Aaaaaaaaaaaaahhhh!!!!! Acordei com o maior berro do mundo, no susto, quase infartando. Mas vamos rebobinar a cena?
Certo dia, eu estava dormindo tranquila no meu quarto rosa da casa dos meus pais, meu quarto cheio de flores na parede, barulhinho de vento, tudo de bom, quando acordo com a voz da minha mãe me chamando "filha, acorda, filha, você está bem?" Eu vou acordando, o som sai do sonho, percebo que é real e abro os olhos e me deparo com a seguinte cena: meu pai segurando uma vela iluminando o rosto dele e minha mãe mais a frente me tocando. Eu berro, lógico que eu berro, muito e alto, minha mãe percebendo a falta de noção tenta explicar "Filha, é que faltou luz, vim ver se você está bem?". Eu ainda com o coração na boca, assustada, semi infartada, tentando entender a lógica familiar. "Tô, tô, tô sim".
Hoje eu lembro desta cena com muitas saudades, saudades de um tempo em que eu era tão querida que alguém se preocupava até sem ter sentido algum. Que falta faz para alguém que está dormindo a luz? Eu durmo sem ar condicionado, sem TV ligada, sem ventilador, sem nada que possa vir a fazer falta na hora do sono. Passei dias rindo deles.
Domingo a tarde choveu forte. Por uns segundos lembrei desta cena, fiquei rindo. Rindo do super protecionismo, rindo do mimo excessivo, rindo da ideia de girico dos dois. E a noite, faltou luz. Ficou tudo muito escuro. Muito silencioso. Eu ainda estava acordada, sem nenhuma luz de celular por perto, ou luz de vela para acender. Aprendi que nunca mais alguém vai iluminar meu sono. E isso é ser gente grande? Enfrentar o escuro sozinha? Até que achei uma luz de emergência que meu pai me deu, apertei o botão e saí do escuro, com uma vontade louca de chorar, berrar, rir, acreditar que para ele, eu ainda sou aquela que dorme no quarto florido e que precisa ser salva da escuridão.
Há 7 anos
10 comentários:
Ai... Rê... imagino como vc deve ter se sentido. Meu avô era o mais protetor da casa e quando começava a chover, ele sempre ia pro meu quarto com 1 vela na mão pra contar histórinhas. Isos quem fazia era mamãe, mas nas noites chuvosas, era dele este papel. E ficava comigo até eu dormir. Sempre lembro dele em noites chuvosas...
Beijos e fica com Deus.
Vontade de chorar... Sabe, acho que é uma sorte imensa termos essas lembranças que se acendem como velas na memória da gente. Porque se ser adulto é encarar a própria escuridão sozinho, que pelo menos ela seja povoada de memórias boas que nos impulsionam - e não somente de fantasmas que nos paralisam momentaneamente.
Beijos!
ai que nostaligia boa!!
Lágrimas nos olhos... lembrei de minha mãe, tão protetora... e tb me sinto assim, gente grande sem ninguém para se importar se estou bem no escuro ou não...
Sempre será, Re!
beijo
É... eu imagino que seja difícil aceitar certas perdas que a vida traz, sem que isso não nos traga certa revolta, saudades, tristeza...
O que importa, na verdade, é o tempo que foi vivido com muito, muito amor!
Bjs
Vai ver é ele quem te manda tantos gatinhos abandonados, para eles alegrarem seus dias com suas travessuras.
Cupincha de s. Francisco!
beijos
Que bom que eles te criaram tão bem que você soube crescer. Isso é bom! Foi um mimo saudável! Nada que pudesse te prejudicar no futuro. E sentir falta... é normal... super normal.
BeijoZZZ
Coisa linda Rê!
Acho que é assim mesmo. A gente é sempre aquela que dorme no quarto florido. Até quando temos alguém dormindo no quarto florido.
Ele é seu anjo e ilumina seu caminho.
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