terça-feira, 5 de abril de 2011

No meu tempo

A gente podia comer um ovo sem culpa, depois veio um papo que ovo só uma vez por semana e olhe lá! Agora descobriram que ele é bonzinho, não é aquele vilão do colesterol, colesterol? O que era isso? Nem existia.
Fumávamos cigarrinho de chocolate sem nossos pais irem para cadeia por estar nos induzindo ao vício.
A Floresta Amazônica era chamada de pulmão do mundo, hoje dizem que ela acelera o efeito estufa.
Comprava "solarcaine" antes mesmo de ir à praia, pois sabíamos que depois do sol, íamos ficar ardendo passadas às 8 horas na praia e ninguém olhava para meus pais e diziam que ele estava causando um câncer de pele em suas filhas.
Passava o camelô vendendo Raito del sol, uia que delícia, era sinal que naquele dia ia ficar nêga e usar muito mais solarcaine que o normal.
No meu tempo podia-se comer tudo, muito queijo, muito café, muita empadinha de queijo.
Os carros, eram coloridos, azuis calcinha, verde abacate, amarelo ovo... hoje a vida virou monocromática demais.
O certo e o errado eram menos pesados.O politicamente correto era menos valorizado, pois o acesso a tudo era mais restrito.
Não víamos garotas de programa ganhando reality show, aliás o mais reality que tínhamos na TV era o Chacrinha jogando seu abacaxi ou seu bacalhau no meio de uma platéia. Imagina hoje em dia, neste mundo careta que vivemos o Faustão jogando um bacalhau fedido nas pessoas? Ah! O mundo está muito certinho.
Que lugar é este que transformamos? Para onde aquelas pessoas caminharam?
Hoje levam seus filhos para o show do "restart" pois são os únicos garotos que usam roupas coloridas e por isso são modernos, deixam suas filhas verem Bruna Surfistinha pois ela sofria "bullying" na escola e ao invés de enfrentar a vida virou puta e mostra isso com glamour em um filme tão pobre de cultura que na lição final diz em outras palavras "Sou puta e sou feliz, vale a pena, arranjei um amor, ganho dinheiro e isso basta e é isso que importa".
No meu tempo a educação prevalecia, o dinheiro era consequência.
Era certo ser boêmio, era erradíssimo ser careta demais. No meu tempo a vida era mais leve, menos cheia de padrões, menos sofrível e menos cheia de pré requisitos inflacionados. Mas sabe? Acho que éramos mais felizes com estes padrões hoje ditos deturpados. Aprendeu-se muito e evoluimos muito nos últimos anos, impondo regras, mas acho que esquecemos o mais simples, esquecemos da única missão que nos foi imposta: a de sermos apenas humanos.

8 comentários:

Cláudia disse...

Agora resolveram redimir o ovo, até doença segue moda.
Tinha coisa melhor que ir pra praia cheia de noskote no nariz e nas maçãs do rosto e seja o que Deus quiser?
Mas olha, provavelmente a minha filha também tem um monte de lembranças boas, diferentes das minhas, justamente as lembranças que a gente acha sem graça.
O que dá graça às lembranças não são elas em si e sim o que éramos na época.
beijos

Vivi disse...

Rê,
Penso que hoje há justificativa pra tudo... e isso é mto chato.
Tem coisas que são pq são. Explico: eu era quatro olhos no colégio - desde sempre - e tive que aprender a conviver com isso! Pois a vida é assmi!
Mas tinha tb a olívia palito magricela, o baleia, a baleia, o menino que tinha peitinhos... e nada disso me soava a bullying. Acho que simplesmente todos lidavam melhor com isso.
Ou tô errada?
Beijao!
Saudades!

MadameViu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MadameViu disse...

Renata, como dizia minha sogra ' a vida é simples, a gente é que complica tudo'... e o pior é que todo mundo acha que seguindo regras e padrões de consumo, serão felizes... ledo engano... a felicidade está nos detalhes e nas coisas simples da vida. Beijos, Melissa

Gabi, Gabriela disse...

Re,

mas voce já parou pra pensar que quem ditou essas regras fomos nós mesmas(os)?

Dedinhos Nervosos disse...

Rê, eu tô com vc. Eu acho que hj em dia tá tudo tão rápido, que os apegos são menores e tudo se tornou bem mais banalizado. O respeito pelos outros, inclusive. Na NOSSA época, adolescentes não passavam feito uns cavalos pela rua empurrando senhoras que andavam devagar. Ao menos, eu nunca vi. E isso já se repetiu na minha frente mais de uma vez. Culpa de quem?

Bjos!

MH disse...

O jeito é a gente tentar pegar leve e ser feliz entre "os nossos", sem olhar tanto pra fora, né?

Beijo!

Vivi disse...

Rê, cadê tu, tatu??
Pintando e bordando em Porto, né!?
Passei aqui pra te dar um 'oi'!!
Beijão