em um dia ruim com meu cabelo e colocar um turbante, queria mesmo. Até coloco um lencinho para ir à praia, tentando evitar virar loira (e não conseguindo, enfim, assunto para outro post), mas depois da praia sair de casa de turbante, seria muito simples. Seria perfeito. Quem aí pode começar a moda do turbante para pessoas que ainda não estão na terceira idade?

Guarda-chuva
Se você, minha leitora fiel, sempre achou, como eu, a coisa mais ridícula do mundo em um dia de sol, um ser vivo sair de casa de guarda-chuva para se proteger do sol, saibam que: aqui se faz, aqui se paga; não cospe para cima que cai na testa e outros bordões destes, etc, etc, etc.
Agora chamo guarda-chuva de sombrinha e, "ai" de você que ria de mim na rua. "Ai" de você que venha a me ignorar quando me ver assim, neste estado na rua, tentando não derreter, nem virar abóbora antes da meia noite. Que sol é este minha gente?

Quem é nordestino levante...
o pé. Que pé é este minha gente? Alguém me chame uma podóloga por favor?
Detalhe para a marca da havaiana...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Caraca

Sempre que eu volto do Rio é assim: Caraca!!!
Chego a conclusões diversas sobre a vida. Concluo que os cariocas vivem tanto pois viver no Rio é muito bom, por isso é uma cidade com alta concentração de velhinhos por metro quadrado, no Rio, pegar a fila para idosos não faz vantagem nenhuma. Concluo que uma cidade com tanta gente bonita devia ser estudada, e fico achando que beleza é contagiante. Concluo que o carioca é quem sabe viver, faz terapia a céu aberto com uma vista impecável, então para que crises existênciais? E se o baixo astral "bater" a noite, pega um taxi até a Lapa e dance, dance muito sambinha de roda, crise? Que crise menino?
E por fim, concluo que sempre que a vida parecer que a gente é aquela jujuba branca, sem sabor nenhum, xoxa, sem graça, vale a pena investir em uma ponte aerea para passar 15 minutos no Rio, qualquer bairro serve, com uma saia nem tão curta, uma roupa nem tão boa, um cabelo nem tão lindo e mesmo assim, o carioca faz com que você se sinta a tal jujuba de cereja.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

É um trelelê

Casa nova é assim: menor que a outra, porém mais perto da praia, a obra ainda não está totalmente pronta, mas tínhamos que nos mudar, falta pintar, fazer o jardim, cercar a varanda para os gatos, fazer armários, trocar chuveiro, colocar tanque para lavar roupa, varal, janela na cozinha, mas vamos embora, precisamos nos mudar, leva gatos, quantos afina? 5? 6? e os filhotes que acabaram de abrir os olhinhos? Como abandonar? Vamos com um cachorro a menos, como faz falta, mas o quintal é pequeno, tem piscina no condomínio, depois da praia que delícia uma piscininha, tem asfalto, um luxo, acabou a vida cheia de terra e poeira, não preciso mais da minha galocha 7 léguas amarela, mas a maresia acaba com tudo aqui, usa computador, empacota, usa eletro doméstico, empacota, desempacota só o que tem onde guardar, opa, então vai ficar muita coisa na caixa, deixa em um quarto, mas só tem dois quartos, um com caixas e outro com um buraco no lugar da janela, ainda bem que parou de chover, coloca tela na janela da sala Zézinho vai pular para pegar gato, Fuka quer se refrescar na piscina, PTK não tem mais sofá para você. Liga o ventilador de teto, fogo, fogo, liga para o safado do eletricista, devia estar consertado isso, safado, esta cama é grande demais para aqui, coloca umas prateleiras no corredor, coloca uma sapateira no corredor, pra que tanto sapato? E louça? Onde fica a poltrona? Corredooooooooor. Pra que serve este copo? Martini? A gente nem toma Martini? Margarita oras. Onde guardo isso? Segura aí, já, já descubro. Para que 12 toalhas de mesa? Você guarda recibos de 2003? Ainda? E Este CD do Erinaldo? Fala sério, quem é Erinaldo? Ele cantava em um barzinho de Recife, lembra? Boina? Quem tem uma pasta só para telegramas que recebeu? Eu! Quem manda telegrama hoje em dia? É clássica, podemos um dia dizer e mostrar para as futuras gerações o que era telegrama, o que era máquina de calcular sem dígitos, o que era lupa, a coleção de moedas, somos uma família clássica amor. Clássica demais, tão clássica que você chama Baygon de Detefon. Chamo nada. Chama sim. Chamo nada. O que é aquilo ali na parede? Pega o Detefon, tem uma aranha aqui!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Mariano sonha

Mariano é o jardineiro aqui de casa, ele vem todos os dias com seu jeitinho tímido. Um homem na casa dos 40, porém aparenta ter mais, deve ser o castigo da vida.
Mas, Mariano sonha. Ele planta mudinhas com carinho. Encontra flores pelo caminho e traz de presente para meu jardim. Ele corta a grama e fica feliz ao ver tudo aparado.
Mariano estuda, acabou de completar o 2º grau, não sei como se chama hoje em dia, mas ele se formou.
Mariano fala sem segurança, entendo muito pouco o que ele fala, mas ele sonha.
Pinta o cabelo de preto, bem preto para não entregar a idade que vem chegando. Ele é avô. Avô babão.
Mariano sonha, estuda italiano. Vai com sua bicicleta toda noite para a aula. E sonha. Sonha em arrumar um emprego fixo, mais digno. Vende balas na sua casa. Limpa meu jardim. Arruma uns bicos e sonha.
Às vezes ele se esquece de ir em casa pela manhã e aparece à tarde para dizer que sonhou. Sonhou com um emprego em Suape "Quem me dera, trabalhar lá". Ele sonha e vai atrás, se inscreveu para um curso de soldador, suas mãos simples que lidam com flores são brutas para tal. E terminar os estudos foi o primeiro passo para seu grande sonho acontecer, seu próximo passo, pelo pouco que entendi do seu jeito único de falar, com seus modos simples e de sua presença pura, foi. "Agora quero ser doutor". Mariano, continue sonhando, o mundo precisa de pessoas que não se acomodam.

sábado, 4 de setembro de 2010

E foi assim...


De repente meu marido me ligou e contou: "Amor, ganhamos uma filha, linda, Tróia vai morar com a gente". Eba. Sempre gostei dela. Tróia surgiu como um presente de grego dado aos meus sogros. Ela era de um criador que vendeu para uma fazenda e nesta fazenda ela foi muito judiada, a ponto de ficar em coma, ainda bebê, foi resgatada pelo criador, que pensou: que família é tão doida a ponto de adotar uma rotweiller cheia de cicatrizes que quase morreu, com displasia e isso tudo ainda com 6 meses de vida? E eles adotaram. O tempo passou e ela se tornou a grande tia da casa.
Quando eu dormia na casa da minha sogra, ela dormia embaixo da minha janela e várias vezes durante a noite, acordava com ela espiando se estava tudo bem comigo e com o Renato dentro do quarto, aí ela ficava tranquila e voltava a dormir, mas sempre verificava, aposto que pensando: "Vai que eles precisam de mim no meio da madrugada, vou checar se está tudo bem". E assim surgiu um amor de finais de semana e com os anos quando meus sogros se mudaram para um apartamento o convite foi feito. Topar? Muito topado. Amava já aquela coisa gorda, aquela minha "a la ursa" do olhar mais doce que existe.
E neste último ano aprendi a acordar e receber ela no meio das minhas pernas toda desengonçada me empurrando e me pisando para receber carinho antes de todo mundo, um bom dia bem delicado, típico de quem tem 40 kg, mas pensa que tem 40g.
Certo dia, no meio do nada, ela aparece me chamando para algo, eu sem entender vou colocar água e ela aflita me avisando, se requebrando, me empurrando, dou comida, deve ser fome, penso eu. Mas ela não pára de se remexer, me empurrar, dar narigadas, vou para o quintal e percebo que Zézinho (sempre Zézinho) não está lá, e chamo: "Zézinhooooooo...." Quando digo o nome dele, Tróia ficou tão feliz, mas tão feliz que tinha conseguido se comunicar que só depois de 5 minutos de carinho ela me deixou sair para procurar o cachorro fugitivo. Esta era Tróia. Alegrando minha casa. Me deixando ser sua mãe em seu último ano de vida.
No seu aniversário de 10 anos, fiz linguiça para ela e dei uma inteira de presente. Dava banho e ela se exibia. Caçava mariposas. Provocava. Abraçava o pote de comida para o sapo ou os passarinhos não pegarem. Dava ossinho e ela roubava de todos sorrateiramente, com olhar doce de sempre. Quando recebia carinho, ela entendia como era especial.
Nesta quinta-feira ela se foi, finalizando uma vida plena, deixando um vazio imenso, mesmo em uma casa cheia de vida.
Obrigada Tróia por deixar a minha vida mais feliz. obrigada por amar meus filhos como se fossem seus. Obrigada pela docilidade, amizade, cumplicidade, amor e acima de tudo lealdade. Obrigada por deixar eu ser sua amiga.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ser ou não ser

Estava vendo aí na lateralzinha do blog "quem sou eu". Puxa que pergunta difícil de responder, esta definição ao lado foi por um tempo completa, mas hoje não me competa mais, afinal, não como mais Nutella com bisnaguinhas, nem tenho uma solidão acompanhada, muito menos sou absurdinha hoje em dia, mas continuo amando mais escrever que ser designer.
Faz uma semana que me pergunto, quem sou eu para definir aí no cantinho do blog? Hum? Que dúvida. Mas vou tentar responder hoje e de hoje não passa. Quem sou eu?
Muito prazer, meu nome é Renata, alguns me chama de Regina e eu não corrijo, sou muito debochada para tal, moro em Porto de Galinhas, mas sou carioca de nascença e paulista de coração. Sou casada com um Renato, sagitariano como eu, somos muitos diferentes em algumas coisas, mas iguaizinhos em outras, somos doidos por animais ele não mata nem barata, eu sou menos radical. Moro aqui perto do mar, pertinho, tentamos virar surfistas, mas depois dos 30 a coordenação motora nos abandonou, virei costureira de bolsinhas, abri uma loja chamada Fricotes e vou tentar sobreviver dela, adotei 5 gatos de rua (Tom, Pudim, Biscoitinha, Little e Mini) e outros tantos me seguem. Tenho 4 cachorros, destaque especial para o Zézinho que rende muitos fios de cabelo branco nesta cabeça com mais de 30. Amo minha PTK (a princesa da casa), meu Fukinha (o nerd da família) e minha Tróia (mas conhecida como "a la ursa"). Tenho uma vida feliz com poucos amigos, porém sinceros, com muitas saudades dos que se foram porém sigo em frente. Sou corajosa, disso eu sei, vou onde posso encontrar minha felicidade sem medir esforços. Mudo de vida sem virar a cabeça para olhar para trás, só olho de rabo de olho, pois nada é para sempre neste mundo. Tenho uma mãe que é um personagem à parte na minha vida, Dona Silvia rende muitos posts. Ela chama as pessoas chatas de enólogas e as muitos chatas de Ed Motta. Tenho uma irmã que sinto muita falta dela por perto no dia-a-dia. Tenho um afilhado lindo e uma afilhada maravilhosa. Não tenho filhos, ainda. Amo escrever. Amo sonhar com meu pai. Queria sonhar mais. Sou devota de São Fransisco, mas nunca vou a igreja, não acredito em rituais nem em verdades absolutas. Não acredito em quem prega com palavras e não com atitudes. Acredito em ações. Acredito em educação. Acredito que a cada dia a vida pode ser melhor se existe amor. E eu vivo uma vida cheia de amor, lambidas e ronrons todos os dias.
Será que isso resume? Posso mudar o textinho ali do lado?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

E ela achou bonito?


Jura que este é o novo padrão de beleza? Ela achou bonito e colocou silicone neste pequeno bumbum? Ela está achando que está bem assim? Bem natural ficou, não é mesmo? Eu processava este médico, e mais, olha a cara de sem graça do doutor cirurgião plástico que fez esta proeza.

Foto: tedouumdado

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ah! Se eu te pego

Tem algum Santo lá no céu, que eu me recuso a dizer o nome, que anda gargalhando de mim, só pode ser. Já fiz várias reclamações dele aqui no blog, mas parece que ele não lê. E a cada dia que passa ele acha uma maneira de aprontar comigo.
Segue um diálogo real de minha parte, porém imaginário da parte da Mel, uma gata de rua safada.
- Oi Melzinha, bom dia, fazia tempo que eu não te via. Que barriga é esta? Está de quantos meses, hein?
- É sua humana estúpida, estou exatamente de 2 meses e hoje é o grande dia em que vão nascer seus filhotes.
Como não ouço o que ela fala, continuo na minha doce investida felina.
- Puxa Melzinha, come bastante para ficar forte. Pena que semana que vem eu vou me mudar de casa, senão eu tomava conta dos sesu filhos quando você trouxesse para mim.
- Ah! vai sonhando, humana, eu vou trazê-los para cá hoje mesmo.
- Lindinha, quer águinha fresca, entra, vou te colocar na pia para beber. Assim. Gostosa, né?
- Perfeito humana, tudo o que eu queria antes de parir era você apertando minha barriga para me colocar na pia.
- Isso, descansa um pouco antes de voltar para as ruas, eu já volto.
- Vai e traga toalhas quentes.
Minutos depois...
- Oi Melzinha, você não vai embora não? É? Quer conforto, quer ficar na minha cama um pouco, tadinha, está calor para você voltar para as ruas, né?
- Não sua estúpida humanóide, estou em trabalho de parto.
- Ah! Meu Deus, você não vai ter filho aqui, peloamordedeus, putaqueopariu. Na minha cama NÃO! No meu armário também NÃO, deita nesta caixinha.
- Trouxe as toalhas quentes?
Horas depois...
- E aí Melzinha, quantos filhotinhos são, posso contar? 1, 2, 3, 4, 5 e 6... Puxa caprichou hein? Dois loiros e quarto branquinhos malhadinhos. Vamos trocar de toalhinha para você descansar bem confortável.
- Ah! É bom ter esta humana estúpida por perto para me mimar.
Ainda te pego, viu seu Santo que eu não vou dizer o nome...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Jacarézinho, avião, cuidado com o disco voador, tira esta escada daí

Nunca Jorge Ben Jor fez tanto sentido para mim, para vocês que acham que ele fala coisas desconexas é porque você nunca foi síndico de nada. Chame o síndico!!! Ops, a síndica.
Virei síndica da Galeria que tenho loja, não, não tenho pretenções políticas na vida, nem estou começando de baixo uma carreira brilhante no trato com o público, foi mesmo para economizar uns trocados, duros e sofridos trocados.
- Dona Renata, eu não limpo banheiro. - me fala o segurança noturno pela primeira vez.
- Odiei esta música.
- Renata, uma criancinha vomitou no corredor.
- Falta papel no banheiro.
- Tem gente chorando na mesa com este cantor, mande ele parar.
- Dona Renata, eu não limpo banheiro. - me fala o segurança noturno pela segunda vez em menos de 5 minutos.
- Passou um rato a noite pela Galeria.
- Porque você não contrata um saxofonista, tenho um ótimo por mil reais.
- Ah! Não vou pagar o condomínio pela loja que está fechada.
- Este cantor devia cobrar cinco reais por semana.
- Esta rua está escura.
- A planta vai morrer.
- Precisa de terra boa.
- Fertilizante.
- Não, ela tem que mudar de lugar.
- Dona Renata, eu não limpo banheiro. - me fala o segurança noturno pela terceira vez em exatos 2 minutos e meio.
- Esta mesa está no sol.
- Está chovendo muito.
- Lá em cima está sujo.
- O meu vizinho ligou a furadeira.
- Não quero pagar em dinheiro o condomínio.
- Ah! Corta o músico.
- Contrata um trio de jazz, tenho um por dois mil reais.
- Hoje é folga do vigia.
- Dona Renata, eu não limpo banheiro. - me fala o segurança noturno pela quarta vez em 1 minuto.
- Ô Seu segurança, vai limpar banheiro e não me encha? Vai?
Virei a Tim Maia da história, parecendo uma doida, desconexa, desengonçada, dançando sem ritmo, fugindo do compasso e pedindo arrego. Achando que vi mesmo um disco voador. Chamem o síndico!!!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Meu nome é Renata


Nos anos 70 era moda usar colar com nome, de ouro sempre, com a escrita bem fininha. Minha irmã tinha um, eu não. Eu tinha uma pulseirinha gravada com meu nome, tive que me contentar com ela por poucos anos, pois o braço engrossou, a pulseirinha nunca mais coube em mim, aí, minha mãe me deu um anel que tinha meu nome, usei por uns anos até meu dedo engordar e nunca mais o anel coube nem no dedinho mindinho. Depois minha mãe me deu um colar que ela usava que era uma bonequinha com meu nome, mas todo mundo me perguntava se eu tinha uma filha, ninguém nem lia que estava escritro Renata. Enquanto isso, nestes anos todos, minha irmã tinha o nome dela, lindo, de ouro, ela nunca usava, acho que nunca usou para falar a verdade.
Até que no meu aniversário, minha mãe me deu o meu sonho de infância, meu nome gravado no colar. Ah! É tão anos 70. Adorei.
E sabe o que percebi tendo agora meu nome em mim "a la" Carrie? Que as pessoas se tornam suas amigas. As pessoas sabem seu nome, na fila do banco, na padaria, na loja, na praia, e te tratam como amigas. Achei ótimo analisar que se soubéssemos os nomes das pessoas o mundo se tornaria mais simpático. Seria como aquelas festas que vemos nos filmes americanos, onde colocam um adesivo com o nome na roupa. É muito mais simpático ter o colar. Todo mundo me chama pelo nome agora, até mesmo quem eu não conheço, e eu adoro isso.
Outro dia estava no shopping na fila do banheiro e passa por mim uma moça com o nome no colar. Ela me fala "Oi Renata", eu sem graça tive que para uns segundos para conseguir ler, depois de muito esforço, vi que nem para todos este colarzinho serve. Quem se chama Rosylmary? É, com dois"ipslongs". E com "L" no meio. Quem?

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Cuidado com a Cuca, Que a Cuca te pega e pega daqui e pega de lá

Quando criança, morria de medo da Cuca do Sítio do Pica Pau Amarelo, tinha tanto medo que uma babá que eu tinha chamava minha irmã de Cuca e eu de Fofinha, tadinha da minha irmã, deve ter sido traumático. Lembro que nossas canecas tinham escrito Cuca e Fofa. Bem, este não é um post sobre bicho papão da infância, aliás, nem sei porque comecei falando sobre a coitada da Cuca e da minha irmã. O assunto é sim assustador, mas de outro programa infantil que ilustrava os palcos da Rainha dos Baixinhos, é, a dengue.
Pense na pior dor de cabeça do mundo, some enjoo, dor por todos os cantinhos do corpo, isto é a Cuca, ops a Dengue. E depois de 5 dias, você já se acostumando com tudo de ruim no mundo vem a pior parte: a coceira.
Tudo aquilo que antes doía, passa a coçar, coça, coça, coça muito e de repente você percebe que tem 3 joelhos, dedos do tamanho de coxas, pés de pata, coça, coça e corre para o postinho médico da cidade.
- Doutor, tire esta coceira de mim!
(abre parênteses) Em Porto não existe hospital, apenas este postinho médico com um doutor delicado e simpático como, como, deixa eu pensar o que, como a Cuca. Isto, doutor que parece a Cuca de tão delicado em sua roupinha verde e seu chinelão (fecha parênteses).
- Precisa tomar injeção.
- Ah! Mais injeção, doutor? Dói muito? - pergunto já calejada de tanta dor.
- Você já teve menino? - pergunta o doutor Cuca.
- Não.
- Você já teve cólica renal? - pergunta novamente o doutor Cuca.
- Não!!!
- Então você vai descobrir o que é dor.
Passando o momento delicadeza do doutor Cuca espantando a criancinha que tem medo de injeção, senti sim, uma dor como de quem teve um menino com cólica renal e 3 dias depois a coceira passou.
Agora digo. Se você acha que teve gripes fortes, doenças chatas, viroses insuportáveis, é porque você não teve a dengue. Cuidado mesmo. Pois a Cuca te pega daqui e te pega de lá.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cansado da propaganda das Casas Bahia?

A vida pode ser difícil, viu gente? Fica o conselho. Eu odiava ver os comerciais das Casas Bahia a cada intervalo, com sua narração berrenta, eu pensava: Não, nada pode ser pior do que ver este conjunto de sofá de "chenille", nem esta cozinha Veneza que vem com a mesinha de mármore de graça com 4 cadeiras, nada pode piorar no mundo. Mas pode ser pior e muito. No canal aberto ando sentindo falta do Boa Noite bonitinha, Boa Noite bonitinho do sempre elegante Ronnie Von, ver os lançamentos da Marlene Enxovais. Ai que saudades. Bons tempos eram aqueles. Os canais abertos daqui são de programações locais, existe o programa Cardinô, que se eu contar aqui o tema central do programa de hoje vocês vão pensar, não, lá vem ela falar mal de Nordestino, não, não darei este gostinho para as pessoas de plantão loucas para brigar comigo. Mas o bom dos canais locais é que tudo surpreende de repente, faz você perder o ar, o chão, o norte, os valores, o cérebro e perceber, que hoje um Boa Noite bonitinha seria incrível até mesmo naquele dia que o programa só mostra coisas de seguros, ou da nutricionista gordinha dando dicas de dieta, ou ainda das histórias do botânico, cantor, apresentador, empresário, decorador e modesto Ronnie. Queria ilustrar o que eu falo, pois com palavras não saberia me expressar e procurei incansávelmente o comercial das Tintura Marcia, mas não achei, triste, só quem pega a Globo Nordeste sabe o que estou falando. Mostra uma moça de cabelos longos e pretos lindos. Ela sacode o cabelo para um lado para o outro, com um figurino de deixar qualquer cantora de Calypso doida para descobrir quem fez aquela roupinha tão sexy, até aí tudo bem se na cena final não aparecesse um gay esteriotipado dizendo: A Marcia abalou. E fim. Mas lembrei de uma outra propaganda que para mim resume bem o tamanho da minha indignação. Não sei linkar vídeo direto do youtube aqui, por isso copiei o link, por favor abram e me dizem se eu não tenho razão para sentir falta até dos canais abertos paulistanos, e se alguém entender o sentido desta propaganda existir, podem me contar a história dela, o sentido, o brifing inicial, o target, ou algo que me mostre que minha mente pouco criativa não captou. Divirtam-se e lembrem-se: se a gente acha que já viu tudo no mundo, a vida reserva surpresas...

http://www.youtube.com/watch?v=mqYkUu6BSL4

Nota da blogueira: a saudades de Ronnie é sincera.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Fricoteira


Realmente eu achava que a minha vida já estava mudada demais, estava cheia de novos cheiros, novas cores, novos amores, novos sons, novas amizades...
E estava adorando a vida de dona de casa e dos meus peludos, sem nada para fazer o dia todo a não ser cuidar da grama, do sol, da maré, das ondas desta vida de surfista, mas de repente tudo muda de novo e ainda nem me acostumei com a vida antiga e já vem uma nova? Mas já?
Mas é com imensa alegria que comunico que abri uma loja aqui em Porto. Uma lojinha de peças minhas criadas com uma grande amiga que fiz aqui, a Cássia, minha professora, amiga, fiel escudeira e agora minha costureira oficial.
A minha lojinha se chama Fricotes, pois ela é cheia de fricotinhos para todos os gostos, bolsinhas de tecido, kits de viagem, lixinhos de carro, jogo americano, linha pet... tudo feito com o maior amor para encantar os turistas que por aqui passam e quem sabe, ainda faturar algum trocado, né?
Em breve farei a lojinha virtual da Fricotes para quem está longe poder comprar e compartilhar desta nova fase da minha vida. Quem vier para Porto, não se esqueça de passar lá e tomar um cafézinho comigo. Fica no Shopping novo, bem no calçadão, o calçadão único da cidade, não tem erro.
Que esta nova fase venha repleta de sonhos realizados e amigos velhos e novos para dividir sempre as coisas importantes.

PS. Ainda falta ar condicionado, tapetinho, letreiro, cartãozinho... Vou mostrando depois as fotos quando for atualizando a loja, tá?

terça-feira, 6 de julho de 2010

Filha, acorda, filha você está bem?

Aaaaaaaaaaaaahhhh!!!!! Acordei com o maior berro do mundo, no susto, quase infartando. Mas vamos rebobinar a cena?
Certo dia, eu estava dormindo tranquila no meu quarto rosa da casa dos meus pais, meu quarto cheio de flores na parede, barulhinho de vento, tudo de bom, quando acordo com a voz da minha mãe me chamando "filha, acorda, filha, você está bem?" Eu vou acordando, o som sai do sonho, percebo que é real e abro os olhos e me deparo com a seguinte cena: meu pai segurando uma vela iluminando o rosto dele e minha mãe mais a frente me tocando. Eu berro, lógico que eu berro, muito e alto, minha mãe percebendo a falta de noção tenta explicar "Filha, é que faltou luz, vim ver se você está bem?". Eu ainda com o coração na boca, assustada, semi infartada, tentando entender a lógica familiar. "Tô, tô, tô sim".
Hoje eu lembro desta cena com muitas saudades, saudades de um tempo em que eu era tão querida que alguém se preocupava até sem ter sentido algum. Que falta faz para alguém que está dormindo a luz? Eu durmo sem ar condicionado, sem TV ligada, sem ventilador, sem nada que possa vir a fazer falta na hora do sono. Passei dias rindo deles.
Domingo a tarde choveu forte. Por uns segundos lembrei desta cena, fiquei rindo. Rindo do super protecionismo, rindo do mimo excessivo, rindo da ideia de girico dos dois. E a noite, faltou luz. Ficou tudo muito escuro. Muito silencioso. Eu ainda estava acordada, sem nenhuma luz de celular por perto, ou luz de vela para acender. Aprendi que nunca mais alguém vai iluminar meu sono. E isso é ser gente grande? Enfrentar o escuro sozinha? Até que achei uma luz de emergência que meu pai me deu, apertei o botão e saí do escuro, com uma vontade louca de chorar, berrar, rir, acreditar que para ele, eu ainda sou aquela que dorme no quarto florido e que precisa ser salva da escuridão.

sábado, 3 de julho de 2010

Mãe natureza

Nunca tinha reparado que a dama da noite floreia um dia antes da lua cheia, todo mês. Aliás na lua cheia a maré fica bem vazia e dá para ver todos os corais para fora, mas também quando a maré enche, a praia some.
Quando chove os mosquitos aparecem mais, as pererecas também, e o sapo gordo que mora no jardim, fica feliz. E normalmente chove mais na lua cheia.
Na lua cheia o Zézinho foge mais de casa. Os gatos ficam mais eufóricos. Brigam mais.
Faz tempo que não vejo o morcego que mora no portão de casa, chamo ele de Alberto, mas é lua cheia, ele deve aparecer hoje.
As lagartixas, já contei que tenho 2 lagartixas? Dorothy e Cristina, ficam mais felizes em dias de chuva, pois além dos pernilongos aparecem aquele bichinho de luz, mas com asas pretas, um monte.
Se a vida é regida pela lua cheia, vivemos 3 semanas por mês à deriva esperando a lua encher? Sem a lua o que aconteceria? A vida continua, as marés enchem, minguam, chove menos, Zézinho fica mais calmo, Dorothy não briga com Cristina... Mas na lua cheia tudo muda. Todos ganham vidas diferentes, é estranho.
Gosto de imaginar que quando saí da cidade grande, perdi muitas coisas, mas ganhei a mãe natureza me ensinando que fazemos parte de algo que não tem concreto, abri meu olhar para outras coisas que nunca antes foram explicadas para mim, menina de cidade grande, aprendendo aos 35 anos que na lua cheia as flores florecem, os animais se animam e a noite fica encantada.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Copa do Mundo é nossa!

Vocês repararam como está todo mundo animado? Achando que já somos Hexa? Mas para falar a verdade eu acho que esta Copa do Mundo está parecendo uma pelada em um campinho da Varzea, com o Ibis entrando em campo para disputar o título da 5ª divisão. Sou só eu que vejo assim?
E como aqui não pega a Globo muito bem, tenho visto pela Band o que é um alívio de certa forma, pois não ouço a voz do Cid Moreira falando "Jabulani", que ainda estou sem entender o porquê daquilo, sempre acho que Mister M vai entrar em campo para fazer mágica e levo um susto e ainda sem entender revelo aqui que deve ser um estado avançado de gagazice, só pode ser. Com isso nem preciso ouvir também o otimismo exagerado de Galvão, mas como nem tudo é perfeito, sou obrigada a ouvir o Luciano do Vale chamando o goleiro, é o único gato de verdade da seleção, de Júlio Batista por três vezes seguidas, sem ninguém corrigir e para piorar existe o Neto como comentarista. Não sei o que é pior não, estou na dúvida ainda.
E eu que já estava de luto desde ontem quando meus queridos jogadores italianos voltaram para casa, tristes e cabisbaixos, sem um ombro amigo para consolá-los, vou ter que revelar agora meu lado brega, que fez meu coração parar por uns segundos que foi quando o Cristiano Ronaldo tirou a camisa, não deu tempo para contar quandos gomos eu vi, perdi a conta, a paz, a visão, vi que nem tudo está perdido, a Copa do Mundo pode ser nossa ainda, quando falo nossa, falo nossa, da gente de tem raíz portuguesa, sou uma Cintra, posso torcer por Portugal agora? Desculpe Brasil, mas está difícil torcer por Michel Bastos ou Ramirez, né? Não vou nem falar de Lúcio, tá?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

É inevitável,

Impossível não pensar no famoso "e se". E se eu tivesse dito aquele não ou aquele sim, talvez. E se eu tivesse acordado mais tarde, dormido mais cedo, saido apressada ou feito tudo com calma. E se eu pegasse a rua errada, o sinal abrisse, o carro engasgasse. E se eu não tivesse te visto, não tivesse te ouvido, não tivesse te amado. E se eu optasse pelo duvidoso ao invés do certo, se eu escondesse meu sentimentos, meus medos. E se eu não escutasse, me calasse, aceitasse, omitisse. E se num certo dia eu tivesse desaparecido, mudado de foco, mudado de vida. E se eu resolvesse que era a hora certa e não a hora errada. E se a vida tivesse me obrigado a voltar atrás, juntar meus cacos, coração em frangalhos. E se na hora do adeus, eu tivesse dito até logo, até breve, te ligo amanhã. E se por causa disso eu estivesse sofrendo, angustiada, amedrontada. E se eu fugisse. E se eu chorasse. E se eu berrasse. E se eu implorasse. E se eu me materializasse, saisse do pedestal, perdesse meu ar misterioso. E se eu resolvesse ler ao invés de escrever. E se eu ouvisse tudo a seco, engolisse. E se eu acreditasse no seu para sempre. E se eu ainda te amasse, se ainda sentisse sua falta. E se... a saudades apertar e eu ainda quiser deitar ao seu lado durante a sesta? E se, meu pai, eu ainda acordar com saudades e pensar em te ligar? E se?

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sou só eu?

Que toda vez que ouve o nome "Soccer City" ri? Estou me sentindo o Joey de Friend's.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O amor, simplesmente acontece



Certo dia chovia, chovia muito, choveu dia e noite sem parar, choveu até alagar a rua, a praça, a cidade. Choveu. Chovia. E iria continuar chovendo.
O portão de casa se abre para meu marido sair, algo que veio com a chuva corre na direção dele, se protege em suas pernas, se agarra cheio de medo, o que será isso cheio de lama? Lembrava levemente um gato. Ele pega no colo e me acorda. Me mostra o que a chuva nos trouxe de presente, mais um presente com 10 cm de pelo, sem dentes, esfomeado e cheio de amor para dar. Dou banho nele, ou nela, não sabemos ao certo o sexo do novo amor da casa. Mas chamamos ele de little, little love, little gato, little cat... infinitos littles cabem nele, nome provisório mas que combina com definitivo. Serzinho provisório que chegou em uma casa cheio de provisórios que se tornam definitivos, conquistando seus espaços.
Quando foi apresentado aos outros gatos, todos sairam correndo com medo de tamanha falta de jeito do "little", menos a minha Biscoitinha que adotou ele com todo amor. Castrada não sabia o que era ser mãe, agora sabe. Deixa meu "little" mamar nela, mesmo sem leite. Dá banho nele, mesmo sem ter saído de dentro dela. Ama ele, mesmo sem entender o que é amor e para que serve o amor. Só sabemos que eu e Biscoitinha aprendemos juntas uma coisa: que o amor, simplesmente acontece.

*nota da blogueira: comunico a São Francisco que minha cota está encerrada, não aceito mais nenhum animalzinho aqui, entendido? Estamos conversados? Hein? Olha que te pego na saída.

domingo, 6 de junho de 2010

A Natureza Zeziniana


Zézinho, ah! Zézinho. Sempre o mais animado, o mais esperto, o mais safado. Sempre o que acorda mais cedo, briga mais com os gatos, come menos e brinca mais. Corre para pegar sagui, mata timbú, gatinho perdido pela rua... Sempre o mais cheiroso e barulhento. Sempre nos lembrando que a natureza dele é diferente da natureza canina normal. Ele não se entrega por um prato de comida e nem por uma cama quentinha, não. Ele não se rende aos chamegos normais que qualquer cachorro daria a vida, não. Ele não se intimida diante de hierarquias, convenções, hábitos, não. Ele é indomável por natureza. É dele. Ser livre.
Quando o achei, que dia feliz, chegou em casa e logo se apossou da varanda, do canto mais alto do sofá e do meu coração. Virou meu filho trabalhoso querido, um doce disfarçado de diabinho, um ser peludo que ronrrona e odeia gato, salta muito alto mas não é coelho.
Morar em apartamento com você era fácil, sem muitas tentações, mas foi só nos mudarmos para casa que você mostrou sua natureza Zeziniana e desde então haja vela aqui em casa, haja São Francisco para te proteger. Seu nome está embaixo de todos eles, trabalhando para salvar este ser a quem dei a sorte (ou o azar) de batizar de Zé, José, José Francisco, um legítimo filho de quem nunca foi convencional, um legítimo vira-lata que nunca será domado, apenas amado por seu jeitinho de ser.
Fujão, briguento, nervosinho, arisco, doce, levado, querido, gilosinho, que pela milésima vez fugiu de casa e me deixou assim, neste desespero, colada no portão, andando pela rua de pijama feito uma doida varrida. Ah! serzinho querido que se mistura com a gangue de rua mais safada que existe, se esquece da gente e de sua casa. Estamos te esperando. Com vela acesa, promessa para Seu pai, Seu Chico, e sorrisos querendo se abrir. Lágrimas paradas. Estancadas. Para serem soltas de alegria. Na alegria do seu retorno. Que espero que seja breve.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Só em São Paulo

Existem coisas que só São Paulo tem: gente bonita, simpática, lugares finos, meias grossas com cachecol, Oscra Freire, almoço no Seu Maurício, histeria, trânsito infernal, modernidades, ponte estaiada, só São Paulo tem amigos de sempre, que nunca nos víamos antes, pois São Paulo nos afasta. Só São Paulo tem novidades por toda parte, tem shoppings com Tiffany's assaltada, tem lojas super modernas, tem Benedito Calixto com chorinho todo sábado, por lá um velhinho me abordou, seu nome? José Francisco*, escritor de um livro sem pé nem cabeça, comprei por 10 reais, com dicas de do-in, só São Paulo tem, after dark com amigas queridas, exposição na Oca para trabalhar, jantar na casa de amigo querido incentivador do blog, com Nespresso, muito moderno, muito chique, mas só tem em São Paulo, estas pessoas que são distantes fisicamente porém presentes na empatia, no repertório, no paladar.
Entrar em uma loja de um shopping e sair maquiada de Yves Saint Laurent, só São Paulo tem, ver Sex and the city com minha mãe maquiada chiquérrima então, só São Paulo pode ter. Tem luzes, tem piscas, luzes vermelhas para quem vai, brancas para quem vem. Tem ex-síndico do meu ex-prédio que me conhece e me abraça e promete me visitar, só São Paulo pode ter, pessoas que fazem com que mesmo longe da minha casa de hoje eu ainda me sinta fazendo parte de algo, parte de um sonho. Eu vivo o sonho dos paulistas, eu fugi de lá, mas volto para perceber que fugir foi a solução para eu voltar a ver o que só em São Paulo tem com o deslumbramento inicial, porém com os dias contados para voltar para casa, para o meu sonho de paulista**, sonho de viver longe dali, longe do caos, caos que faz com que só quem vive em São Paulo sabe, só quem vive por ali, quem sonha por lá poderia entender, que só em São Paulo nós podemos respirar um pouco do mundo todo.
Volto em breve, pode deixar, pois só em São Paulo tenho meu quarto cor de rosa.
* José Francisco é o nome oficial do meu cachorro Zézinho
•• Ok, sou carioca...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Até logo...

A vida feita de até logos, por obséquios, como vai, pois não, por favor, sorrisos amarelos, frases inacabadas, certezas absolutas, teorias infundadas, nada científicas, nem um pouco categóricas e tudo isso para provarmos que fazemos parte de algo quem nem nós sabemos o que é ao certo. Do que queremos fazer parte afinal? De uma sociedade? De uma estrutura? De uma corporacão? De uma falsa convicção que estamos certos nesta vida? Somos os bem resolvidos nas cadeiras de seus analistas?
Pois bem, odeio certezas absolutas, sorrisos sem olhar, sem ser escrachado, aberto, amplo, sem verdade, sem aperto, sem afeto, sem aquela mão que te toca e você sabe que está no caminho certo, no caminho da real felicidade, a felicidade feita de momentos, momentos pequenos porém que parecem ser eternos, que te fazem suspirar por semanas, meses, momentos que sonhamos acordadas, desavisadas, até a realidade aparecer e perceber que preciso dizer um até logo, por obséquio, como vai, por favor...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Eu escrevo

Eu escrevo para não esquecer, escrevo para lembrar, para anotar, para não apagar o que foi importante. Escrevo para que a memória reviva, eu revivo. Escrevo pois sempre gostei de falar. Escrevo pois nunca fui prolixa. Escrevo para ler, para contar, para trocar.
Escrevo, pois sou teimosa, sou persistente, sou cabeçuda e sofro de amnésia precoce não diagnosticada cientificamente pois chamam isso de distração.
Escrevo pois quem escreve liberta, põe pra fora, desabafa, descarrega, desinibe, desmente, reprova, aprova.
Escrevo pois a saudade às vezes aperta, apavora, cresce e algo parece explodir.
Escrevo pois às vezes na minha mente bagunçada acho que escrevendo tudo se organiza, os pensamentos fluem e eu leio e me entendo. Escrevo pois fico orgulhosa de ver que mais alguém lê, é vaidade.
Escrevo o que penso, às vezes sem a travinha da censura o que já me causou alguns desconfortos. Certa vez escrevi sobre a família talibã, a facção da minha família que briga por tudo, eles leram e eu, me ferrei, falei mal de uma mocinha do trabalho, acreditam que ela leu? Maior rebuliço. Mas escrevo mesmo. Falo mal dos meus hóspedes, mas não deixo de escrever. Adoro escrever, digitar, soltar, desabafar.
Vou continuar escrevendo enquanto minha cabeça mandar, enquanto as ideias aparecerem, ou enquanto eu quiser desabafar.
Obrigada por me lerem, obrigada pelo incentivo e pela amizade que faz com que o "passei dos trinta" complete hoje 4 anos de vida.
Obrigada

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Passei dos Trinta "After Dark"

Data: 27 de maio
Horário: 18h30
Local: Bar Veríssimo - Rua Flórida, 1488
Quem confirmou presença: Claudia, Ana, Vivi, Daniel, MH e eu
Quem vai confirmar presença? Quem? Quem mais?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O breve retorno

Para chegar em São Paulo significa um dia de viagem, 2 horas de carro até Recife, 1 hora de aeroporto, 3 horas de voo, 2 horas de Guarulhos até Congonhas, 1 hora de Congonhas ao Morumbi, casa de minha mãe.
É estranho voltar a cidade que me criou, apenas como turista, vim para trabalhar, por uns dias, mas ainda assim, me sinto uma turista.
Fazia tempo que e não tinha uma casa na minha cidade, um carro, um amigo me esperando no aeroporto, Kiki sempre fazia isso com meu pai, faz tempo...
Hoje posso me sintir como Baudelaire, flanado a prórpra cidade, revendo as esquinas, os avanços, olhando o trânsito sem me envolver e sem tentar achar soluções cabíveis, sem me indignar com a cidade que não é mais minha.
Flanar meu bairro de infância, tão real, tão real parque de sempre, o grito do colégio da rua de trás, a feira de quinta e de domingo, a padaria às 6 da tarde, que cheirinho bom, cheirinho de pão e eu flanando, flanando por pessoas que não fazem mais falta na minha vida "Bom Dia Gilvan", "6 pãezinhos por favor", nada disso faz parte da minha vida, minha essência de hoje, mas vou flanando, "Caramelo quer passear", as ruas tem os mesmos cheiros, vou flanando, flanando sem me preocupar sem me abater, deixar a saudade não apertar, aqui não é o meu lugar, minha rua não tem asfalto, minha casa não tem número, casa L, casa L, vou flanando pelo meu passado com a saudades do meu presente, olhando como turista tudo o que um dia chamei de meu, minha cidade, meu bairro, minha casa, minha rua, minha padaria, meu porteiro, meu passado.

PS. Flanando por São Paulo poderíamos marcar um novo "passei dos trinta after dark"*, que tal?
*After dark não era o nome da boite de Barrados no Baile?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Médica e monstro

Nunca contei esta história para os amigos, pois ela é tão sem pé nem cabeça e me desorientou tanto e por tanto tempo que eu nem conseguia contá-la, mas hoje estava pensando e resolvi falar e fazer uma enquete: quem é a louca da história?
Vamos lá, me ajudem...
Em junho do ano passado, passei por uma crise braba, sabe? Um luto tardio, uma insatisfação com o trabalho, estava cansada de ficar sozinha em São Paulo e o Renato longe, estava estressada com tudo e todos, enfim, após ficar uns dias chorando sem parar, indo trabalhar de pijama e com vontade constante de sumir, fui fazer terapia.
Confesso que sou uma pessoa muito fechada para isso, mas fui, precisava de um auxilio urgente para pelo menos ter coragem para trocar de roupa antes de trabalhar, recorri a doutora doida.
Estava indo bem, eu ia toda segunda à tarde, fui durante umas 6 semanas quando um certo dia ela não podia me atender na segunda, me ligou e remarcou para quinta, mas eu tive um imprevisto de trabalho na quinta e deixei recado no celular da doutora doida:
- Oi Doutora Doida, aqui é a Renata e não poderei ir hoje, vamos continuar na segunda que é mais fácil para mim. beijos me liga.
Na sexta ela me liga toda brava pois eu havia "faltado a sessão", e era para eu estar lá em uma hora, era uma ordem, missão simples para quem mora em São Paulo no Morumbi e ela atende no centro, né? Umas 6 da tarde de uma sexta-feira? Melhor ainda.
Avisei que não iria, pois tinha outros planos e que havia deixado recado no celular que ela afirma que não recebeu e ela ainda disse que eu devia ter ficado ligando até conseguir falar com ela. Bem, eu sou da geração que acredita na tecnologia, o recado do celular chega na hora, ou marca que meu número ligou para ela, certo?
Bem, na segunda chego na minha sessão e ela me diz:
- Antes de mais nada precisamos conversar, foi muito feio o que você fez não me avisando que iria faltar a sessão, e não dando pioridade a terapia, você tinha que ter vindo quando te liguei.
- Hãn? Eu não vou assumir que não liguei, pois eu liguei, tudo bem eu pago a sessão que eu não vim, se é isso que importa, apesar de eu ter avisado com antecedência, mas eu não vou assumir que estava errada.
- Sabe de uma coisa mocinha, saia daqui agora. - aos berros - Sai daqui, saia, xô, xô, xô, sai, sai, SAIIIIIIIIII, me carregou até a porta do consultória e me expulsou de lá.
Eu estava em tratamento sério, pois chorar por 4 semanas seguidas e initerruptas não é normal, né? Eu estava tendo que tomar uma decisão difícil, largar meu emprego, minha família e tudo mais para vir morar aqui no Nordeste, e ela ficar carente por eu não ter ligado (segundo ela), nem ter corrido para o centro da cidade às 6 da tarde saindo do Morumbi (pois eu não sou louca de verdade, só finjo). Quem em sã conciência sobrevive a este trauma? O pior, eu saí de lá chorando, não disse uma palavra e fui chorar no colo da minha mãe, que óbviamente queria ir lá socar a doutora doida.
Agora vem a enquete para aliviar ou amaldiçoar minha alma:
Uma médica pode fazer isso com um paciente em tratamento? Falar xô, xô, xô, sai da minha sala e pegar a paciente pelo braço até a porta do consultório e ainda bater a porta na cara dela? Pode? Sem motivo nenhum? É normal? Quem é a doida? Quem?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Menina do Rio*

Sabe quando a gente sonha com uma coisa por muito tempo e parece que se esta coisa acontecer vai até ficar sem graça, de tanto que você sonhou?
Eu tinha um sonho, sonho simples, fácil de se realizar: ser surfista.
Ah! Como invejava aquelas loirinhas saradas com aquelas roupinhas justas pegando onda. Invejava mesmo. Nada desta história de inveja branca, era inveja clássica. Elas eram rodeadas por surfistas lindos, morenos da cor do pecado que enfrentavam aquelas ondas imensas apenas com uma prancha. Um "Q" de herói, sabe?
Pois em plena quinta-feira, desta minha vida muito agitada que levo na cidade pequena, acordei cedo, fui me encontrar com marido e amigo de marido e fomos surfar.
Contratamos uma mocinha que tinha um corpo completamente perfeito, loira, óbvio, e lá fomos nós, enfrentar as "gigantes" ondas de Porto. Tá, nem tão gigantes assim.
Primeiro a aula começa na areia, fica em posição deitada, dobra a perna, faz força no braço e se joga em movimentos completamente impossíveis até que os dois pés que estavam lá atrás subam até a prancha. Simples, né? Com a surfista professora fazendo parecia ser muito simples, fácil demais.
Porém, na realidade durante 45 minutos eu bebi mais água salgada que o Bob Esponja, tive mais areia no meu biquini que criança que fica fazendo castelinho de areia na beira do mar, meu cabelo, ah! meu cabelo, após 4 lavagens acho que sairá a areia. Mas quando eu estava quase desistindo e me conformando que aquele ideal de vida "Menina do Rio" não era para mim, eis que aparece a onda perfeita (tá bom, era mais uma marolinha que uma onda propriamente dita), consegui fazer tudo aquilo que estava no script, força no braço, empina a bunda se segura pelo dedão do pé direito, passa a perna esquerda, joga o corpo, alinha os pés e 4 segundos depois estava eu caida no chão com a alegria de ter ficado 4 segundos inteirinhos em pé em cima da prancha. Depois foi só remar, ir de novo, mais 4 segundos, e de novo, e de novo, quando peguei a prática, jurei que iria tatuar um dragão no braço, estava radiante, areia não mais me incomodava, os roxos na perna, na bunda, no joelho, na nuca, no cotovelo, tudo parecia coisa do passado, eu consegui em 1 hora de surf ficar uns 30 segundos no total em cima da prancha. Ah! que 30 segundos mágicos, até que...
... a prancha do meu marido bateu na cabeça dele abrindo um rombo e o final desta manhã perfeita de surf terminou com a viatura dos salva vidas nos levando para o posto médico. Cabeça raspada e 2 pontos depois, é hora do Dorflex senão é bem capaz de eu não andar por exatos 35 dias ou mais.

* Título sugerido pela Claudia através do Facebook.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Política, futebol e samba

Política: ando bem cansada de política, Lula, Dilma, hidrielétrica desmatando, mudando o curso de um rio, matando mais florestas, isto parece uma coisa tão anos 70 para mim, que prefiro pensar que este ano é ano apenas de Copa e não de eleição.
Futebol: eu devia ser técnica da seleção, tenho dicas incríveis a respeito disso. Dunga, me ouça: pega o time do Santos, e na reserva leva aqueles meninos que jogam em Milão, Roma, Turquia... Leva Kaká pois ele é bonitinho, o Pato eu não gosto não, leva o Ronaldinho pois ele é temido por alguns e quem sabe ele no banco de reservas aprenda algo. Escala o time do Santos e quero ver alguém perder a Copa. Quero ver, duvido!
Samba: ah! Era só para o título ficar bacana, não entendo nada de samba, nem de política e muito menos de futebol, mas isso não vem ao caso.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Adotar é tudo de bom

Como sabem... sou fã de cachorro, amo meus filhos peludos, 2 destes meus filhos vieram das ruas e hoje, me orgulho em ver como pude fazer a diferença na vida de Zézinho e da PTK que sem mim, estariam na rua, sem cuidados, provavelmente mortos, atropelados... ou outras infinitas maldades que acontecem por aí. Por isso este post é para divulgar este site que a Ana (todos conhcem ela do Vanila Coke) está fazendo. Se eu pudesse adotava todos. Divulguem.
http://www.adocaopet.blogspot.com/
Parabéns Ana.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A novela imita a vida

Dizem que a novela imita a vida e é por isso que gostamos tanto de ver novela, pois nos identificamos com os personagens, torcemos pelo final feliz da mocinha, para o vilão ser preso e todo blá, blá, blá...
Aí, ontem estava vendo novela e pensei, que personagem eu posso me identificar para torcer, sofrer, chorar, vibrar? Nenhum, óbvio.
Uma menina no auge da carreira, uma chata, mimada e cheia de vontade, sofre um acidente, fica tetraplégica, e vira um amor de pessoa, sem revolta nenhuma com a vida e ainda arranja um grande amor que a ama assim de cara, sem pesar os prós nem os contras. Quem já viu isso na vida real?
Uma outra top model, casa com um velho rico e ninguém questionou se casou por amor ou dinheiro, aí ela larga a carreira dela por 4 longos meses, arranja um bonitão alto, loiro, lindo, e assina um contrato pela sua volta às passarelas. Quem estava com saudades de ver a Helena desfilando? Ficou só 4 meses fora, não dá nem para chamar isso de retorno. E ainda a Top model chata da Helena tem a faca e o queijo na mão para se vingar do marido velho traidor... Estou namorando seu filho, seu velho nanico e fazem disso um dramalhão sem proporção.
Vamos mudar de núcleo e ver se de outro lado acho algum personagem com cara de real.
A Giovana Chata Antonelli, por exemplo, mãe da criança mais chata de Buzios, engravida, diz que o pai é o argentino, mas tem certeza que o filho é do velho nanico, o argentino é um amor com ela, dá casa, comida, cuida da filha só que eles não tem nada e ele tudo bem, acha normal. E ela grávida e sendo acolhida ainda inventa de querer que o filho seja do velho nanico? Esquece isso, fica logo com o argentino sua chata.
Sem contar que na vida real eu nunca vi um Rodrigo Delícia Hilbert namorar uma Bárbara cara de tacho Paz. Na boa? Alguém já viu isso? E ainda na falta de mulheres bonitas na Globo, colocam a Bárbara cara de tacho Paz para ser Top Model. Qual a altura mínima exigida para ser Top Model no Brasil? 1,50m?
Continuando a minha busca incansável para me identificar com a novela...
Aquele gêmeo arquiteto, é um chato de galocha 7 léguas amarela e tem 4 pretendentes? É falta de homem, só pode ser. O que faz a novela parecer um pouco mais real neste quesito, pois 3 moçoilas irão chupar dedo, e ele vai escolher quem? Óbvio que a médica mãe do menino erudito que precisa ter um final feliz já que ela é boazinha, loirinha e linda.
Buscando mais personagens para parecer a minha vida menos real, já que ali na novela a vida é real, vamos falar de Tereza. Casada 30 anos com o velho nanico, aguentava todas as traições e ainda é toda boba por ele, aí aparece um amor do passado, que ficou 30 anos esperando por ela, o cara é um francês, enólogo (sendo que isso é quase sinônimo de gente chata, mas isto é assunto para outro post), que de cara quer levá-la para a França em lua de mel. Opa, que parte eu perdi? Alguém aí, se separou e de repente apareceu um francês querendo te levar para Paris? Após 2 encontros? Han, han... Bem real.
Indo para o núcleo favela com cenas gravadas em 16 mm. Querem apostar quanto que o cara que levou um tiro vai virar bonzinho? Por amor ao seu filho? Gente!!! Cai na real. Na vida real o traficante da favela largaria a chata da mulher, arrumaria outra e continuaria na vida bandida, óbvio.
Para terminar queria deixar aqui minha indignação: ninguém toma café da manhã com blusa de seda e pantalona. Um pijaminha básico de algodão às vezes dá um clima de vida real, pelo menos para mim.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Vida nova

Minha vida nova tem cheiro de mar, tem gosto de manga, tem ronrronar pela manhã, tem dama da noite na lua cheia, mosquitos às 3 da tarde, cachorros num eterno abanar de rabos.
Minha vida nova me mostra a cada dia que podemos recomeçar, reconciliar, reprogramar, rediagramar, redirecionar, revigorar, repaginar a nossa excência para o lado que quisermos, pois a vida não tem um rumo certo, mas sim vários caminhos incertos.
Minha vida nova me fez entender o sentido do "nada é para sempre", acompanhado de um "te amo hoje", só por hoje. Prometo não dar espaço para a tristeza, somente hoje prometo não beber algo que possa envenenar minha alegria por viver, somente hoje eu prometo olhar a lua nascendo, ao sol se pondo, à maré baixando. Somente hoje me orgulho da minha nova vida e prometo me orgulhar dela amanhã, pois a cada dia vejo que é simples, tudo é simples, a gente que complica.
Minha vida nova é plena, é cheia das 24 horas que nos deram para viver em um dia de cada vez e consequentemente, uma vida de cada vez, não vou viver outra vida senão a minha, quero viver a vida que eu escolhi para mim, não a de mais ninguém.
Minha vida nova não tem "diz que me diz", não tem certezas absolutas, nem definitivas, não tem sapatos fechados, nem blazers abertos. Não tem medos que valham a pena, nem ideologias sem fundamentos.
Na vida nova que eu vivo sinto falta de amigos, de trocas, de escrever mais e de debates caloros sobre aquele filme francês que era chato para dedeu.
Na vida nova que eu vivo, eu vivo e não sobrevivo cheia de mágoas, peso, rompantes e medos.
Na minha vida velha aprendi que ser sozinha é bom e na minha nova vida percebi que acompanhada é melhor ainda.*

* Este post para a minha nova vida com meus 10 amores.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Êêê São Francisco...

Lembram que eu contei a história da Melzinha que teve cria sozinha, largada no mundo, com a sua superioridade felina? Pois bem, ela arregou, pediu ajuda, implorou clemência e certa noite quando abro a porta do meu quarto, eis o que eu encontro...




... 5 filhotes lindos. E agora São Francisco? Está rindo da minha cara? Está me testando? Está zombando de mim? É? Saiba que não teve graça nenhuma...

domingo, 28 de março de 2010

Eu não queria ser um animal nordestino

Um homem e seu cavalo param em um bar, pendura a conta, o dono do bar não gosta, afinal o homem do cavalo fica devendo R$ 12,30, tudo isso, R$ 12,30! O dono do bar então como vingança, enfia um pedaço de pau pelo ânus do cavalo do homem que não tinha R$ 12,30 e deixa lá, o cavalo agonizando de dor até a morte, o dono do bar deve ter dormido tranquilo naquela noite, pois se sentiu vingado, sentiu que recebeu de volta seus R$ 12,30.
Minha vizinha criou um cachorro por 13 anos, um dia ela me chama: "Renata, acho que minha cachorra vai morrer, foi para a beira da piscina e está sofrendo" Eu mais que prontamente me ofereci para chamar a veterinária, ou levá-la lá, mas ouço "Nada, já gastei muito com ela, deixa ela morrer", uma semana depois eu ainda indignada pergunto pela cachorra e ouço "Continua lá, deitada". Nada foi feito, pois gastar com uma cachorra velha que viveu 13 anos em uma família seria quase que um pecado, e o pecado não seria deixar a cachorra sem nenhum consolo? Conforto? Amor?
Certo dia meu marido achou um cachorro na rua muito doente, pegou o coitado e levou ao veterinário, ele só queria que a veterinária desse uma injeção para ele morrer em paz, a veterinária olha para o meu marido carregando um cachorro visivelmente doente e diz "Sai daqui com este cachorro doente, ele vai contaminar meu consultório" Que juramento fazem os veterinários mesmo?
E sabe o que é irônico disso tudo? Que a cidade tem São Francisco espalhado por todas as lojas e casas. Na casa da vizinha tem um bem grande, lindo, de barro, deve ter custado mais caro do que uma consulta veterinária.
Ufa, fica aqui minha revolta e só um último pensamento: será que um dia vamos aprender com os animais como viver em sociedade? Será que vamos aprender a dar amor e receber sem pedir nada em troca? Será que nós os "seres racionais" somos mesmo racionais?

sexta-feira, 19 de março de 2010

A última vez


É, hoje você faria 72 anos. Lembro do seu aniversário de 70, fingimos que não seria nada demais, apenas um almoço no shopping, você acreditou, te dei a trilogia dos Piratas do Caribe, você olhou torto e trocou pelo Lost no mesmo dia. No dia seguinte fizemos sua festa surpresa, que surpresa para você. Acreditava que ia pagar almoço para todos no Rubayat, vieram muitos amigos, foi especial.
Veio o tio Paulinho do Rio, Clarinha te deu um livro de extra-terrestres que você ia adorar ler, Americo chegou cedo com a esposa, veio aquele homem de nome e sobrenome, você ficou todo orgulhoso, a família toda do Rio e a gente de casa. Você estava tão feliz. Lembro da roupa que usou, uma camisa listrada azul, lembro da roupa que usei, um vestido cinza, a sua cara de susto com a festa e se para você homem não chora, você choraria, eu quase chorei, mas eu sou manteiga derretida, choro por tudo. Era sábado de Aleluia. Aleluia. Eram seus 70 anos, e quem diaria que o último aniversário seu com a gente.
Sou muito esquecida, mas lembro de cada dia que se passou depois disso. Lembro do último presente que você me deu, um bichinho de pelúcia, feio que só ele, que ganhou de brinde no mercado. A cachorrada destruiu ele, e mesmo assim eu guardei com tanto carinho, por tanto tempo como se fosse uma jóia. Ah! E nosso último almoço juntos? Você fez um robalo, o melhor robalo que já comi, tavez eu nunca mais coma outro, pois o gosto daquele está ainda na minha memória.
A última vez que te vi acordado, no hospital, você na UTI, se recusava a deitar na cama, "quem deita na cama morre", você dizia, te ajudei a tomar sopa, fiquei zoando sua camisola florida, quando fui embora olhei para trás, me deu vontade de voltar correndo e te dizer que te amo, mas você estava com dificuldade para respirar e fui embora. Nossa última troca de olhar foi assim, sem saber se ela seria tchau, até logo, adeus, até breve, nunca saberiamos.
E hoje no seu aniversário, penso em quantos últimos momentos vivemos na vida sem saber que são últimos, sem saber que jamais viveremos aquela situação com aquela alegria, com aquela paz de saber que tudo está onde devia estar, no seu devido lugar, tudo está como conhecemos, como a vida devia ser, sem perdas.
Depois que você se foi, não sei mais como a vida deveria caminhar, que rumo ela deveria tomar, que bifurcação pegar, só sei que caminho, tento caminhar com as últimas lembranças suas.

domingo, 7 de março de 2010

Um amor de verão

Ah! Com o verão acabando me lembro de como era triste esta época do ano, começava a contagem regressiva para as aulas e a vida real. Significava ir embora para São Paulo e deixar lá no Rio minha amiga Lanica, minha tia Helena, minhas primas e um amor ou outro de um verão sempre inesquecível.
Foram amores gostosos intensos, ingênuos, que deixavam uma saudades tão grande que na época de adolescente parecia que nunca mais eu ia me recuperar de tal perda. Parecia que o destino me odiava e o mundo conspirava para eu ser para sempre infeliz. "Ó adeus meu amor de verão". "Trocaremos cartas", "Confidências", "Telefonemas", "Suspiros"...
Que delícia o drama de ser adolescente. Me lembro de um "amor" que eu conheci na Sumol, uma casa de sucos na Figueredo Magalhães com a Barata Ribeiro, trocamos olhares, nenhuma palavra, mas o destino fez com que na mesma noite numa boite (é era boite e não balada, pelo menos não sou do tempo da Discoteca, ufa) estivéssemos lá. Eu atrás dele no balcão pedindo uma água, provavelmente, quando ele se vira com sua cerveja e despeja tudo no meu vestido. Ao invés de desculpas ele me disse "Você, (suspiro) você estava na Sumol hoje." Estava, estava sim (sorriso). Pronto bastou esta coincidência da vida para eu ter certeza no auge dos meus 15 anos que era para todo sempre. Hoje o nome dele? Hum... não me lembro. Foi um verão inteiro de tantas juras, tantas trocas, tantos banhos de praia a noite, mas não lembro mais o nome. Assim como no verão seguinte eu iria conhecer o loiro do jiu-jitsu que morava na Nascimento Silva, tão poético morar na rua que morou Tom Jobim, ele chorou muito quando fui embora, lembro que ele era meio estranho, adivinhava minhas peças no jogo de dominó e guardava as unhas que cortava para queimá-las depois.
No outro verão foi a vez do cigano surdo-mudo que rendeu um post só para ele, depois provavelmente o mocinho que queria fazer exército. Ah! E teve também o futuro cirurgião plástico que partiu meu coração.
Era tão bom quando chegava o verão e esperar para ver que novo amor, no para sempre adolescente, eu conheceria, o que o calor de 40º das praias cariocas iriam me reservar...
Ah! Sabem que mesmo passando dos trinta, sinto falta do tempo em que verão significava mais, muito mais, muito além de dias sem escola e sem horários. Significavam dias felizes para me apaixonar e viver.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A nobreza felina

Sempre fui louca por cachorros, amo meus cachorros, pego na rua, cuido, alimento os vira-latas mais sarnentos, cato carrapato deles, dou carinho, amor. Nunca tive gato, minha mãe tem pavor, sempre morei em apartamento e a dinâmica de ter gatos e cachorros no mesmo espaço me parecia inviável.
Desde que vim morar aqui, em Porto, achei uma maneira de alimentar os gatos sem que eles se encontrassem com meus cachorros, eles ficam na varanda do meu quarto e os cachorros no andar de baixo, e com isso foram surgindo cada vez mais felinos para alimentar, dar carinho, arrancar um ronrrono sem compromisso.
Mas, dentre todos os gatos que vem pra cá todos os dias uma em especial me cativou. Ela é da rua, é do mundo, não fica de chamego, não aceita desaforo, briga com todos os outros, come só em cima da minha cômoda sozinha, sem ninguém por perto, depois olha para trás e se despede de mim com um olhar doce e vai embora.
Só que ela apareceu grávida, ficou tão pequenininha com aquele barrigão desproporcional, tinha que colocar a comida dela no telhado, pois ela não conseguia mais pular e ficava ofegante se recuperando para retornar para as ruas. Hoje eles nasceram, aonde? eu não sei. Ela apareceu com sua nobreza única para se alimentar e vi que estava mais magra. Fiquei pensando em como a natureza é, o pai dos gatinhos nem se preocupou com nada, nem sabe que os filhos nasceram. Fiquei imaginando ela sozinha tendo os filhotes, escolhendo o melhor lugar para tê-los, sem conforto, sem apoio.
Me deu vontade de abraça-la, aperta-la, e dizer parabéns minha menina, que no auge dos seus 6 meses provavelmente teve que cuidar sozinha de tudo, assim como muitas mulheres fazem, muitas cadelas, muitos passarinhos.
Parabéns Melzinha, espero que seus filhos sejam lindos e que você ensine a eles a nobreza que é ser um gato.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

É de endoidar qualquer um

O que é aquela propaganda da Caras com a princesa Paola imitando a Maria Antonieta?
Porque tem um gatinho lindo na rua que escolheu tomar conta do orelhão como se fosse dele não deixando ninguém usá-lo sem antes ganhar um "super ataque"?
Vai acabar o horário de verão e anunciam isso aqui no Nordeste incansávelmente como se mudasse a nossa vida, porque?
Porque mesmo eu indo à praia todo dia, ainda me oferecem passeios de bugue como se eu fosse turista? Helloooo! Olhem meu bronze!
Porque as Casas Bahia se uniram ao Grupo Pão de Açucar? Querem dominar o mundo?
Porque os mosquitos conhecidos por aqui como muriçocas não percebem que não são bem vindos?
Porque minha casa faz 5 meses que não pára de ter hóspedes? E porque os hóspedes não percebem que não são tão meus amigos assim para ficarem aqui em casa? E porque tive que ouvir de um hóspede que "Pior que carioca só argentino"? Ei... Eu sou carioca. Combinado?
Porque quando eu ouço Chico paro de escrever este texto, suspiro, sorrio e percebo que ainda ele dá um caldo?
Porque todo Pernambucano insiste em me contar que o Eduardo Campos governador daqui é filho bastardo do Chico Buarque? Ele não é, está bem? Ter olho claro não quer dizer nada.
Porque chamam xarope de lambedor? Lambedor para mim parece que é um tipo de pirulito. Ai, que tosse. E eu me recuso a pedir isso em voz alta.
Porque o simples fato de eu estar sem emprego significa que as pessoas possam me pedir favores esdruxulos como planilhas em excel. Sou designer não expert em pacote office, ok? Escrevos meus textos em clariswork. Preciso dizer mais?
Vamos endoidar outra pessoa? Que tal? Gira a roleta aí, vai.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O primeiro...

beijo, o primeiro amor, a primeira dor, a primeira alegria plena, a primeira decepção, o primeiro susto, o primeiro choro contido, o primeiro "eu te amo", seguido de um "eu também", o primeiro amor platônico, a primeira carta de amor, a primeira perda, o primeiro ganho.
A primeira falha, a primeira mentira, a primeira amizade sincera, a primeira troca, a primeira trova, a primeira linha, a primeira palavra, a primeira certeza, o primeiro engano, o primeiro sorriso, o primeiro jantar, a primeira noite, o primeiro dia, a primeira certeza.
A primeira lambida, a primeira gargalhada, o primeiro suspiro, a primeira palavra, o primeiro cheiro, o primeiro abraço, o primeiro arrepio, o primeiro adeus, o primeiro suspiro, o primeiro frio na barriga, o primeiro choro compulsivo, a primeira saudade que dói como se fosse a primeira vez todos os dias.
O primeiro sim, o primeiro não, o primeiro senão, talvez, pode ser, até breve, o primeiro até um dia, sem certeza, sem previsão.
A primeira estrela cadente, com o primeiro pedido na primeira esperança de que a segunda vez será diferente do primeiro sonho, do primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira dor...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Quase meio século

Outro dia fui passear em João Pessoa, já que minha mãe e minha madrinha estão por aqui, estávamos lá, na Ponta do Seixas quando o guia fala:
- Este farol foi construido em 1972 ele tem quase meio século.
Acabou a viagem para mim neste momento. Como assim de 72 e tem quase meio século? Se eu que sou de 74 tenho "quase" quase meio século? Este blog terá que se chamar agora "quase meio século"? Faça as contas Sr. Guia, 1972 para hoje, não dá nem 40 anos, como você diz meio século, assim, na lata, na cara?
Fiquei mal humorada até o final do dia com uma ideia fixa na minha cabeça "Quase meio século, quase meio século, quase meio século" quando o guia solta uma pérola que me aliviou a alma:
- João Pessoa é a 3ª cidade mais antiga do Brasil, só fica atrás de São Paulo e Brasília.
Han? Ele não sabe mesmo fazer conta, não sou eu que tenho quase meio século, Brasília que tem quase meio século e como pode ser uma das três cidades mais antigas?
Ufa. Respirei aliviada, eu não tenho quase meio século e nunca mais comentaremos o assunto, ok?
Agora um parêntese: (Sr. Guia vamos estudar história antes de falar tanta besteira e quase fazer uma turista cortar os pulsos com a faquinha do bolo Pullman?)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Novos hábitos

Mudar a vida e morar em veraneio, nas férias sem fim, muda tudo, incluive coisas que antes pareciam ter importância ou relevância.
Sapatos - Para que ter 50 pares de sapatos se você só usa Havaianas?
Hidratante - Só serve para você suar mais.
Calça jeans - 4 meses que não uso.
Protetor solar - 1 frasco do fator 98 (novidade!!!) por semana.
Cabelo - João foi a melhor solução.
Mosquitos - 4 raquetes de dar choque neles.
TV - Nenhum canal aberto pega razoavelmente bem, portanto SKY.
Livros - 1 por semana.
Cachorros - Muitos e sujos (pra que aqueles banhos em pet shop caríssimos se eles vão ficar sujos no mesmo dia?).
Música - Rádio nunca mais. Otto e Mombojó para entrar no clima.
Plantas - Muitas. Agora a moda é plantar citronela para espantar mosquitos.
Gatos - 3 oficiais (Gagato, Pudinzinho e Biscoitinha).
Biquinis - Muitos e coloridos.
Unhas - Rosa chiclete.
Amores - 1 humano. 4 caninos. 3 felinos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Respira Renata, respira.

Hóspede em casa é bom, por 1 ou 2 semanas, mas 2 meses começa a estessar.
O hóspede em questão é o amigo do meu marido que resolvemos acolher, por estar numa fase difícil da vida, mas abuso tem limites, vê se concordam:
• Cozinhar às 11 da noite e deixar a louça suja na pia;
• Deixar tudo espalhado pela casa;
• Sair para pescar e deixar o anzol ao alcance dos meus cachorros;
• Deixar a roupa suja no chão da casa;
• Toalha molhada nas cadeiras da sala;
• Deixar sapato cheio de areia na sala;
• Comer tudo e não deixar nada para o café da manhã e nem comprar nada depois para repor;
• Tomar conta do controle remoto da TV e não deixar você ver a sua novela;
• Chamar a namorada para vir visitá-lo sem respeitar o prazo estipulado por mim, afinal janeiro a casa estará lotada e só tenho 2 quartos de hóspedes;
• Não encher a garrafa de água gelada;
• Nunca fazer a cama;
• Usar o banheiro e deixar todo molhado com a bermuda pendurada no box;
• Fazer pipoca de madrugada e não limpar nada, e ainda deixar cair pipoca pelo sofá;
• Sentar com a bermuda cheia de areia no sofá novo;
• Dormir com a luz acesa;
• Deixar copo molhado na mesa de madeira;
• Deixar o portão aberto quando sai e quando vou ver meus cachorros estão na rua sozinhos.
Enfim, se eu continuar falando aposto que vocês vem correndo para cá expulsá-lo da minha casa. Eu e o meu maridinho estamos nos revezando entre o que vamos falar com ele, mas é difícil você falar para um marmanjo o básico da vida então, tem dias que sou eu e dias que ele que tem que falar.
Outra noite precisávamos lembrá-lo de trancar o portão, pela milésima vez, para não termos surpresa com nossos cães pela rua a noite, aí meu maridinho diz:
- Renata, fala para ele do portão.
- Ah! Não fala você. Está na sua vez.
- Amor, temos que ser o policial bom e o policial mal, eu sou o policial bom e você é a má.
Ficamos horas rindo e nos demos conta da vida insana que estamos levando, peguei uma vassoura para colocar atrás da porta, aí meu marido viu e disse:
- Que feio Rê.
Eu quase tirando a vassoura, me achando a pior pessoa do planeta por recorrer a simpatia mais básica para expulsar hóspedes, quando ele completa.
- Tem que ser de cabeça para baixo para dar certo.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Navegando por aí

Fui fazer um cruzeiro com meu maridinho pelo Nordeste, foram dias incríveis. Confesso que tinha preconceito quanto à cruzeiros, achei que só encontraria velhinhas e show de passistas de escola de samba, mas sabia que me surpreendi? Achei muito divertido tudo, os shows com cantores que ficaram em último lugar no Ídolos, os desafinos da pianista que acha que canta, as comidas ruins, o campeonato de buraco, o barraco da Heleninha Roitman* no corredor, os filipinos que serviam as mesas e não falavam inglês, nem espanhol, nem língua nenhuma provavelmente, as peruas e seus laquês no cabelo no alto dos seus saltos 15 para andar num navio que sacoleja mais que tudo e muitas outras coisas que eu vi e percebi que de tudo nesta vida temos que experimentar.
O destino principal era Fernando de Noronha, passamos antes por Natal, passeios de bugue pelas dunas, lugar mágico e o nordestino** é um povo hilário, cheio de histórias para contar. Conheci uma senhora que vendia bolinho de macaxeira, se chamava Maria Segunda.
- Nossa, que nome de rainha, sua mãe era Maria Primeira?
- Não, meu nome é Maria Segunda pois nasci numa segunda feira.
E tudo bem, a vida continua, é claro para ela que isso parecia óbvio e para mim algo a ser digerido, decodificado e engolido. Como assim? Se ela nascesse no sábado seria Maria Sábado?
De lá fomos para Fortaleza, outro lugar encantado, praias lindas, sol perfeito, de lá pegamos um dia inteiro de alto mar rumo Fernando de Noronha, mareada, enjoada, entediada, chegamos ao paraíso e não desembarcamos pois segundo nos avisaram não tinha condição climática e bla, bla, bla, depois descobrimos que o pier estava quebrado fazia 2 dias, enfim, pula esta parte.
Chegamos depois de mais um dia inteiro em alto mar na Paraíba, onde eu quase esqueci que não estava em Fernando de Noronha e vi uma das praias mais lindas que se chama Tambaba, praia de nudismo, mas acabou que nem tirei a roupa.
Enfim, voltamos para casa cheia de histórias divertidas, amores renovados, grau de champagne em dia e saudades dos peludinhos que ficaram em casa.

*Heleninha Roitman, era uma doida do navio que bebia todo dia até dar escândalo, e por sorte a cabine dela era ao lado da minha, pois o show mais divertido da viagem era ver em quanto tempo Heleninha iria arregar. Na primeira noite do escândalo ela começou a berrar "desgraça, help" eu acordei, coloquei meu colete salva vidas e tive certeza que o navio estava afundando, mas na verdade quem tinha afundado na bebida era ela, minha querida amiga Heleninha que promovia a "festa do pijama" mais animada.
** Como tem gente que lê meu blog e acha que eu falo mal do Nordeste, resolvi dizer que amo o Nordeste senão não morava aqui. Amo o povo, as pessoas, a história. Continuo sentindo falta das coisas que só quem mora em São Paulo entende do que eu estou falando.