sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Solidão, vazio e morte

Hoje um dia foi muito triste. Começou ontem a noite com um telefonema que nos fez perder o sono, soltar o choro, rezar, ter esperanças em vão. E logo cedo, fomos para Maceió atrás de respostas.
Reconhecer um corpo no IML, é só um corpo, me assusta é ver o livro preto por trás da vidraça escrito “Registro de cadáveres”, cadáver, que palavra forte e triste, palavra que me fez pensar que todos nós seremos um dia. Que ambiente horrível que você foi parar meu amigo.
Lembro de você sempre por perto, se sentindo em casa, afinal nossa casa foi a sua casa por muito tempo e em muitas fases. Lembro do seu jeito atrapalhado de sempre, da sua simpatia cativante, seu “Oi Mainha” quando me via, seus planos, seus sonhos, seus sabores.
Você me tirava do sério com sua bagunça, seus sapatos pela casa, suas toalhas pela sala, sua vara de pescar pendurada nos lugares mais impróprios, seus peixes fedidos trazidos frescos, sua havaiana amarela que ninguém iria roubar e durou 2 horas no seu pé. Adorava me juntar a você para tirar sarro do Renato. Ríamos muito. Eu gostava pra caramba de estar com você.
Nos vimos 10 dias atrás, fomos te visitar no seu novo restaurante, ficar 5 dias com você. Nos apresentou seu cantinho mágico de mar com rio, que virou um dos meus lugares preferidos do mundo se eu precisasse escolher ou se me perguntarem um dia. Mas o que eu queria saber é como é a solidão? Como é morrer sozinho em um lugar estranho? A que ponto chega o vazio dentro da gente? Porque você nos deixou aqui, sem notícias, sem se despedir. Porque? Como você morreu é o que queremos saber.
Que falta você vai fazer para o meu nêgo que ficou sem o seu melhor amigo e a mim sem meu filho crescido que dava mais trabalho que seus irmãos caninos e felinos juntos.
Hoje eu me dei conta do quão vazia pode ficar a nossa vida quando nos deparamos com a morte, me dei conta do quanto queria ter te perguntado se você estava feliz antes de deduzir que sim, me dei conta que ser só um corpo num IML nos deixa sem chão, com uma ponta de culpa por não ter de novo te pego no colo, ter te ouvido chorar mais uma vez e arrumado a sua bagunça por mais tempo.
Então hoje, fiquei assim com esta sensação de solidão, vazio e morte. Fiquei asssim com um imenso nó. Hoje perdi meu filho crescido, meu segundo marido, meu padrinho de casamento, meu amigo que me conquistou. Hoje eu perdi muito. Muito mesmo.

7 comentários:

Cláudia disse...

Re, que perda doída, há pouco mais de um mês estávamos batendo papo justamente sobre ele, sobre o restaurante, sobre o que você ia fazer para o restaurante, o local...
A gente fica mesmo assim, achando que não fez o suficiente, que não fez o que devia ter feito, que não foi o bastante. Mas você foi uma amiga muito querida, que o apoiou em um momento difícil, mesmo quando por algum motivo ficava de saco cheio de tudo, nunca deixou de ajudar e apoiar, e principalmente, de gostar dele, o que é o mais importante.
Não sei o que te dizer, Re, para te consolar, porque acho que nada consola.
beijos

Ana disse...

Ai minha querida, que vc fique bem... vc e o Re. E que ele fique em paz. É ´so o que eu posso dizer numa horas dessas.. :(

Anônimo disse...

Nossa Re... Força!!!
Se apega com Deus e não se sinta culpada.
Bjs Carol Bernardo.

vivi disse...

É, Rê...
faço minhas as palavras da Clau: vc e o Renato sempre foram presentes e verdadeiros amigos! Presentes na vida dele...
Eu sinto muito........muito mesmo... estou passada..........
abração pra vcs... no que eu puder ajudar, se puder, por favor..............

Anônimo disse...

Renata, um grande abraco pra voce e o Renato.
Teno

UrbAnna disse...

Re...
Acabei de te mandar e-mail e nem sabia pelo que tinha passado...
Espero que Deus os conforte e que receba seu amigo em paz.
a vida é tão besta... não? de repente acontece uma barbaridade dessa e a gente fica aqui tentando entender como foi que as coisas chegaram nesse desfecho...
Cuide-se, querida.
Beijo

Dedinhos Nervosos disse...

Nossa, Rê. Que coisa triste... tô chorando aqui...
Acho que é normal a gente sentir que podia ter feito mais para ajudar, mas, pelo jeito, vc fez muito e tenho certeza q ele reconheceu isso. Pelo o que vc descreveu, parecia ser uma pessoa amiga. E os amigos sempre reconhece. Ao menos, os verdadeiros.
Beijos...