quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Até mais

Quando um relacionamento termina, sempre tentava lembrar dos defeitos do outro na relação, aquele chinelo velho, a unha do pé feia, o cabelo desleixado, a camiseta com um furinho na barriga, o mau humor de manhã, a mania de ver futebol quando eu queria sair…
Neste caso é a despedida mais difícil da minha vida, pois tentei encontrar mil defeitos antes de nos separarmos, mas não encontrei nenhum. Nossa, será que você é perfeito? Não creio, talvez ainda esteja apaixonada demais para encarar os defeitos, talvez seja amor mesmo, daqueles eternos.
Os seus defeitos se tornaram qualidades com os anos… 5 anos. Quando acordo com aquele seu beijo babado, penso, que saco, são 6 da manhã, mas logo sorrio quando vejo a sua alegria ao me ver acordar, na hora do banho, odeio ter que fechar o box correndo para você não entrar antes de mim e começar o banho feliz, mesmo sem ter sido convidado. Odeio sair do banho e ter você lambendo as minhas pernas até então limpas. O pote de comida sempre espalhado pela casa quando chego, sei que é a maneira de você dizer, o quanto ama me ver chegar em casa. Sentar no computador, que missão difícil, pois lá esta você, implorando para eu te colocar em cima da mesa para ver a janela. Meu chinelo que nunca está no lugar que deixo, pois sempre você insiste em sair correndo com ele para me incentivar a fazer esporte a qualquer hora do dia, nem que seja correr atrás de você. Escolher uma roupa então, como vou fazer sem as suas dicas? A sua mania de pegar as peças que estão ao seu alcance e babar nelas para eu me vestir correndo. A chave de casa que sempre te dou quando chego, e que você nunca lembra onde escondeu. Lembra que um dia te levei para o veterinário para fazer lavagem estomacal, pois achei que você tivesse engolido? Alarme falso… A coleira que você carrega sozinho, não aceitando ser um cachorrinho como os outros. O seu cantinho no sofá que jamais outro cachorro ousou tirar de você, seu rosnar constante inibindo a todos. E andar de carro com você, que chato, você não pára de pular, babar, chorar, latir, tudo junto, um stress. E no pet shop? O Fuka vem tomar banho? Ah! Tira o tapete, não marca outro cachorro junto, e dona Renata, fica esperando ele, pois ele não pára de chorar sem você, e lá ficava eu, te mimando como sempre.
Odeio também quando você faz xixi no sofá, disso não vou sentir falta, nem das suas sacudidas de cabeça onde a baba sempre voa em mim e sempre quando estou atrasada para sair de casa.
Mais, a quem estou enganando? Nada disso é defeito pra mim, são coisinhas suas que aprendi a amar no pacote do Fukinha, minha mala preta que já é um cachorro grande, ajuizado e que vai morar com o pai.
Coma direitinho, meu filho, tome cuidado com o mar, leve um casaco e seja feliz meu nordestino preferido. Mamãe te ama.

Balanço do ano: ganhei um filho e perdi outro, ganhei um marido morando comigo e de novo perdi, mudei de "firma", mas não mudei de emprego... Enfim, nada aconteceu, só envelheci um ano.
Desejo a todos um 2008 honesto.
bjs e até janeiro

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Barbie Girl

Um encontro no elevador com uma pessoa que sempre vi, sempre sorri bom dia, um dia se tornou um date. Um encontro estranho, ele com braço quebrado e cachorro para passear, eu com cachorro para passear e braço quebrado. Rimos. Caminhamos juntos, nós 4. Eu recém saida de um namoro intenso, ele recém separado.
Ele lindo, inteligente, Suiço, fino, educado, campeão de esqui. Eu, assim, assim.
Ele me chamava de Barbie e eu passei a chamá-lo de Ken. Apesar de achar que ele tinha muito mais de Ken, do que eu de Barbie.
Eu era a Barbie felicidade com ele, era o lado alegre daquele Ken europeu.
Ele me levava para comer fondue na serra, eu levava ele no circo. Ele via filmes sem legenda independente da nacionalidade do filme e não admitia que eu colocasse legenda. E eu? Aceitava e ria de não entender nada de um filme russo.
Ken era sério demais, mas sabia ter humor.
Vivíamos assim, Ken e Barbie tarde no parque, Ken e Barbie viagem para Campos, Ken e Barbie vendo filme sem entender, e para todos os programas inventávamos um tema. Tomávamos vinhos chiques e ele ficava descrevendo o vinho por 2 horas e degustando e eu virava a Barbie tédio e ele o Ken metido.
E assim foram 6 meses, até que Barbie praia, estava desbotada e precisava manter o bronze e fui para o Rio.
Uma semana amor e Barbie já volta.
Barbie praia voltou, com bronze novo e entra na garagem do nosso prédio e vejo outro carro na garagem dele.
O final desta história já sabemos, a Susy safada estacionou na garagem dele e eu não me conformava de todo dia olhar o carro dela lá e ver aquela maldita placa CFU 0124 e eu? Virei a Barbie CFU.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Como um dia de domingo


Domingo, sol, amigas, cães, praça, mato, Toddynho, pão de queijo, goiabinhas, suco, biscrok, ciúmes da Peteka, festa da Nina, ataque do Zé, paixão do Fuka, mato alto, outros cães, novos amigos, calor, corre, sobe, desce, rola, xixi, pega cocô, limpa baba, Peteka não mostra os dentes, Fuka sai de cima da Nina, Zé, Zé? Zé cadê você? Safado. Nina coleira rosa, pink, fecha portão, abre portão, mais amigos, late, rosna, abana, abana muito o rabo, foto, outra foto, segura o Fuka, solta o Zé, Teka sai de cima de mim, Nina você era branca? Sol mais forte, água para os cachorros, bebe, baba, deita, sacode, tchau, tchau, até domingo, casa, sono, exaustão, alô Ana? Cansada, sono, exausta. Ufa!

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Professor de violão

Durante anos insisti no erro de que um dia seria boa violonista.
Erro mesmo, comecei tendo aula em 1984 com a Dora, professora velhinha, ótimo papo, tocava muito bem, muitas músicas velhas. Com ela aprendi o básico e era muito feliz assim, tocava A Banda do Chico e me sentia pronta para encarar um festival.
Durante 8 anos a Dora foi em casa toda quinta-feira, eu abria os cadernos dela, escolhia uma música para me ensinar e ela ensinava, simplificando as notas, os acordes, o ritmo, mas ensinava. Foram anos felizes. Eu reunia meus amigos e tinha coragem de tocar para eles, era um ótimo exercício contra a minha timidez.
Um dia ela se aposentou e eu já na faculdade consegui um outro professor que era amigo de um amigo de um amigo, aquelas coisas…
Minha primeira aula com ele, perdi o fôlego: primeiro, pois eu na verdade não sabia tocar nada e ele era profissional e eu apenas uma grande enganação e segundo que ele era lindo.
A partir daquele dia as aulas de violão se tornaram um evento para mim. Era o dia em que eu estava mais arrumada, com a saia mais curta, o cabelo mais penteado. No primeiro ano com ele, as aulas eram na minha casa, a partir do segundo eu passei a ir na casa dele, já tinha 19 anos e ele devia ter uns 29…
Durante anos e anos continuei na minha louca paixão platônica pelo professor, tentava a todo custo chamar sua atenção, contava histórias engraçadas, estudava a sério, levava mais a sério o violão do que a faculdade… e ele lá, lindo, me ensinando.
Boa parte da aula eu ficava só ouvindo ele tocar e babando. Homem que sabe tocar bem um instrumento já é meio caminho andado para o sucesso, né?
Com ele foram 10 anos de “estudo”. Eu lá sempre cheia de charme e ele nunca me deu bola, sempre ria das minhas investidas, até acho que ele era gay.
Um dia parei de ter tempo para as aulas e nunca mais toquei violão. Após 18 anos de estudo, de emprenho e de nenhum talento.
Outro dia liguei para ele: - Fernando, adivinha quem é? Uma dica… a sua pior aluna…
- Não Renata, você sabe que não era a minha pior aluna, eu tinha um com Sindrome de Down.
- Rsss, ah! Fê, quero ter aulas de novo, tem horário?
- Desculpa Renata eu não consigo mais te aguentar toda semana, pode ser uma vez por mês?
Pois é, nunca mais falei com ele, mas anda me dando uma vontade de voltar a insistir no erro, da aula, claro….